O Centro Limoeirense foi o primeiro clube pernambucano a divulgar o balanço financeiro referente a 2017, como já havia sido em 2016. O documento foi publicado no site da FPF em 24 de janeiro de 2018, o que corresponde a quase dois meses de antecedência – o prazo esgota em 30 de abril. Apesar da antecipação, o relatório do alvirrubro tem apenas duas páginas, repetindo o modelo contábil dos dois anos exercícios (anos) anteriores. Segue bem aquém do modelo imposto pela confederação brasileira a todos os times a partir de 2021, através da Licença de Clubes – na prática, uma imposição àqueles que disputem as quatro séries do Campeonato Brasileiro.
1) Balanço patrimonial? Valores desconhecidos da sede e do estádio José Vareda.
2) Demonstração das mutações do patrimônio líquido? Não.
3) Notas explicativas? Nenhuma.
O documento traz apenas o fluxo de caixa, prática comum, diga-se. Na receita de R$ 48 mil – que seria o salário de um jogador mediano na Série A – é possível verificar o gasto com a inscrição dos atletas que disputaram a Série A2. Sugou nada menos que 34,9% de todo o faturamento do clube! Isso remete diretamente ao ‘cartório’ das federações estaduais, com taxas e mais taxas.
Vale lembrar que em 2013 o Centro chegou a passar por uma intervenção da FPF. O interventor João Caixero, também diretor da entidade, relatou vários problemas num relatório de 33 páginas, incluindo uma mesa de baralho a dinheiro (atividade ilegal) na sede. Portanto, considerando o período de restauração do clube mais velho do interior, fundado em 1913, este é apenas o 4º demonstrativo financeiro. Nos últimos três, assinado pelo mesmo presidente, Geraldo Hermínio da Silva. Os números pra lá de modestos refletem a realidade da maioria dos 722 clubes profissionais em atividade no país (22 em Pernambuco), segundo o levantamento da diretoria de registro e transferências da CBF em 2017. Ainda de acordo com a confederação, mas com dados de 2015, 82% dos jogadores ganham salários no máximo R$ 1 mil.
Voltando ao Dragão de Limoeiro, o clube disputou apenas dez jogos oficiais na última temporada, chegando às quartas de final da segundona local (1V, 4E e 4D). Embora o balancete não mostre o gasto com o futebol, podemos tomar por base o de 2014, o único com algum detalhamento. Ou seja, são apenas quatro meses de atividade. Considerando este cenário em relação 2017, a despesa com o elenco – à parte das inscrições e das taxas (olha aí) de arbitragem – foi de 27,6 mil reais. Na prática, um quadro semiamador. Acredite, este não é o pior cenário possível no estado, até porque o Centro Limoeirense é um dos únicos clubes do interior com patrimônio de fato. Em alguns casos, o clube existe basicamente no papel.
Receita total do Centro Limoeirense
2014 – R$ 45.675
2015 – R$ 37.271 (-8.404 reais; -18,3%)
2016 – R$ 44.439 (+7.168 reais; +19,2%)
2017 – R$ 48.080 (+3.641 reais; +8,1%)
Recursos próprios do clube (aluguéis, sócios e bilheteria)
2014 – R$ 675
2015 – R$ 18.271 (+17.596 reais; +2.606,8%)
2016 – R$ 25.439 (+7.168 reais; +39,2%)
2017 – R$ 24.080 (-1.359 reais; -5,3%)
Patrocínios
2014 – R$ 45.000 (Prefeitura de Limoeiro)
2015 – R$ 19.000 (Prefeitura de Limoeiro)
2016 – R$ 19.000 (Prefeitura de Limoeiro)
2017 – R$ 24.000 (Tintas Iquine, 15 mil; ONG Pedra D’Água 9 mil)
Confira os balanços financeiros do Centro Limoeirense: 2014, 2015, 2016 e 2017.