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“O relatório da administração é suficientemente esclarecedor sobre a evolução do planejamento administrativo do Ceará Sporting Club, mostrando que houve superávit, equilíbrio das contas e principalmente que o seu patrimônio líquido ficou positivo.”

O texto acima está no parecer do conselho fiscal do Ceará, de 29 de março, sobre o balanço financeiro do clube em 2018, já aprovado pelo conselho deliberativo. No ano da volta à Série A, o clube estabeleceu diversos recordes particulares no âmbito financeiro. Pra começar, foi o 4º ano seguido com superávit, algo raro na região. O saldo foi de R$ 3 mi. Somando os quatro exercícios, acumulado é de R$ 7.445.296 – ou seja, dinheiro para investir e para se estruturar.

Mas o que me chamou mesmo a atenção foi a receita operacional. Chegou a R$ 64 milhões, mais que o dobro da marca anterior, curiosamente registrada em 2017. Foi a maior arrecadação anual de um clube do Nordeste à parte de Bahia, Sport e Vitória, que integraram a lista de “Cotistas da TV” por duas décadas. Falando em televisão, a soma das cotas nas competições disputadas pelo vozão rendeu R$ 25 milhões, com 97% disso oriundo da verba do Brasileirão, através da Rede Globo (por todas as plataformas de transmissão).

Esse dado demonstra, de forma bastante clara, o impacto de estar na primeira divisão do futebol. No embalo desta participação (e da presença midiática), as outras receitas cresceram. O quadro de sócio rendeu 3,5 vezes mais. O patrocínio dobrou. A bilheteria também aumentou, mas num ritmo mais comum – até porque o Castelão já vinha tendo boa ocupação. Em contrapartida, o passivo aumentou, chegando a R$ 13 milhões – segue sendo o menor do G7. O clube alega que os débitos fiscais e previdenciários, já parcelados, estão sendo pagos.

Em campo, o título cearense e a permanência (15º na Série A). Ao custo de R$ 48,7 milhões com o futebol (incluindo aí a base). Na temporada passada o dado havia sido de R$ 21,4 mi. Em termos percentuais, a despesa com o futebol subiu de 67% para 75% da receita. Sim, na elite é bem mais puxado. Porém, vale a pena, desde que ocorra com responsabilidade. Tanto que o alvinegro deve garantir um novo recorde em 2019 – o orçamento prevê R$ 70 milhões.

Abaixo, um comparativo sobre quatro frentes importantes para a composição da receita no futebol profissional, considerando os últimos dois balanços do Ceará – e as respectivas séries nacionais.

Direitos de transmissão na TV
2017 (B) – R$ 12.741.335
2018 (A) – R$ 25.050.959 (+96,6%; +12,30 mi)

Quadro de sócios-torcedores
2017 (B) – R$ 2.017.142
2018 (A) – R$ 7.081.923 (+251,0%; +5,06 mi)

Renda nos jogos
2017 (B) – R$ 8.099.987
2018 (A) – R$ 10.826.541 (+33,6%; +2,72 mi)

Patrocínio/Marketing
2017 (B) – R$ 4.390.802
2018 (A) – R$ 9.469.549 (+115,6%; +5,07 mi)

A seguir, o histórico de receitas do Ceará nos últimos seis anos, com um salto de R$ 47 milhões entre 2013 e 2018. Este foi o período em que encontrei dados oficiais do clube.

Faturamento do clube (receita total)
2013 (B) – R$ 17.112.683
2014 (B) – R$ 21.618.881 (+26,3%; +4,50 mi)
2015 (B) – R$ 29.590.400 (+36,8%; +7,97 mi)
2016 (B) – R$ 28.456.481 (-3,8%; -1,13 mi)
2017 (B) – R$ 31.901.433 (+12,1%; +3,44 mi)
2018 (A) – R$ 64.787.133 (+103,0%; +32,88 mi)

Resultado do exercício (superávit/déficit)
2013 (B): -680.349
2014 (B): -442.872
2015 (B): +738.102
2016 (B): +500.334
2017 (B): +3.193.659
2018 (A): +3.013.201

Evolução do passivo do clube (circulante + não circulante)
2013 (B) – R$ 11.655.430
2014 (B) – R$ 12.250.718 (+5,1%; + 0,59 mi)
2015 (B) – R$ 10.851.789 (-11,4%; -1,39 mi)
2016 (B) – R$ 12.689.282 (+16,9%; +1,83 mi)
2017 (B) – R$ 10.145.773 (-20,0%; -2,54 mi)
2018 (A) – R$ 13.011.519 (+28,2%; +2,86 mi)

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