O Santa Cruz iniciou um processo de transparência nas negociações…
No Nordeste, entre os grandes clubes, o Bahia foi o pioneiro. Após um processo de redemocratização, iniciado numa intervenção judicial em agosto de 2013, o tricolor baiano passou por grandes mudanças administrativas, sendo uma delas, a transparência. Tanto em orçamentos, balanços patrimoniais, contratos de tevê e quanto num tema ainda obscuro no futebol, os detalhes sobre as negociações de seus jogadores.
A partir dali, o clube de Salvador passou a informar quanto recebeu, o percentual negociado e outros termos. Como foi o caso da venda de Zé Rafael, que rendeu R$ 14,5 milhões, sendo a maior do Nordeste – veja o comunicado aqui.
No Recife, contudo, a liberação de dados costuma ser bem genérica. Nos balanços financeiros, por exemplo, é raro conferir receitas operacionais destrinchadas, com bilheteria, negociação de atletas, venda de produtos, mensalidade de sócios etc – a cobrança seguirá. Nas notas sobre as negociações, basicamente só o tempo de contrato. Então, por isso, surpreendeu o comunicado oficial do Santa em 29/12, informando a venda do zagueiro Eduardo Brito para o Bangu. No caso, “reiterando o compromisso da gestão do presidente Constantino Júnior em ser transparente com o torcedor”, numa atitude correta, antes tarde do que nunca.
No primeiro caso exposto, o tricolor pernambucano recebeu R$ 260 mil, ao ceder 50% dos direitos econômicos – e permaneceu com os outros 50%. Depois, em 04/01, detalhou o empréstimo do meia Geovani ao SC Sagamihara, da terceira divisão japonesa. Empréstimo gratuito, mas com o valor de compra estipulado em 250 mil dólares, correspondendo aos 50% do clube. Que este perfil siga nas próximas negociações e que também seja retroativo em relação aos atletas que ainda seriam ligados ao clube, como Raniel (30%, Cruzeiro) e João Paulo (40%, Botafogo) – o tempo verbal se deve justamente à incerteza sobre os percentuais.
Seguindo este cenário de mudanças, o Sport anunciou, no terceiro dia da gestão de Milton Bivar, a criação de uma seção em seu site para a divulgação de detalhes sobre as transações (“transparência rubro-negra”). Pelo texto, a única ressalva é a apresentação dos relatórios após a assinatura dos contratos – um tanto óbvio, pois negociações podem ser, de fato, afetadas por agentes externos. Desde já, fica a expectativa justamente pela quantidade de distratos no início de 2019 (Rogério, Jair, Mateus Gonçalves e Lenis), a maioria pelo perdão de dívidas. Qual o valor quitado? Restou algum percentual sobre os direitos? A conferir. Até esta publicação, o Náutico ainda não havia sinalizado uma postura do tipo, embora também tenha uma aba de transparência, voltada para balanços. Mas deverá sinalizar, pois é um caminho sem volta…
Links
Seção de Transparência do Santa Cruz Futebol Clube
Seção de Transparência do Sport Club do Recife
Seção de Transparência do Clube Náutico Capibaribe
…e o Sport é o próximo a entrar numa era de maior clareza no futebol pernambucano