O gráfico com a evolução das receitas e das dívidas do alvirrubro do Recife nos últimos 6 anos.
O Náutico divulgou o seu demonstrativo contábil sobre 2024 quase no fim do prazo. O documento foi disponibilizado no site oficial do Timbu às 21h37 de 30 de abril, o último dia segundo o artigo 63 da Lei Geral do Esporte. Embora ainda não tenha sido apreciado pelo conselho fiscal do clube, o documento passou pela auditoria externa da Equity. Apesar desta correria, fica um elogio desta vez. Em vez da versão sintética de 2023, com apenas 3 páginas, o balanço de 2024 tem 28 páginas, com a abertura de vários números, incluindo os do ano anterior. Ou seja, essa publicação do blog traz dados atualizados do último biênio.
Em termos absolutos, a receita do Náutico evoluiu de R$ 22,8 milhões para R$ 24,7 milhões, com alta de 8%. O time jogou a Série C nas duas temporadas – e ainda segue lá neste ano. Considerando a receita líquida, com a dedução dos impostos, o Náutico teve R$ 24,3 milhões em 2024. Este volume foi insuficiente para terminar o ano no “azul”. Somando as despesas com pessoal (14,5 mi), o que inclui os salários e encargos do time de futebol, e as despesas gerais e administrativas (11,1 mi), o clube de Rosa e Silva teve um custo operacional de R$ 25,7 milhões. Foi um pouco menor que o gasto de 2023, que terminou em R$ 26,5 mi.
Receita com sócios subiu R$ 2 milhões
Oficialmente, a subtração entre receitas e despesas gerou um saldo negativo de R$ 1.486.982. Portanto, o Náutico chegou a 14 temporadas consecutivas registrando déficit. Entre os principais clubes da região, somando os grandes do Recife, de Salvador e de Fortaleza, ninguém passou tanto tempo no “vermelho”. Voltando às receitas, o Timbu sofreu com a redução dos direitos de transmissão na televisão. Foram quase R$ 3 milhões a menos. A principal causa foi a ausência na Copa do Brasil. Na volta ao torneio nacional em 2025, só para exemplificar, o clube faturou R$ 4,1 milhões após avançar até a 3ª fase. Por outro lado, o quadro de sócios teve um aumento de 56%. Subiu de R$ 3,9 mi para R$ 6,2 mi.
Hoje, o Náutico tem 25 mil sócios. Ainda que exista uma categoria gratuita, as categorias com mensalidades ativas foram responsáveis por 1/4 do faturamento do clube na última temporada. Já a bilheteria nos Aflitos e o apurado com patrocínio tiveram um leve acréscimo – veja o histórico abaixo. Entre as receitas extraordinárias, destaque para os R$ 2 milhões pelo distrato do arrendamento de 3 hectares no terreno onde fica o CT Wilson Campos. Uma empresa de supermercados desistiu de abrir uma unidade lá. Também houve a entrada de R$ 1,4 milhão com venda de atletas, pouco abaixo de 2023, quando conseguiu R$ 1,8 mi.
93% do passivo são processos com riscos judiciais
Em relação ao passivo do Náutico, que soma todas as dívidas, financiamentos e obrigações contratuais vigentes, o valor ficou congelado na prática. Considerando os passivos circulante (com vencimento de curto prazo) e não circulante (com vencimento de longo prazo), o montante passou de R$ 256,4 milhões para R$ 256,7 milhões. Deste total, 93% está concentrado em “provisão para riscos judiciais”. Isso dá R$ 239,2 milhões, sendo R$ 117,0 mi em ações trabalhistas, R$ 103,4 mi em ações tributárias e R$ 18,8 mi em ações cíveis.
Na parte trabalhista, vale pontuar que o Timbu vive um processo de Recuperação Judicial, com expectativa de reduzir em até 80% as dívidas junto aos mais de 150 credores. A “RJ” vem se arrastando desde o dia 13 de fevereiro de 2023. A campanha de conciliação já teve três adiamentos. Tanto que, apesar desses dois anos, ainda não houve uma assembleia para definir o plano de pagamento. A previsão da direção é realizá-la ainda em 2025.
A seguir, confira o histórico recente de receitas do Náutico.
Receita total do Náutico no ano
2019 (Série C): R$ 17.525.211
2020 (Série B): R$ 17.047.629 (-2%; -0,4 mi)
2021 (Série B): R$ 20.093.890 (+17%; +3 mi)
2022 (Série B): R$ 26.547.787 (+32%; +6 mi)
2023 (Série C): R$ 22.828.297 (-14%; -3 mi)
2024 (Série C): R$ 24.795.430 (+8%; +2 mi)
Resultado do exercício (superávit/déficit)
2019 (Série C): -1.722.733
2020 (Série B): -4.651.752
2021 (Série B): -4.852.790
2022 (Série B): -2.912.894
2023 (Série C): -4.601.929
2024 (Série C): -1.486.982*
* O saldo da subtração da receita líquida (24,3 mi) pelo custo operacional (25,7 mi) e pelas despesas financeiras (122 mil)
Evolução do passivo acumulado do clube
2019 (Série C): R$ 155.868.532
2020 (Série B): R$ 244.532.429 (+56%; +88 mi)
2021 (Série B): R$ 249.466.699 (+2%; +5 mi)
2022 (Série B): R$ 252.231.450 (+1%; +2 mi)
2023 (Série C): R$ 256.411.161 (+1%; -4 mi)
2024 (Série C): R$ 256.739.904 (+0,1%; +0,3 mil)
* A soma das pendências de curto prazo (circulante) e longo prazo (não circulante)
Abaixo, um comparativo com quatro frentes importantes na composição da receita no futebol profissional, presentes nos últimos quatro balanços do Náutico – e as respectivas séries no BR.
Direitos de transmissão na TV
2021 (Série B): R$ 6,44 milhões
2022 (Série B): R$ 11,10 milhões (+72%; +4,6 mi)
2023 (Série C): R$ 6,94 milhões (-37%; -4,1 mi)
2024 (Série C): R$ 4,01 milhões (-42%; -2,9 mi)
Quadro de sócios-torcedores
2021 (Série B): R$ 3,48 milhões (-6%; -0,2 mi)
2022 (Série B): R$ 3,96 milhões (+13%; +0,5 mi)
2023 (Série C): R$ 3,98 milhões (+0,5%; +20 mil)
2024 (Série C): R$ 6,23 milhões (+56%; +2,2 mi)
Renda nos jogos
2021 (Série B): R$ 332 mil
2022 (Série B): R$ 2,06 milhões (+520%; +1,7 mi)
2023 (Série C): R$ 2,60 milhões (+26%; +0,5 mi)
2024 (Série C): R$ 2,92 milhões (+12%; +0,3 mi)
Patrocínio e Marketing
2021 (Série B): R$ 2,16 milhões (+206%; +1,4 mi)
2022 (Série B): R$ 3,52 milhões (+62%; +1,3 mi)
2023 (Série C): R$ 4,14 milhões (+17%; +0,6 mi)
2024 (Série C): R$ 4,76 milhões (+14%; +0,6 mi)
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