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A eleição geral do país está marcada para o dia 7 de outubro, com 147 milhões de brasileiros aptos a votar – para presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual. Em Pernambuco, trazendo o debate para o futebol, há uma movimentação, ainda sem tanto alarde, para captar a torcida dos maiores clubes. Com a volta do “Todos com a Nota” em 2019.

O programa de subsídio aos ingressos a partir da troca de notas fiscais, com carga de até 15 mil bilhetes por jogo, foi suspenso pela secretaria da fazenda após o Campeonato Pernambucano de 2015. Na ocasião, 75% dos 414 mil torcedores presentes naquela edição tiveram acesso às partidas através do benefício.

Entre 2010 e 2015, da implantação do sistema com cartões magnéticos à suspensão do TCN, foram 420.698 cadastros efetuados na região metropolitana – com cada usuário informando o time do coração, tendo o trio de ferro como opção. O dado correspondia a 10,7% da população do Grande Recife (muita gente = muitos votos).

Portadores de cartões do Todos com a Nota
207.174 pessoas – Sport (49,2%)
124.372 pessoas – Santa Cruz (29,5%)
89.152 pessoas – Náutico (21,2%)

Com 6,57 milhões de eleitores, este pleito no estado tem sete candidatos: Ana Patrícia Alves (PCO), Armando Monteiro (PTB), Dani Portela (PSOL), Julio Lossio (Rede), Maurício Rands (PROS), Paulo Câmara (PSB) e Simone Fontana (PSTU). Aqui, cito um resumo desta política social considerando os três candidatos mais bem cotados na última pesquisa publicada pelo Datafolha (em 04/09): Paulo (33%), Armando (24%) e Julio (3%).

Paulo Câmara (PSB)sem declarações oficiais
Tentando a reeleição, o governador mantém o programa como “suspenso”, com a necessidade de “reavaliação”. Ao contrário da oposição, Câmera evita o tema. Porém, segundo o presidente da FPF, Evandro Carvalho, o candidato da coligação “Frente Popular de Pernambuco” já teria tido os primeiros contatos com as direções dos clubes locais – até mesmo por causa da viabilidade da Arena Pernambuco, que ficará sem agenda regular a partir de 2019, devido à volta do Náutico aos Aflitos, restando a negociação de jogos pontuais com alvirrubros, rubro-negros e tricolores.

Armando Monteiro (PTB)declaração em 11/09
Respondendo a torcedores em seu perfil no twitter, Armando falou: “Quem acumular R$ 150 em notas fiscais e doar material reciclável vai poder trocar tudo por um ingresso pra assistir ao jogo do time do coração. Assim, a gente ajuda o planeta, o torcedor e os times de futebol”. Curiosidade: quando o TCN foi criado, há 20 anos, 1 ingresso era trocado por R$ 50 em notas fiscais, subindo para R$ 100 na última versão. O candidato da coligação “Pernambuco Vai Mudar” colocou em seu programa de campanha a volta do TCN já com outro nome: “Programa Torcedor Sustentável”. 

Julio Lossio (Rede)declaração em 27/08
Em sua página no facebook, ele afirmou: “Sobre o Programa Todos Com a Nota, vamos reeditar para devolver público e alegria aos nossos estádios, bem como fortalecer eventos culturais como teatro, musicais, shows e muitos outros”. Duas vezes prefeito de Petrolina, Lossio foi o primeiro candidato, nesta campanha eleitoral, a levantar a bandeira sobre o TCN, com direito a uma visita oficial à sede da federação pernambucana, sendo recebido pelo mandatário da entidade.

Análise do blog
O futebol pernambucano foi “subsidiado” nas arquibancadas de janeiro de 1998 a maio de 2015. No primeiro ano, o Todos com a Nota, através de Miguel Arraes, elevou a média de público do Estadual de 2 mil para 10 mil pessoas (recorde até hoje). O governador seguinte, Jarbas Vasconcelos, implantou o Futebol Solidário, que consistia na troca de alimentos não perecíveis por ingressos, durando de 1999 a 2006. Em 2007, Eduardo Campos reeditou em seus dois mandatos a campanha de seu avô.

Dali até 2015, com o PSB à frente, a arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cresceu 150% – representando 60% do erário do estado. Estima-se a troca de 120 milhões de notas fiscais no período (ou R$ 2,08 bilhões). Considerando o repasse total no Campeonato Pernambucano (também houve no Brasileiro), os clubes receberam R$ 36 milhões. Entretanto, apesar da visível contrapartida ao governo, as contas apertaram e o custo com o futebol aumentou bastante, sobretudo por causa da Arena Pernambuco – cujo ingresso no TCN chegou a ser mais “caro” (na troca com o clube) como tentativa de viabilizá-la.

À parte de uma possível alavancagem de votos em 2018 por causa da “volta” do programa, fica a dúvida sobre a necessidade do retorno. Há fôlego financeiro no estado para bancar o futebol? A arrecadação no ICMS ainda depende disso? No Recife, dificilmente a reestruturação não seria atrelada a alguns jogos de Náutico, Santa Cruz e Sport no empreendimento erguido em São Lourenço da Mata. Por sinal, o estado conseguirá manter uma arena somente com jogos pontuais? Nos últimos quatro anos a ocupação dos 46 mil lugares caiu de 26%, já baixa, para 14% – e, pior, ainda não há previsão sobre o futuro calendário. Não por acaso, desde a inauguração, em 2013, todos os balanços da arena registraram déficits milionários.

Após o fim do TCN, a queda de público foi visível em todos os estádios, tanto na capital quanto no interior (dados abaixo). Não apenas pelo fim da benesse, mas por outras questões como preço, estrutura, horário, nível técnico e pontos que também dependem do estado (no entorno): segurança e transporte. Além do próprio costume criado – algo que os clubes ainda não conseguiram resolver, mesmo com as seguidas campanhas de sócios. Nota-se que as respostas sobre a 3ª geração do Todos com a Nota vão bem além da propaganda eleitoral…

Média de público do Trio de Ferro
2013 – 16.026*
2014 – 12.598*
2015 – 12.123**
2016 – 11.180***
2017 – 9.110***

Média de bilheteria do Trio de Ferro
2013 – R$ 251.200*
2014 – R$ 261.557*
2015 – R$ 238.620**
2016 – R$ 174.433***
2017 – R$ 125.504***

* Com o Todos com a Nota
** Todos com a Nota até o mês de maio
*** Sem o Todos com a Nota


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