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Balanço financeiro do Vitória em 2024

O gráfico com a evolução das receitas e das dívidas do leão de Salvador nos últimos 6 anos.

Sim, a receita obtida pelo Vitória em 2024 foi a maior da história do clube. Porém, há uma ressalva. Vamos lá. Ao todo, o rubro-negro baiano faturou R$ 186,1 milhões. Até então, só uma temporada havia passado de R$ 100 milhões. Em 2016, a sua receita total foi de R$ 111,9 mi. Naquele ano, o time ficou na Série A ao terminar em 16º. Utilizando a calculadora do Banco Central, a correção daquele valor daria hoje R$ 176,9 mi. Ou seja, tanto em termos nominais quanto em termos corrigidos, o novo balanço financeiro apresenta um recorde.

Apesar do recorde, ficou abaixo da previsão

Dito isso, a receita divulgada pela direção do Vitória ficou bem aquém do orçamento planejado. O Leão da Barra havia estimado uma receita de R$ 240,1 milhões em 2024. Portanto, o saldo entre a receita efetivamente realizada e a previsão orçamentária foi de -54 milhões. Vale pontuar que há desequilíbrio nesta balança mesmo considerando a projeção líquida (218 mi) e a receita líquida (178 mi), com a dedução dos impostos. Neste caso, -40 milhões. Curiosamente, nos três anos anteriores, sendo dois na Série B e um na Série C, o clube havia conseguido arrecadar mais do que a sua própria projeção.

A quebra da expectativa em 2024 gerou um déficit nas contas, já que as despesas foram bem mais elevadas na volta à primeira divisão do Brasileirão. O saldo negativo entre receitas e despesas foi de R$ 41,3 milhões. Nos últimos anos, só não foi pior que o déficit de 2021 (R$ 42,3 mi). Naquela ocasião, o então presidente interino do clube, Fábio Mota, justificou o número devido a “três fatos contábeis registrados no exercício, todos eles em função do não pagamento de obrigações tributárias, cíveis e trabalhistas vencidas ao longo de 2021”.

Justificativas parecidas em 2021 e 2024

O novo relatório fiscal, com dados de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2024, foi apresentado ao Conselho Deliberativo em 14 de abril, sendo aprovado por maioria de votos. Dez dias antes, já com o zum-zum-zum sobre o déficit milionário, o clube divulgou uma nota de esclarecimento dizendo que o “resultado negativo do clube em 2024 (…) refere-se a regularizações de dívidas judiciais e tributárias de gestões anteriores ao ano de 2021”. Foi basicamente a mesma justificativa de três anos atrás, acrescentando ainda que “sem essas regularizações” o resultado teria sido um superávit de R$ 3,6 milhões.

De acordo com a análise da auditoria independente responsável, a RSM, o “resultado operacional foi influenciado negativamente pelo aumento considerável nas despesas com pessoal que estão intimamente relacionadas aos investimentos realizados no elenco do futebol profissional para disputa do Campeonato Brasileiro da primeira divisão, principal aspecto de sucesso de saúde financeira do clube, além do reconhecimento de dívidas tributárias que foram objeto de parcelamento durante o exercício”. Em campo, o Vitória ficou na 11ª colocação na Série A e fisgou a vaga na Copa Sul-Americana de 2025.

Custo com futebol passou de R$ 100 milhões

Na última temporada, o custo com salários e encargos do departamento de futebol subiu de R$ 27,5 milhões para R$ 71,4 milhões. Isso inclui o profissional (de 26,0 mi para 67,6 mi), a base (de 1,4 mi para 3,6 mi) e o feminino (de 102 mil para 123 mil). Os direitos de imagens dos jogadores, que foram classificados em outra página do relatório, subiram de R$ 7,1 mi para R$ 27,1 mi. Já a operação dos jogos subiu de R$ 5,1 mi para R$ 7,7 mi.

Obviamente, a receita oriunda da TV, a maior do clube, também cresceu bastante, num salto de R$ 13,5 mi para R$ 84,2 mi. Alta de 523%! Outras frentes importantes também subiram, como o quadro de sócios, com 42 mil adimplentes no fim do ano, a bilheteria no Barradão e os patrocínios, com destaque para a chegada da Bet 7k, com R$ 16 milhões garantidos por ano – veja mais detalhes abaixo. Ainda assim, esse cenário não foi suficiente para cobrir os custos. Saindo do futebol, a despesa tributária teve um aumento de quase R$ 21 milhões.

