Samir Xaud foi eleito como presidente da CBF de 2025 até 2029. Foto: Rafael Ribeiro/CBF.
Dois meses após a aclamação de Ednaldo Rodrigues, que foi reeleito para a presidência da CBF com os votos das 27 federações estaduais e dos 40 clubes presentes nas Séries A e B de 2025, uma nova eleição foi realizada na entidade. Numa candidatura formada às pressas, o desconhecido Samir Xaud, filho do decano mandatário da Federação Roraimense de Futebol, venceu o pleito que teve apenas a sua chapa inscrita. Mas sem aclamação, já que Xaud teve o apoio de 26 federações, com exceção de São Paulo, e de 20 clubes.
Apenas dois estaduais nordestinos estariam aptos
Em seu discurso da vitória na sede da CBF, no Rio de Janeiro, Xaud confirmou Carlo Ancelotti na Seleção Brasileira, já chamando de “Mister”, falou investimentos no futebol feminino, cuja próxima Copa do Mundo será no país, em 2027, de novas ações contra a discriminação, do apoio à criação de uma liga unificada e, de maneira imediata, no calendário de 2026. Neste caso, cuja íntegra está abaixo, o foco foi na redução dos campeonatos estaduais.
No calendário oficial de 2025, a CBF destinou 16 datas para os Estaduais, mas apenas 12 para as nove federações do Nordeste, devido à realização do Nordestão de forma paralela. Em seu discurso, o presidente eleito não fez qualquer menção à Copa do Nordeste, tratando a redução de 16 para 11 datas como algo geral. Isso impactaria bastante o Paulistão, que distribuiu R$ 281 milhões nesta temporada. Já no Nordeste, a redução afetaria quase todas as competições. Hoje, apenas dois estados estariam adequados à redução: AL e CE.
Pernambuco se adaptou “antes” da eleição
Sem ressalvas, só o Campeonato Cearense estaria realmente ok. Já enxuta, a fórmula prevê de 9 a 11 jogos para ser campeão. Os dois finalistas, Ceará e Fortaleza, atuaram 9 vezes. A diferença está em ir diretamente à semifinal, o caso dos dois grandes, ou em disputar as quartas de final em ida e volta. Em Alagoas, o CRB foi tetracampeão disputando 11 jogos, mas isso só aconteceu porque o Igaci desistiu antes da abertura, deixando a competição com 7 clubes. Com o número original participantes, 8, a campanha teria tido 12 jogos.
No Rio Grande do Norte, o América até foi campeão com 11 jogos, mas só devido à boa campanha na primeira fase, pois “pulou” as quartas. Olhando pra frente, o Maranhão deverá passar pela maior transformação. Em 2025, o torneio foi o último Estadual do país a acabar. Além do imbróglio jurídico, pesou a primeira fase em turno e returno, com 14 rodadas – ao todo, usou 18 datas. Já em Pernambuco, a competição foi, curiosamente, pensada numa redução. O campeonato vencido pelo Sport teve 10 clubes, mas com três rebaixamentos e apenas um acesso. Ou seja, serão 8 clubes em 2026. Resta definir o regulamento.
Copa do Nordeste não entrou no discurso
Tudo isso, lembrando, considera apenas a reorganização da agenda estadual. Ainda é preciso encaixar a Copa do Nordeste, cuja receita ultrapassa os R$ 50 milhões e é superior à soma dos nove estaduais do NE. Ainda em disputa, a edição de 2025 já havia começado o ano com uma tabela turbulenta, com a primeira fase acabando em março e o mata-mata se estendendo até setembro. Eis o cenário atualizado: a primeira fase sequer acabou.
Com cinco jogos pendentes, isso só vai acontecer em 7 de junho! Já o mata-mata da Lampions será nas brechas da Data Fifa. Independentemente desse caos, é preciso manter o Nordestão, tanto por sua influência econômica quanto técnica – em último caso, que ao menos seja realizada no modelo mata-mata. Entretanto, considerando as primeiras palavras de Xaud, a edição regional de 2026 tende a enfrentar outros problemas. Talvez até maiores. Em tempo: a nova cúpula da CBF conta com dois vice-presidentes, de um total de oito, que já eram mandatários de federações da região, Michele Ramalho (PB) e José Vanildo (RN).
Declaração de Samir Xaud sobre redução dos Estaduais:
“Nossa prioridade inicial é a adequação do calendário do futebol brasileiro. É compromisso dessa gestão implementar imediatamente mudanças significativas no calendário das competições. Assumo o compromisso de promover, entre outras medidas, a reorganização dos campeonatos estaduais para um calendário de no máximo 11 datas, sem comprometimento da qualidade e da sustentabilidade financeira dessas competições. Que fique claro: essa reorganização do calendário é necessária, mas não significa uma desvalorização dos campeonatos estaduais. Entendemos que são os estaduais que movimentam economias locais, mantêm viva a tradição de futebol nos quatro cantos do país e fortalecem o sentimento de pertencimento entre torcedores e seus times do coração. Eles são, em muitos casos, a única oportunidade de visibilidade para centenas de atletas, técnicos e profissionais do esporte. Nossa ideia é que essa reorganização do calendário seja acompanhada de outras medidas de valorização dos campeonatos estaduais. Valorizar os estaduais é valorizar o futebol como um todo”.
Total de datas para ser campeão estadual em 2025
18 jogos: Maranhense (Maranhão; 8V, 6E e 4D)
14 jogos: Pernambucano (Sport; 8V, 3E e 3D)
13 jogos: Baiano (Bahia; 7V, 4E e 2D)
13 jogos: Paraibano (Sousa; 7V, 5E e 1D)
13 jogos: Sergipano (Confiança; 9V, 3E e 1D)*
12 jogos: Piauiense (Piauí; 6V, 3E e 3D)
11 jogos: Alagoano (CRB; 6V, 4E e 1D)
11 jogos: Potiguar (América; 7V, 2E e 2D)**
9 jogos: Cearense (Ceará; 8V, 1E e 0D)***
* Máximo seria de 14 jogos, caso tivesse disputado nas quartas
** Máximo seria de 13 jogos, caso tivesse disputado nas quartas
*** Máximo seria de 11 jogos, caso tivesse disputado nas quartas
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