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Em sua coletiva de despedida como presidente do Sport, Arnaldo Barros respondeu a questionamentos sobre o trabalho feito entre 2017 e 2018, com o clube terminando rebaixado à Série B do Brasileiro e com uma crítica situação financeira, com salários atrasados.

No site oficial, o mandatário publicou um extenso texto analisando as finanças do leão.

Abaixo, os dados produzidos pelo próprio dirigente, abrindo (um pouco) a caixa-preta do Sport, e algumas observações feitas pelo blog. Nos comparativos publicados, os dados vão de janeiro a novembro, uma vez que o balanço de dezembro ainda não foi, obviamente, fechado. Os números completos, de janeiro até dezembro de 2018, serão lançados até 30 de abril de 2019, o prazo final para a divulgação dos balanços financeiros oficiais dos clubes do país.

Os quadros já sinalizam a situação rubro-negra para o próximo biênio, 2019/2020, com Milton Bivar na presidência executiva. Apesar de ter equacionado várias dívidas, sobretudo impostos, o clube deve ter problemas com fluxo de caixa no primeiro ano do novo gestor. Simplesmente pela conta apertada, sem perspectiva de injeção financeira, da TV ou de uma grande venda.

Impostos abertos desde 1992
O dirigente alega que o Sport deixou de pagar R$ 25,248 milhões em tributos ao longo de 14 temporadas, entre 1992 e 2005 – ou seja, a dívida vem antes do início do plano real, em 1994. Com juros, correção monetária e multas, o montante chegou a R$ 98,953 milhões. Entre 2014 e 2018 – portanto, somando as gestões de Martorelli e Arnaldo -, o clube pagou R$ 24,608 mi desta dívida, restando R$ 74,345 mi para os próximos oito anos, de forma parcelada. Além disso, o clube ainda precisou renegociar os R$ 23 milhões atrasados de IPTU. Ao todo, somando também casos trabalhistas e cíveis, um impacto anual de R$ 11 milhões para o pagamento de impostos ordinários e atrasados – como comparação, o faturamento absoluto do Náutico, no ano, é de R$ 14 mi. 

Receita supera a previsão (antes da queda)
Com tudo o que aconteceu de ruim no ano, no futebol, é bem surpreendente notar que o Sport terminará o ano superando a previsão orçamentária – sobretudo por, mesmo assim, estar imerso numa crise financeira. Em 9 de janeiro, o clube anunciou uma projeção de R$ 108.382.297. Faltando computar dezembro, o dado “realizado” já é de R$ 108.152.786 – que, claro, subirá com o último mês. Este salto se deve às vendas dos principais atletas (foram 5 transações milionárias na temporada), embora o dado tenha sido informado de forma genérica, como “operações esportivas”, junto às premiações de competições e renda dos jogos. Ah, o valor total não contabiliza a metade da venda de Diego Souza (R$ 5 milhões), dinheiro ainda discutido na justiça com o Fluminense. Em relação os direitos de tevê, na casa de R$ 40 milhões, o valor deve ficar abaixo da metade em 2019.

R$ 16 milhões a receber (quando?)
O próprio presidente destacou um ponto importante em sua análise, o aporte de R$ 16 milhões que o clube ainda tem a receber, um valor presente no balanço do ano, na conta “Caixa/Outros” – neste ponto, o aumento geral de 2017 para 2018 foi de R$ 20 mi. Pois é, mesmo nesse caos, o Sport também é credor (de certa forma, uma coisa levou à outra). Segundo Arnaldo, esse dinheiro retido, de negociações de jogadores, patrocinadores etc, é fator importante para o desequilíbrio nas contas leoninas a curto prazo – embora, conforme visto acima, o clube seguiu com um faturamento “realizado” acima de R$ 100 milhões. Previsão para receber? O texto não confirma.

Passivo recorde, de novo
Devido às renegociações, a soma dos passivos circulante e não circulante (um cenário contábil para tentar traçar a dívida real do clube) aumentará pelo 5º ano seguido. Com mais R$ 26 milhões, chegará a R$ 258 milhões – sem dúvida alguma, o maior já declarado pelo clube. Neste cenário, os 74 milhões em impostos do primeiro tópico precisam ser quitados nas quatro próximas gestões. Durante o mandato de Arnaldo Barros, o passivo subiu R$ 66 milhões (34,2%), apesar de o número ser uma consequência (pesada) de dezenas de gestões na Ilha do Retiro.


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