O passivo assustador e o passivo real

Por fim, vale comentar sobre o passivo rubro-negro, que “disparou”. A soma de todas as pendências do Vitória, incluindo as de curto prazo (passivo circulante) e as de longo prazo (passivo não circulante), passou de R$ 264,4 milhões para R$ 628,4 milhões. Uma adição de R$ 364 milhões em apenas um ano. Ocorre que o ativo do clube também subiu bastante, de R$ 30,8 mi para R$ 353,5 mi. Não é coincidência. A explicação está na forma como a direção contabilizou o novo contrato com a Rede Globo, válido pelo Brasileirão de 2025 a 2029.

Ou seja, as receitas futuras entraram tanto como “contas a receber”, no ativo, como “receitas a realizar”, no passivo. Hoje, sem considerar esse contrato com a Globo, a subtração do ativo pelo passivo dá -274,8 milhões, o que ainda é bastante coisa, naturalmente. Contudo, o valor anterior, no balanço de 2023, estava em -233,5 milhões. Logo, a alta “real” da dívida foi justamente o valor do novo déficit, de R$ 41,3 milhões… Deu pra entender?

A seguir, confira o histórico recente de receitas do Vitória.

Receita total do Vitória no ano

2019 (Série B): R$ 53.010.000
2020 (Série B): R$ 39.539.000 (-25%; -13 mi)
2021 (Série B): R$ 61.104.000 (+54%; +21 mi)
2022 (Série C): R$ 45.220.000 (-25%; -15 mi)
2023 (Série B): R$ 72.506.000 (+60%; +27 mi)
2024 (Série A): R$ 186.116.000 (+156%; +113 mi)

Resultado do exercício (superávit/déficit)

2019 (Série B): -1.831.000
2020 (Série B): -20.604.000
2021 (Série B): -42.320.000
2022 (Série C): +34.825.000
2023 (Série B): -24.089.000
2024 (Série A): -41.305.000*
* O saldo da subtração das receitas líquida (178,5 mi) pelo custo operacional (213,8 mi) e pelas despesas financeiras (5,9 mi)

Evolução do passivo acumulado do clube

2019 (Série B): R$ 144.398.000
2020 (Série B): R$ 239.236.000 (+65%; +94 mi)
2021 (Série B): R$ 272.288.000 (+13%; +33 mi)
2022 (Série C): R$ 243.397.000 (-10%; -28 mi)
2023 (Série B): R$ 264.443.000 (+8%; +21 mi)
2024 (Série A): R$ 628.475.000 (+137%; +364 mi)
* A soma das pendências de curto prazo (circulante) e longo prazo (não circulante)

Abaixo, um comparativo com quatro frentes importantes na composição da receita no futebol profissional, presentes nos últimos quatro balanços do Vitória – e as respectivas séries no BR.

Direitos de transmissão na TV

2021 (Série B): R$ 10,28 milhões
2022 (Série C): R$ 3,45 milhões (-66%; -6 mi)
2023 (Série B): R$ 13,51 milhões (+291%; +10 mi)
2024 (Série A): R$ 84,23 milhões (+523%; +70 mi)

Quadro de sócios-torcedores

2021 (Série B): R$ 3,61 milhões
2022 (Série C): R$ 5,06 milhões (+40%; +1 mi)
2023 (Série B): R$ 21,68 milhões (+328%; +16 mi)
2024 (Série A): R$ 32,37 milhões (+49%; +10 mi)

Renda nos jogos

2021 (Série B): R$ 337 mil
2022 (Série C): R$ 3,80 milhões (+1027; +3 mi)
2023 (Série B): R$ 6,63 milhões (+74%; +2 mi)
2024 (Série A): R$ 10,48 milhões (+58%; + 3 mi)

Patrocínio e Marketing

2021 (Série B): R$ 2,78 milhões
2022 (Série C): R$ 6,63 milhões (+138%; +3 mi)
2023 (Série B): R$ 10,46 milhões (+57%; +3 mi)
2024 (Série A): R$ 42,38 milhões (+305%; +31 mi)

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