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O caos financeiro do Sport após o rebaixamento no Campeonato Brasileiro já era evidente, com a redução drástica da cota de transmissão e milhões em salários atrasados na virada do ano, com direito a uma punição de 3 pontos na Série A, através do STJD, por causa disso. No entanto, o balanço do clube em relação a 2018 expõe o buraco, com um déficit de R$ 14 milhões – sendo o sexto ano consecutivo com o clube terminando no vermelho.

Com R$ 104 milhões, a receita foi quase a mesma de 2017. Logo, o biênio presidido por Arnaldo Barros teve uma receita bruta de R$ 209.570.462 – valor só abaixo do antecessor, João Humberto Martorelli (R$ 217,2 mi). Sem as deduções, a receita líquida acumulada foi de 197,5 mi, com os custos e despesas somando 230,2 mi. Assim, a gestão terminou com um déficit acumulado de R$ 32,6 milhões. Como se não bastasse o gasto bem acima da receita, o clube “transformou” algumas dívidas a longo prazo em pendências que podem ser executadas ainda em 2019.

Dois parcelamentos tributários não foram pagos, transformando este passivo em débito no ano corrente. Em 2017, o balanço apontava R$ 10 mi em obrigações tributárias a curto prazo. Em 2018, este dado subiu para R$ 55 mi. O clube terá que se articular para protelar o pagamento. No geral, o passivo chegou a R$ 193 milhões, o maior da história do clube.

No futebol, o gasto de todos os departamentos foi de R$ 56,9 milhões, o que corresponde a 54,7% da receita total. No ano anterior, o índice foi de 59,3%. Nota-se que a redução não foi suficiente – nem para a saúde financeira e muito menos em campo. E há outro “detalhe”: o clube terminou o ano com R$ 17,3 mi em atrasos de salários, FGTS e INSS. Na mudança de gestão, para o biênio 2019/2020, um dos primeiros pontos foi a costura de acordos.

Lembrando que o rubro-negro não disputou a Copa do Nordeste de 2018 por decisão administrativa do então mandatário. A título de comparação, em 2017, segundo o balanço, o leão arrecadou R$ 3,9 milhões, somando cota e renda. Com calendário menor e resultados ruins em 2018, além dos oito meses estampando a marca da Caixa Econômica Federal sem receber, a receita com renda, cotas, patrocínios e marketing caiu 60%.

Por fim, vale destacar que o relatório foi reprovado pelo Conselho Deliberativo do Sport, em 23 de abril. Foi instaurada uma comissão especial para produzir um parecer sobre a existência (ou não) de irregularidades e indícios de gestão temerária. Os dados do balanço, que apesar das ressalvas segue como oficial, foram apresentados ao blog por Ricardo Veloso, assessor do atual presidente, Milton Bivar, cujo primeiro balanço será divulgado só em abril de 2020.

Abaixo, um comparativo sobre quatro frentes importantes para a composição da receita no futebol profissional, considerando os últimos dois balanços do Sport – e as respectivas séries nacionais.

Direitos de transmissão na TV
2017 (A) – R$ 41.257.138
2018 (A) – R$ 43.113.030 (+4,4%; +1,85 mi)

Quadro de sócios-torcedores
2017 (A) – R$ 11.818.074
2018 (A) – R$ 13.865.620 (+17,3%; +2,04 mi)

Renda nos jogos
2017 (A) – R$ 19.517.910
2018 (A) – R$ 8.065.506 (-58,6%; -11,45 mi)

Patrocínio/Marketing
2017 (A) – R$ 14.943.190
2018 (A) – R$ 5.656.479 (-62,1%; -9,28 mi)

A seguir, o histórico de receitas do Sport nesta década, com os últimos três anos acima de R$ 100 milhões. Em 2019 o valor irá baixar bastante – em vez de R$ 41 mi de tevê, R$ 6 mi.

Faturamento do clube (receita total)
2011 (B) – R$ 46.875.544
2012 (A) – R$ 79.807.538 (+70,2%; +32,93 mi)
2013 (B) – R$ 51.428.086 (-35,5%; -28,37 mi)
2014 (A) – R$ 60.797.294 (+18,2%; +9,36 mi)
2015 (A) – R$ 87.649.465 (+44,1%; +26,85 mi)
2016 (A) – R$ 129.596.886 (+47,8%; +41,94 mi)
2017 (A) – R$ 105.471.746 (-18,6%; -24,12 mi)
2018 (A) – R$ 104.098.716 (-1,3%; -1,37 mi)

Resultado do exercício (superávit/déficit)
2011 (B): +321.305
2012 (A): +22.541.556
2013 (B): -4.963.656
2014 (A): -8.627.606
2015 (A): -26.528.983
2016 (A): -566.411
2017 (A): -18.313.641
2018 (A): -14.382.986

Evolução do passivo do clube (circulante + não circulante)
2011 (B) – R$ 45.278.851
2012 (A) – R$ 27.381.926 (-39,5%; -17,89 mi)
2013 (B) – R$ 22.751.467 (-16,9%; -4,63 mi)
2014 (A) – R$ 73.396.626 (+222,6%; +50,64 mi)
2015 (A) – R$ 121.167.577 (+65,0%; +47,77 mi)
2016 (A) – R$ 125.080.279 (+3,2%; +3,91 mi)
2017 (A) – R$ 183.562.095 (+46,7%; +58,48 mi)
2018 (A) – R$ 193.439.749 (+5,3%; +9,87 mi)

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