O treinador de 49 anos será o comandante interino do Brasil. Imagem: CBF TV/reprodução.
Sete meses após o fim da Copa do Mundo de 2022, a Seleção Brasileira finalmente tem um treinador oficial. Após os três amistosos com Ramon Menezes, que na verdade é o técnico do time Sub 20, a CBF definiu o nome fixo para a equipe principal masculina. O curioso é a existência de um prazo de validade antes da realização do próximo Mundial. Bem antes disso, aliás. Afinal, Fernando Diniz, o atual técnico do Fluminense, assinou por apenas um ano. Não lembro de algo parecido, mas é, literalmente, um trabalho interino até a chegada do treinador que efetivamente comandará a Canarinho no ciclo da Copa do Mundo de 2026.
O italiano Carlo Ancelotti, de 64 anos e hoje à frente do Real Madrid, deverá assumir a Seleção na Copa América de 2024, nos Estados Unidos. Trata-se de uma escolha pessoal do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues. Até lá, Diniz será o responsável pela convocação, pelo modelo de jogo, pelos treinos, pela escalação e condução do time verde e amarelo, que deverá fazer cinco partidas ainda neste ano. A largada do “período de transição” será em setembro, nas Eliminatórias, diante da Bolívia – ainda sem estádio definido no país.
Indo além da escolha pra lá de incomum, e não lembro de algo parecido na gestão do escrete brasileiro, fica a observação sobre a diferença entre os trabalhos dos dois técnicos. Não falo sobre a capacidade de trabalho de cada um, mas sobre a forma de enxergar futebol mesmo, com a saída de jogo, posse de bola e intensa troca de passes de Diniz contrapondo ao estilo mais rápido e objetivo de Ancelotti. É difícil imaginar que um dos dois irá adotar o modelo do outro. De toda forma, também dá pra imaginar uma imersão maior de Ancelotti antes da sua chegada oficial, para não partir do zero em junho do ano que vem.
Trabalho simultâneo 23 anos depois
Pelo acordo, Fernando Diniz permanecerá no Fluminense, que atualmente disputa o Brasileirão e a Libertadores. Segundo o mandatário da CBF, a conversa com o clube carioca teve o “objetivo de não interferir no trabalho que já vem sendo desenvolvido”. Portanto, em 2023, Diniz só trabalhará para a confederação nas paradas da Data Fifa. Ainda que seja algo curioso, esse cenário não é inédito. Os últimos dois casos aconteceram em 1998, com Vanderlei Luxemburgo então no Corinthians, e em 2000, com Emerson Leão então no Sport.
No Timão, Luxa venceu a Série A e ainda comandou o Brasil em três amistosos: 1 x 1 com a Iugoslávia, 5 x 1 no Equador e 5 x 1 na Rússia. Já na Ilha do Retiro, Leão levou o Sport até as quartas de final da Copa João Havelange, após ser 2º lugar na primeira fase, e treinou o Brasil em uma partida. No caso, na vitória sobre a Colômbia por 1 x 0, no Morumbi, em 15 de novembro. O gol de Roque Júnior saiu aos 47 do 2º tempo, com muita reclamação da torcida. Na ocasião, o técnico só levou um jogador do Sport, o goleiro Bosco. Leão ainda convocaria outro rubro-negro, o volante Leomar, mas já quando servia apenas à CBF, em 2001.
Portanto, o período simultâneo entre Brasil e Sport durou 46 dias, de 19 de outubro a 3 de dezembro. Agora, 23 anos depois, aguarde polêmicas vazias sobre convocações nacionais, ou por priorizar o Flu (nos chamados) ou por preservar o Flu (nos não chamados). A conferir.
Fernando Diniz no Fluminense em 2022/2023
82 jogos (151 GP 78 GP; +73)
47 vitórias
15 empates
20 derrotas
63% de aproveitamento
61% de posse de bola
* Dados do SofaScore até 4 de julho
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