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Antes do ranking, um pouco sobre a história das maiores negociações da região…

Desde a profissionalização do futebol no Brasil, na década de 1930, as negociações tomaram proporções gigantescas. De um punhado de cruzeiros a milhões de euros. Algumas transferências foram marcantes na região, como a venda de Nunes, do Santa Cruz para o Fluminense, em 1978. Após várias recusas, a direção coral aceitou a proposta de 9 milhões de cruzeiros, o que equivalia a 467 mil dólares. Foi a segunda maior venda do país até então, abaixo apenas da saída de Palhinha, com o Corinthians pagando 1 milhão.

Recordes antes do Real

Pela inflação, um dólar em 1978 equivaleria a quatro hoje. A negociação estampou a capa da revista Placar de setembro daquele ano, com a seguinte manchete: “Super-Flu faz um gol de 9 milhões”. Passando alguns anos, até 1989, o Bahia, que acabara de ser campeão brasileiro, vendeu o seu principal jogador na campanha, o meia Bobô, ao São Paulo por US$ 1 milhão, na maior venda da região na época.

Os dois exemplos são necessários para estabelecer o recorte deste levantamento sobre as maiores vendas do futebol nordestino, com as cifras a partir do Plano Real, instituído oficialmente em 1º de julho de 1994. Sendo assim (e ainda considerando algumas observações do blog, abaixo), 21 clubes de 8 estados da região já firmaram ao menos uma transferência milionária – o ponto de partida deste ranking.

Vendas acima de R$ 10 milhões

No entanto, um filtro sobre os dados deixa a lista bem concentrada. Afinal, apenas seis clubes conseguiram negócios a partir de R$ 10 milhões. Sem surpresa, estão os três mais presentes na elite do futebol nacional e com maior aporte da tevê – Bahia, Sport e Vitória. Ao todo, este trio soma 99 transações, ou 52,1% das vendas milionárias no NE.

Apesar do número de transações do Leão da Ilha, a dupla de Salvador aparenta um trânsito melhor no mercado externo, refletido na regularidade de de vendas elevadas. Já os outros dois são do CE, com o Ceará através de Arthur Cabral e o Fortaleza com Everton Cebolinha e David. No dois primeiros casos, em negociações em dois períodos (2018/2020 e 2013/2020, respectivamente), mostrando a nova realidade das transações, sempre em evolução…

Vendas milionárias por clube, com 190 nomes

1º) 38 vezes – Bahia (BA)
2º) 32 vezes – Vitória (BA)
3º) 29 vezes – Sport (PE)
4º) 25 vezes – Ceará (CE)
5º) 19 vezes – Fortaleza (CE)
6º) 16 vezes – Náutico (PE)
7º) 9 vezes – Santa Cruz (PE)
8º) 4 vezes – ABC (RN) e Sampaio Corrêa (MA)
10º) 3 vezes – Corinthians (AL)
11º) 1 vez – Acadêmica Vitória (PE), ASA (AL), Botafogo (PB), Campinense (PB), CRB (AL), Fluminense (PI), Globo (RN), Jacuipense (BA), Porto (PE), Salgueiro (PE) e Santa Cruz (RN)
* Atualizado até 14/06/2024: Jonathan Jesus (Ceará/Cruzeiro)

Vendas milionárias por estado

1º) 71 vezes – Bahia
2º) 57 vezes – Pernambuco
3º) 44 vezes – Ceará
4º) 6 vezes – Rio Grande do Norte
5º) 5 vezes – Alagoas
6º) 4 vezes – Maranhão
7º) 2 vezes – Paraíba
8º) 1 vez – Piauí

Maiores transferências entre dois nordestinos

1º) R$ 14,5 milhões – Caio Alexandre (Fortaleza/Bahia, 2024)
2º) R$ 7,0 milhões – Gustavo Coutinho (Fortaleza/Sport, 2024)
3º) R$ 3,9 milhões – Marcos Vitor (Ceará/Bahia, 2022)
4º) R$ 2,5 milhões – Romarinho (Fortaleza/Sport, 2023)
5º) R$ 2,0 milhões – Bruno Pacheco (Ceará/Fortaleza, 2022)
6º) R$ 1,5 milhão – Cléber Santana (Sport/Vitória, 2004)
7º) R$ 1,3 milhão – Chiquinho (Sport/Vitória, 1997)
7º) R$ 1,3 milhão – Fernando Sobral (Sampaio Corrêa/Ceará, 2018)
9º) R$ 1,1 milhão – Ronaldo Alves (Náutico/Sport, 2016)
9º) R$ 1,1 milhão – Jean Carlos (Náutico/Ceará, 2022)
9º) R$ 1,1 milhão – David Ricardo (Fluminense-PI/Ceará, 2023/2024)
12º) R$ 1,0 milhão – Russo (Sport/Vitória, 1997)

Nota: Caio Alexandre foi adquirido pelo Bahia por R$ 24,3 milhões, em janeiro de 2024. Contudo, o valor no recorte entre os clubes nordestinos é menor, ficando em R$ 14,5 mi, porque o Fortaleza só teve direito a 60% da negociação.

Observações sobre o ranking

O ranking é apresentado tanto em reais, em valores nominais, quanto em dólares. Isso porque, em mais de duas décadas, o valor da moeda nacional flutuou bastante. Se no início chegou a valer mais que o dólar, em determinado momento caiu para quase 1/6. Por sinal, apesar de o euro ser a versão mais utilizada, hoje, no futebol internacional, o blog opta pelo dólar pois a moeda europeia só foi criada em 1999, sendo impossível calcular valores anteriores. A pesquisa engloba valores oficiais e extraoficiais, esses divulgados na imprensa (jornais e sites), uma vez que os clubes raramente revelam as cifras– nem em seus balanços financeiros. Na maioria dos casos, cada venda foi informada em um valor (real, dólar ou euro), com o blog convertendo nas duas colunas abaixo de acordo com o câmbio de cada época, precisamente no dia da notícia. Ah, existe a chance de alguém ter sido esquecido. Caso lembre, comente no post e a lista será atualizada…

Para ver a lista com a correção através do IPCA, via Alexandro Andrade, clique aqui.


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