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Evandro Carvalho reeleito presidente da FPF

Com 83% dos 90 votos computados, Evandro ganhou mais uma eleição. Foto: Rafael Vieira/FPF.

À frente da FPF desde 29 de agosto de 2011, Evandro Carvalho seguirá no comando da entidade até o fim de 2026. Ou seja, serão mais de 15 anos como presidente, sendo o 3º mandatário mais longevo na história da centenária entidade, que viu 31 presidentes diferentes até hoje. Evandro, lembrando, chegou ao poder após a morte de Carlos Alberto Oliveira, o presidente anterior, também decano. Então na condição de 1º vice-presidente executivo, mas nos corredores da Federação Pernambucana de Futebol desde 1985, o dirigente passou a ocupar o cargo máximo.

Primeiramente, cumpriu os três anos daquele mandato por vacância, partindo para eleições próprias depois. Foi aclamado em 2014 e 2018, mas teve que bater chapar em 2022, num reflexo inevitável do momento atual dos principais clubes do estado, com o cenário caminhando para a pior representatividade na história do Campeonato Brasileiro. Basta o Sport não subir pra A (é o 6º) e o Náutico cair pra C (é o 20º), com o Santa já certo na Série D.

O apoio decisivo na eleição

Apesar do péssimo momento nos gramados, valeu o já antigo sistema de votação da entidade, com votos dos clubes profissionais das Séries A1 e A2 do PE e das ligas municipais, que na prática definem o pleito. O resultado foi o esperado. Encabeçando a chapa “Compromisso com a Modernidade”, Evandro teve 75 votos, enquanto André Cortez, do grupo “Restauração e Renovação”, teve apenas 13. Ainda havia um terceiro concorrente, Alexandre Mirinda, ex-presidente coral, mas a chapa “Construindo Pontes para Fortalecer o Futebol” foi impugnada. Parte dos seus votos devem ter migrado para Cortez, o que mostra a dificuldade da oposição para vencer a situação – também costuma ser assim em clubes de massa.

O “voto secreto”

O curioso desta eleição da FPF é que os votos de Náutico, Santa Cruz e Sport não foram revelados pelos seus representantes. Ainda que a votação seja secreta, neste caso os dirigentes do trio devem satisfação às suas torcidas – ao menos vejo assim. Seja para não se indispor com Evandro, em caso de um voto opositor, ou com as própria torcidas, que exigiam mudanças, em caso de voto na situação, o segredo na urna é um tanto controverso. Ainda mais em relação à logica que rege uma federação estadual, cujo único propósito é pavimentar caminhos para os clubes locais, e não o contrário. E em Pernambuco essa força está, sem dúvida alguma, no trio de ferro e em seus mais de três milhões de torcedores.

Porém, aí é preciso pontuar uma ordem econômica. Se existe uma entidade superavitária no futebol pernambucano, e há bastante tempo, esta é a FPF, cujo patrimônio líquido subiu de R$ 2,8 mi para R$ 24,7 mi com Evandro. Parte desse dinheiro foi utilizado em empréstimos aos clubes – leia bem, não foram repasses definitivos. E as dívidas acumuladas dos clubes, através desses adiantamentos junto à federação, subiram de R$ 1,1 milhão, em 2011, para R$ 13,6 milhões em 2021, o último demonstrativo contábil divulgado. Em um ano, de 2020 pra 2021, o aumento foi de 17%. É muita coisa, com créditos milionários nos Aflitos, no Arruda e na Ilha do Retiro, mas que “não possuem prazos de vencimentos definidos”. É difícil não ligar os pontos.

Federação rica e clubes pobres?

E de onde vem tanta receita? Não é algo exclusivo da FPF, é praxe na verdade. No caso, dos percentuais sobre todas as bilheterias no estado e das mais de 70 taxas administrativas cobradas pela entidade, de inscrição de jogador a filiação de clube profissional, a maior taxa possível, acima de R$ 300 mil. Uma espécie de “cartório”. Enquanto a FPF registrou superávit nos últimos 9 anos, o passivo dos três grandes clubes chegou a inacreditáveis R$ 646 milhões, sendo 258 mi no Sport, 222 mi no Santa e 166 mi no Náutico. Em 2011 o trio devia R$ 176 milhões. Ou seja, a federação nunca foi tão rica e os grandes nunca foram tão endividados.

A culpa desta discrepância é só da FPF? Não. As administrações dos times foram, por várias vezes, ridículas, e ainda surgiram dezenas de milhões de reais com o reconhecimento de dívidas. Entretanto, a continuidade no poder por tanto tempo deveria indicar algum cenário realmente favorável, à parte de créditos pontuais. E o que se vê é briga por mando de campo, por regulamento, por prioridade (PE x NE), por divisão de torcida, instrumentos musicais etc.

Pouca rotatividade

E assim seguirá o futebol pernambucano até 2026. Salvo uma grande mudança na gestão de Evandro, hoje aos 65 anos e com influência nos bastidores da CBF, a forma de comando tende a ser a mesma dos últimos anos lá no tradicional Palácio dos Esportes, o imóvel de vidraça azul na Boa Vista, já conhecido pela pouca rotatividade na presidência. Desde que Evandro chegou à FPF, há 37 anos, apenas três presidentes foram empossados.

Frase do presidente da FPF após a 3ª reeleição
“Agradeço a todos pelo voto de apoio e confiança. O futebol pernambucano vai mostrar ainda mais força com o profissional, amador, feminino e as categorias de base

Os mandatos mais longos na FPF
27 anos – Rubem Moreira (1955-1982)
16 anos – Carlos Alberto Oliveira (1995-2011)
15 anos – Evandro Carvalho (2011-2026)*
10 anos – Fred Oliveira (1985-1995)
3 anos – Renato Silveira (1927-1930)
3 anos – Tavares Buril (1938-1941)
3 anos – Dilson Cavalcanti (1982-1985)
* Previsão

A evolução dos nomes da FPF
1915 – Liga Sportiva Pernambucana (LSP)
1918 – Liga Pernambucana de Desportos Terrestres (LPDT)
1931 – Federação Pernambucana de Desportos (FPD)
1955 – Federação Pernambucana de Futebol (FPF)

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