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Polêmica sobre a bandeira de PE na Copa 2022

O jornalista precisou da ajuda de voluntárias para recuperar. Imagem: Victor Pereira/reprodução.

Apesar da roupagem moderna com a “skyline” de edifícios em Doha, o Catar mantém um regime absolutista, com restrições radicais para mulheres e para a comunidade LGBTQIA+, tratada como um comportamento criminoso no país. Isso resulta no veto a qualquer símbolo correlacionado, como um simples arco-íris. Daí, o posicionamento que visivelmente não condiz com um país que se propõe a receber a Copa do Mundo, formada por povos de todos os cantos numa escala de milhões. No fim, são atos que expõe a própria ignorância sobre o tema.

Obviamente, aqui não me refiro à religião, pois qualquer religião prega a paz, sobretudo o islã. O ponto é a política de estado a partir de interpretações extremistas. Ao vetar qualquer ação do tipo no Mundial, tendo até a possibilidade punição esportiva pela simples braçadeira de capitão com as cores do arco-íris ou a palavre “love” escrita dentro da camisa, caso do veto à Bélgica, o comitê organizador catari passa longe do “sportswashing” imaginado para melhorar a reputação local. Isso era uma dúvida pendente desde o anúncio da Fifa, há 12 anos. Não por causa do tamanho do Catar, que tem apenas 11% do território de PE, ou pelo poder econômico, que na verdade é sem precedentes, mas sim pelo regime inflexível.

A bandeira de 200 anos

Essa intolerância ainda em 2022 causou a cena bizarra do dia, com a apreensão da bandeira de Pernambuco, carregada pelo jornalista Victor Pereira, devidamente credenciado para o evento. A cena, com o profissional cercado, ocorreu por causa do “arco-íris” na bandeira do estado, que nem é o caso. Afinal, não tem sete cores, mas apenas três: vermelho, amarelo e verde. Essas cores simbolizam a união dos pernambucanos durante a histórica Revolução de 1817, quando a então província declarou independência da coroa portuguesa, com Pernambuco sendo um país por 75 dias – antes mesmo do “Brasil”. Com poucos ajustes, a bandeira ganhou a sua cara definitiva em 1917. Já é algo enraizado e motivo de orgulho.

Na saída do jogo marcado pela surpreendente vitória da Arábia Saudita sobre a Argentina, no Lusail, Victor foi abordado por guardas e organizadores locais, com a tomada da bandeira, confundida com a da LGBTQIA+. A bandeira chegou a ser pisada, com a imagem sendo apagada da câmera como exigência para a devolução. Registro: esse ato continuaria sendo absurdo mesmo caso não tivesse havido confusão alguma na imagem.

A bandeira voltará em 2026, 2030, 2034…

O vídeo da confusão viralizou nas redes e muita gente condenou a ação, mas infelizmente teve aquela parcela que só enxerga o problema na vítima, tratando a presença da bandeira como uma “provocação” ao Catar. Aí, francamente, é preciso explicar o pernambucano: a bandeira do estado, belíssima, tem uma representatividade para ser levada a qualquer evento. Vem sendo assim há muitas décadas. Como quem leva a bandeira de estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul ou de clubes como Vasco e Palmeiras, por exemplo.

Ou seja, como qualquer elemento ordeiro que indique a sua origem no Brasil, uma das maiores torcidas numa Copa do Mundo. No caso da bandeira de Pernambuco, apesar da restrição no Catar, cuja monarquia absolutista dá sinais de que não está espiritualmente preparada para o evento, fique certo que ela continuará sendo vista nos grandes eventos esportivos do mundo daqui pra frente. Basta que tenha um pernambucano presente…

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A ação violenta no entorno do estádio rendeu até um posicionamento do atual governador de Pernambuco, Paulo Câmara, e uma ligação da governadora eleita, Raquel Lyra, ao jornalista.


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