O gráfico com a evolução das receitas e das dívidas do alvirrubro do Recife nos últimos 6 anos.
Ao contrário da edição anterior, marcada por um atraso de 219 dias, desta vez o Náutico divulgou o seu demonstrativo contábil dentro do prazo legal, até o dia 30 de abril. Apesar disso, o relatório sobre as contas do clube de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2023 foi simplório. O próprio site alvirrubro trata o documento de três páginas como um balanço “preliminar”. Em relação às receitas, por exemplo, só há o faturamento total do Náutico, que foi de R$ 22 milhões, representando uma queda de 14% de 2022 para 2023 – lembrando que nesses anos o time jogou a Série B e a Série C, respectivamente. Não há detalhamento sobre receitas de transmissão, bilheteria, mensalidades de sócios e patrocínios.
Receita não teve reforço da Liga
Em tese, só será possível conferir a composição da receita caso realmente saia a segunda versão deste balanço financeiro. Lembrando que não houve incremento com o dinheiro da Liga Forte União (LFU), como ocorreu com Fortaleza, Sport e Ceará. Isso porque o timbu não aceitou a proposta de R$ 10 milhões por 20% de seus direitos no Brasileirão por 50 anos a partir de 2025 – considerando esse valor, acho que o Náutico fez certo em recusar.
Voltando ao novo balanço, ao menos o documento disponibilizado trouxe as despesas operacionais. Ao todo, o clube gastou R$ 28 milhões. Metade disso foi com salários do elenco, tendo ainda R$ 4 mi em serviços de terceiros, R$ 2,5 mi de custo com jogos, R$ 1 mi em despesas administrativas, entre outros. O saldo final foi negativo, mais uma vez. O Náutico terminou com receita inferior à despesa pelo 13º ano consecutivo.
Passivo elevado e Recuperação Judicial
O saldo negativo (ou “déficit”) foi de R$ 6 milhões, deixando no vermelho um ano que sequer teve contrapartida em campo. O time não obteve a vaga na Copa do Brasil no Estadual e ainda caiu na primeira fase da Terceirona. A consequência disso é a dívida sendo empurrada às gestões seguintes. Não por acaso, o passivo do Náutico, com a soma de todas as pendências do clube, subiu de R$ 252 milhões para R$ 258 milhões. Considerando o recente volume de receitas gerado pelo Náutico, seria algo quase impagável.
Contudo, o clube de Rosa e Silva está em processo de Recuperação Judicial desde 13 de fevereiro de 2023, “congelando” a execução das dívidas durante a negociação coletiva com os credores para o abatimento da dívida e estabelecimento de prazos de pagamento. Esse processo segue em andamento, assim como o interesse em constituir uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), cuja proposta de quase R$ 1 bilhão de investimento não andou.
A seguir, confira o histórico recente de receitas do Náutico.
Receita total do Náutico
2018 (Série C): R$ 14.325.243
2019 (Série C): R$ 17.525.211 (+22%; +3 mi)
2020 (Série B): R$ 17.047.629 (-2%; -0,4 mi)
2021 (Série B): R$ 20.093.890 (+17%; +3 mi)
2022 (Série B): R$ 26.547.787 (+32%; +6 mi)
2023 (Série C): R$ 22.828.297 (-14%; -3 mi)
Resultado do exercício (superávit/déficit)
2018 (Série C): -2.302.666
2019 (Série C): -1.722.733
2020 (Série B): -4.651.752
2021 (Série B): -4.852.790
2022 (Série B): -2.912.894
2023 (Série C): -6.232.599*
* O saldo da subtração da receita líquida pela despesa anual
Evolução do passivo acumulado do clube
2018 (Série C): R$ 154.519.748
2019 (Série C): R$ 155.868.532 (+0,8%; +1 mi)
2020 (Série B): R$ 244.532.429 (+56%; +88 mi)
2021 (Série B): R$ 249.466.699 (+2%; +5 mi)
2022 (Série B): R$ 252.231.450 (+1%; +2 mi)
2023 (Série C): R$ 258.117.088 (+2%; -5 mi)
* A soma das pendências de curto prazo (circulante) e longo prazo (não circulante)
Abaixo, um comparativo com quatro frentes importantes na composição da receita no futebol profissional, presentes nos últimos quatro balanços do Náutico – e as respectivas séries no BR.
Direitos de transmissão na TV
2020 (Série B): não informado
2021 (Série B): R$ 6,44 milhões
2022 (Série B): R$ 11,10 milhões (+72%; +4 mi)
2023 (Série C): não informado
* Somando cotas e premiações oficiais
Quadro de sócios-torcedores
2020 (Série B): R$ 3,71 milhões
2021 (Série B): R$ 3,48 milhões (-6%; -0,2 mi)
2022 (Série B): R$ 3,96 milhões (+13%; +0,5 mi)
2023 (Série C): não informado
Renda nos jogos
2020 (Série B): não informado
2021 (Série B): R$ 332 mil
2022 (Série B): R$ 2,06 milhões (+520%; +1,7 mi)
2023 (Série C): não informado
Patrocínio e Marketing
2020 (Série B): R$ 705 mil
2021 (Série B): R$ 2,16 milhões (+206%; +1,4 mi)
2022 (Série B): R$ 3,52 milhões (+62%; +1,3 mi)
2023 (Série C): não informado
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