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Balanço financeiro do Ceará em 2023

O gráfico com a evolução das receitas e das dívidas do alvinegro cearense nos últimos 6 anos.

Em termos administrativos, o Ceará viveu um ano complicado em 2023. Dentro de campo, até venceu a Copa do Nordeste, com méritos, mas a 11ª colocação na Série B deixou o time muito distante do retorno à elite nacional. E essa permanência na Série B acarretou numa bola de neve em 2024, com a perda de jogadores, a partir de ações judiciais, e punições de “transfer ban” por falta de pagamentos a outros clubes. Observando as contas da temporada passada, dá para entender um pouco o momento delicado vivido pelo Vozão.

Longe de parecer coincidência, o resultado financeiro do Ceará só foi apreciado pelos conselheiros do clube no último dia dentro do prazo legal para a divulgação do demonstrativo contábil referente a 2023. O relatório do Ceará foi votado (e aprovado) na noite de 30 de abril, com a publicação no site oficial do clube logo depois, quase no limite.

Contrato da liga correspondeu a 45% da receita

A presença na segunda divisão do Campeonato Brasileiro impactou diretamente na receita total do Ceará, com uma queda de R$ 41 milhões em relação a 2022. Ao todo, o clube arrecadou R$ 132 milhões. Ocorre que esse número está inflado pela receita da Liga Forte União. No último ano, a direção alvinegra assinou um contrato com o grupo de investidores da LFU e cedeu 20% dos seus direitos comerciais no Brasileirão pelos próximos 50 anos, valendo a partir de 2025. Outros filiados desta liga fizeram o mesmo, como Fortaleza e Sport.

A diferença é que os dois rivais regionais incorporaram ao balanço o valor total deste acordo. O Ceará colocou apenas a parte recebida no ano, que correspondeu a metade do que tem direito. No caso, registrou R$ 60,5 milhões. O clube deverá receber o restante em mais dois repasses, um ainda neste ano, de R$ 29,9 milhões – pelo documento, o pagamento deveria ter ocorrido antes do réveillon. Esse aporte da liga foi determinante para equilibrar o caixa do Ceará, ainda que o saldo final entre receitas e despesas tenha sido negativo pelo 2º ano.

Passivo dobrou e clube contraiu empréstimos

Caso o Vozão tivesse tido apenas as “receitas regulares”, como direitos de tevê, bilheteria, patrocínio e mensalidades, o faturamento teria ficado em R$ 70 milhões. Ocorre que o custo operacional do alvinegro entre 1º de janeiro e 31 de dezembro foi de R$ 114 milhões – acima do patamar na Série B, considerando clubes do porte do Ceará. Quase metade disso foi em salários (54 mi). Porém, também chama a atenção as despesas gerais e administrativas em R$ 46 milhões. Paralelamente a este cenário, gastando mais com o dinheiro do “futuro”, o Ceará aumentou o passivo, que soma todas as pendências do clube.

De forma inédita, o passivo ultrapassou os R$ 100 milhões. Para se ter uma ideia, em 2018, quando conseguiu o acesso à Série A, o clube devia apenas R$ 13 milhões. Desde então, isso só fez crescer. Ainda que siga bem abaixo de outros grandes da região, já que o Sport deve R$ 276 mi e o Náutico deve R$ 258 mi, já dá para enxergar com certa preocupação. Sobretudo o aumento das pendências de curto prazo (com vencimento em até 12 meses, o “passivo circulante”). Simplesmente dobrou. Passou de R$ 29,9 mi para R$ 60,2 mi. E boa parte se deve a empréstimos e financiamentos. O acumulado disso, considerando vencimentos curtos e longos, subiu de R$ 15 milhões para R$ 34 milhões. Haja juros.

A seguir, confira o histórico recente de receitas do Ceará.

Receita total do Ceará

2018 (Série A): R$ 64.787.133
2019 (Série A): R$ 104.866.088 (+61%; +40 mi)
2020 (Série A): R$ 103.163.458 (-1%; -1 mi)
2021 (Série A): R$ 159.287.735 (+54%; +56 mi)
2022 (Série A): R$ 173.217.688 (+8%; +13 mi)
2023 (Série B): R$ 132.103.373 (-23%; -41 mi)

Resultado do exercício (superávit/déficit)

2018 (Série A): +3.013.201
2019 (Série A): +5.768.766
2020 (Série A): +377.762
2021 (Série A): +327.488
2022 (Série A): -6.163.947
2023 (Série B): -781.225*
* O saldo da subtração da receita líquida (130,9 mi) pelo custo operacional (114,0 mi) e pelas despesas financeiras (17,9 mi)

Evolução do passivo acumulado do clube 

2018 (Série A): R$ 13.011.519
2019 (Série A): R$ 16.803.756 (+29%; +3 mi)
2020 (Série A): R$ 35.263.673 (+109%; +18 mi)
2021 (Série A): R$ 49.948.270 (+41%; +14 mi)
2022 (Série A): R$ 56.953.477 (+14%; +7 mi)
2023 (Série B): R$ 104.119.036 (+82%; +47 mi)
* A soma das pendências de curto prazo (circulante) e longo prazo (não circulante)

Abaixo, um comparativo sobre quatro frentes importantes para a composição da receita no futebol profissional, presentes nos últimos quatro balanços do Ceará – e as respectivas séries.

Direitos de transmissão na TV

2020 (Série A): R$ 52,73 milhões
2021 (Série A): R$ 90,50 milhões (+71%; +37 mi)
2022 (Série A): R$ 65,90 milhões (-27%; -24 mi)
2023 (Série B): R$ 15,74 milhões (-76%; -50 mi)

Quadro de sócios-torcedores

2020 (Série A): R$ 10,10 milhões
2021 (Série A): R$ 13,07 milhões (+29%; +2 mi)
2022 (Série A): R$ 19,72 milhões (+50%; +6 mi)
2023 (Série B): R$ 12,82 milhões (-34%; -7 mi)

Renda nos jogos

2020 (Série A): R$ 698 mil
2021 (Série A): R$ 3,10 milhões (+344%; +2 mi)
2022 (Série A): R$ 15,65 milhões (+404%; +12 mi)
2023 (Série B): R$ 9,72 milhões (-37%; -6 mi)

Patrocínio e Marketing

2020 (Série A): R$ 8,04 milhões
2021 (Série A): R$ 15,70 milhões (+95%; +7 mi)
2022 (Série A): R$ 22,43 milhões (+42%; +6 mi)
2023 (Série B): R$ 16,94 milhões (-24%; -5 mi)

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