A chegada do experiente lateral Victor Ferraz não foi suficiente. Foto: Tiago Caldas/Náutico.
Lá na Arena Condá, a Chapecoense venceu o Tombense e chegou a 42 pontos. Em 15º, o clube catarinense segue ameaçadíssimo de rebaixamento, mas este resultado já sepultou um time nesta Série B. Isolado na lanterna, o Náutico vinha há vários dias com 99% de risco, o que na prática já indicava o destino. O placar de 3 x 2 pra Chape bastou para confirmar, com a distância do 16º, agora o Novorizontino, ficando inalcançável, 41 x 30. Com 60 gols sofridos em 35 rodadas, ou 25 a mais que o vice-lanterna, só pra se ter uma ideia, o alvirrubro foi realmente uma imensa decepção.
Com seguidas trocas de treinador em 2022, tendo cinco nomes ao todos, e nenhuma solução prática para o sistema defensivo, além da caótica decisão de não contratar um goleiro mais capacitado para a inevitável saída de Lucas Perri, o Náutico afundou no BR e volta à Série C apenas três anos após o acesso. Em três edições na Série B, aliás, foram 117 gols marcados, com média de 1,05, e 152 gols sofridos, com média de 1,36. O saldo negativo de -35 diz muito.
Do quase acesso à queda certa
Nesta má sequência, a exceção foi o recorte das 14 primeiras rodadas de 2021, com o time líder e invicto. E o que fez a direção ali? Não atacou as carências do elenco para garantir a campanha. Escolheu “torcer” para continuar dando certo. O curioso é que tudo isso aconteceu após um jogo tão especial como aquele diante do Paysandu. Em 8 de setembro de 2019, nas quartas de final da C, valendo a vaga, o timbu buscou o empate e subiu nos pênaltis.
A invasão no campo e o sentimento de alma lavada saindo de uma divisão que não condiz com a história de Rosa e Silva eram justificados. Porém, foram efêmeros. E aquele duelo voltará a acontecer em 2023, com a 3ª divisão agora num formato de turno único entre os 20 clubes na 1ª fase. Da cota bruta de R$ 8 milhões, na segundona, a realidade agora é um valor bem menor e incerto, ainda que exista a possibilidade de um contrato pontual com a Globo para a tevê aberta – como ocorreu com o Vitória na terceirona deste ano.
Folha ficará ainda mais curta
A folha do futebol deverá cair pela metade, de R$ 800 mil, já uma consequência da receita anual na casa de R$ 20 milhões, para R$ 400 mil. É um choque de realidade que o torcedor alvirrubro viveu em 2017, quando ainda vivia um jejum de títulos estaduais e longe de sua casa. Hoje, com o estádios dos Aflitos reformado e já na condição de bicampeão pernambucano, o novo descenso, o sexto em toda a história, contando as Séries A e B, é um golpe duríssimo na reconstrução do Náutico. Infelizmente, não havia solidez na gestão.
Antes mesmo da confirmação da queda, por sinal, o presidente alvirrubro, Diógenes Braga, já havia admitido os erros na temporada, entre eles a subutilização do setor de análise de desempenho para a busca de reforços. Este ponto, para um clube do porte do Náutico, chega a ser inacreditável. Se bem que a campanha mostra que dá pra acreditar nisso sim…
No instante seguinte ao rebaixamento, o Náutico publicou nas redes sociais uma carta aberta à torcida, pedindo desculpas, reconhecendo e erros e dizendo que “o cenário previsto para o futebol em 2023 passa longe de ser o mesmo vivido em 2018”. A conferir. Veja a íntegra da cara aqui.
Os seis rebaixamentos do Náutico no Brasileiro (1971-2023)
1994 – Da A pra B (24º entre 24 times; 24 jogos, 5V, 5E e 14D)
1998 – Da B pra C (21º entre 24 times; 10 jogos, 2V, 2E e 6D)
2009 – Da A pra B (19º entre 20 times; 38 jogos, 10V, 8E e 20D)
2013 – Da A pra B (20º entre 20 times; 38 jogos, 5V, 5E e 28D)
2017 – Da B pra C (20º entre 20 times; 38 jogos, 8V, 8E e 22D)
2022 – Da B pra C (20º entre 20 times; 35 jogos, 8V, 6E e 21D)*
*Faltam 3 rodadas
As participações do Náutico nas divisões nacionais (1971-2023)*
Série A – 27 vezes (50,9%)
Série B – 23 vezes (43,3%)
Série C – 4 vezes (7,5%)
Série D – 0 vezes (0%)
* O clube disputou as séries A e B em 1981
Histórico do Náutico na Série C
65 jogos (106 GP e 72 GC, +34)
34 vitórias (52,3%)
14 empates (21,5%)
17 derrotas (26,1%)
4 participações: 1999 (4º), 2018 (5º), 2019 (1º) e 2023 (a disputar)
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