A evolução das receitas do Vitória. Só um ano passou de R$ 100 mi, devido à assinatura com a TV.
O orçamento do Vitória para 2020 prevê uma receita total de R$ 52 milhões. Em termos de estimativa, é um aumento de R$ 7 mi em relação a 2019. Em ambos os anos, a participação na Série B, o que torna a cifra (as duas cifras, aliás) bem surpreendente, no mínimo. O número foi apresentado ao conselho do rubro-negro em 16 de dezembro, mas sem maiores detalhes sobre a composição, numa diferença estarrecedora em relação à planilha do rival Bahia, com detalhes ponto a ponto.
Além disso, ainda há um outro ponto a ser observado sobre a previsão orçamentária do leão da barra, a partir das palavras do próprio presidente do clube, Paulo Carneiro. Em entrevista ao jornal Correio*, em 4 de dezembro, o dirigente projetou uma receita de R$ 35 milhões, mas sem considerar o aporte com a venda de atletas, uma “possibilidade bem concreta”, segundo o texto. Estaria nesta frente o hiato de R$ 17 milhões em 12 dias? Em 2019 o clube só emplacou uma grande venda, com o zagueiro Lucas Ribeiro saindo para o Hoffenheim, da Alemanha, por R$ 12,9 mi. Logo, precisaria haver a repetição de uma transação deste porte.
Esta é a segunda vez seguida que o Vitória lança um orçamento aparentemente fora da realidade – afinal, o clube terá apenas R$ 6 milhões de cota de transmissão em 2020, tendo que buscar R$ 46 mi nas demais matérias, algo difícil, pois a renda bruta dos jogos em 2019, por exemplo, foi de apenas R$ 2 mi. O orçamento anterior, nas mãos do então presidente Ricardo David, chegou a ter três valores. Começou em R$ 72 mi. Negado. Caiu para R$ 56 mi. Negado. A aprovação só veio com R$ 45 milhões. Desta vez a aprovação veio já na primeira reunião, tendo como ponto a favor a despesa de R$ 51 milhões. Ou seja, superávit de R$ 1 mi. Nos últimos quatro balanços o resultado positivo só aconteceu uma vez. A conferir.
Ampliação da arrecadação no Conselho (?)
Entre as soluções para arrecadar mais dinheiro no Vitória, uma chamou a atenção. A cobrança de uma nova taxa para os membros do Conselho Deliberativo, entre R$ 600 e R$ 1.200 – à parte da mensalidade já diferenciada. Hoje, o clube tem 150 conselheiros. Considerando o valor máximo proposto, a arrecadação seria de R$ 180 mil. Irrisória para o cenário geral estipulado.
Previsão de orçamento do Vitória
2018 (A) – R$ 102.000.000
2019 (B) – R$ 45.000.000 (-55,8%)
2020 (B) – R$ 52.000.000 (+15,5%)
Faturamento do clube (balanços mais recentes)
2014 (A) – R$ 61.835.000
2015 (B) – R$ 52.280.000 (-15,4%)
2016 (A) – R$ 111.976.212 (+114,1%%)
2017 (A) – R$ 88.071.107 (-21,3%)
2018 (A) – R$ 87.013.000 (-1,2%)
Alguns dados de receita em 2019
R$ 2.151.716 em bilheteria (renda bruta em 28 jogos)
R$ 10.014.711 em cotas de participação/premiação/transmissão na tevê
Competições em 2020 (4)
Campeonato Baiano, Nordestão, Copa do Brasil e Série B
Nota do blog
Rebaixado em 2018, o Vitória viveu em 2019, pela primeira vez em vinte anos, uma temporada sem aporte diferenciado da televisão – Rede Globo, no caso. Com o fim da “cláusula para-quedas”, que garantia a cota da A mesmo disputando a B, uma benesse válida para apenas 18 clubes, o rubro-negro teve uma receita de transmissão inferior a 15% do que recebia. Dificultou a missão de voltar à elite nacional. E o fiasco no ano, com 69 atletas utilizados (recorde pouco agradável) e 38% de aproveitamento em campo, manteve o time neste patamar. Novamente com cota abaixo do seu histórico. Novamente sem clareza em relação às finanças do clube. Difícil.
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