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Portal Agropecuário/divulgação

No dia em que o gramado do primeiro campo do centro de treinamento do Santa Cruz chegou ao local, também chamou a atenção a notícia sobre a intenção da direção da comissão patrimonial do clube em vender ovos de galinha, numa produção na própria área.

A reportagem do Jornal do Commercio, correta na minha visão, traz também uma foto das tais galinhas. Na imagem, apenas dez ciscando na areia do terreno na Guabiraba. Sem qualquer indício de seriedade.

A cena gerou revolta entre torcedores corais e virou piada entre os rivais, seguida de notas oficiais do executivo e do coletivo Tricolores do CT, que já captou R$ 132 mil em doações, ambas repudiando a ação.

As duas notas saíram em 2 de novembro, dia seguinte à repercussão.

Direção executiva do Santa
“(…) não corrobora com as idéias de venda de produtos perecíveis veiculadas pela imprensa e redes sociais no último dia 1 de novembro. O clube possui contrato com empresa especializada em gerenciamento de produtos licenciados. Portanto, toda e qualquer autorização legal de exploração da marca do Santa Cruz só é feita mediante liberação dos departamentos jurídico e de marketing”

Tricolores do CT
“(…) vem através desta demonstrar seu descontentamento com a possibilidade de criação e venda de ovos para o CT. Acreditamos que tal comércio só faz denegrir a imagem já tão desgastada do clube. Tal atitude vai inclusive de encontro ao que ocorre com a iniciativa de profissionalização e modernização que vem ocorrendo no clube (…)”

Aos jornais, João Caixero, o decano diretor da comissão patrimonial do tricolor, manteve a posição, inclusive com a promessa de dobrar o nº de galinhas. De 30, segundo ele, para 60.

Vamos a algumas observações do blog sobre essa situação pitoresca…

1) A venda de ovos de galinha não é o motivo da piada, mas sim o formato totalmente amador desta ação. Creio que seja bem desnecessário para o clube num momento de chancela de todos os seus produtos, com produção terceirizada, royalties etc. Ou seja, de busca pela profissionalização – ato lembrado pelas duas notas, diga-se. Afinal, a apresentação de uma produção em larga escala, com galpão, aquecimento especial e alimentação balanceada dificilmente teria repercutido assim.

2) Na sequência do tópico anterior, basta lembrar da produção do bolo de rolo, que na verdade foi um acerto do clube – na ocasião, também via comissão patrimonial. Trata-se de algo famoso na gastronomia do estado, que, inclusive, deveria ser copiado. E, sobretudo, a produção foi minimamente organizada. Não por acaso, não gerou impasse entre os poderes do clube.

3) Vamos focar agora o cenário atual, com até 60 galinhas (!). Francamente, essa produção não irá atender à demanda de receitas do CT Ninho das Cobras – que precisa de R$ 2,5 mi para ser aberto. No modelo atual, apenas expõe o clube, sem contrapartida efetiva. Embora o Santa tenha uma veia popular, com atos do tipo abraçados por parte da torcida, nem sempre funciona. Lembremos do carro de som vendendo ingressos no subúrbio, em 04/2017. A ideia era boa, mas foi mal executada e não houve retorno (sintomático à imagem apresentada?). Difícil não enxergar um paralelo.

4)  Como diz a nota oficial, o “estatuto do clube determina a independência dos poderes executivo, conselho deliberativo e comissão patrimonial com seus presidentes respondendo individualmente por suas gestões”. Entenda esta independência, também, como dinheiro. Sim, cada órgão tem o seu próprio orçamento e as suas próprias metas. Ao torcedor, devotado ao futebol, fica a impressão de um isolamento do executivo, o “poder central” (na visão do torcedor). De certa forma, é isso. Não por acaso, há bastante tempo é esperada uma reforma política no Arruda. Com o quadro atual de sócios aptos, é algo bem difícil. Neste século, por exemplo, a eleição mais popular foi a de 2012, com apenas 1.787 votos. E dentro do conselho deliberativo o interesse real parece distante…

A análise seguiu também no Podcast 45 Minutos. Ouça o tema do minuto 52 ao 87.


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