Anúncio da Betnacional
Compartilhe!

Os primeiros alvos do bilionário russo no futebol brasileiro. Coincidência?

Bilionários russos, americanos e árabes já são donos de clubes importantes na Europa há tempos, incluindo potências da Inglaterra (United, City e Chelsea) e da Itália (Milan). A cada mudança de patamar, somando títulos expressivos e contratações de impacto, vem o velho “e se” em relação a algo parecido no Brasil. Até hoje, nunca aconteceu. Não nesses moldes.

O caso principal, ainda num estágio inicial, é o do Bragantino, negociado para uma empresa multinacional e agora chamado de “Red Bull Bragantino” – no ano de estreia, em 2019, foram investidos R$ 45 milhões, com promessa de R$ 200 milhões em 2020, na volta à Série A do Brasileiro. Entretanto, o fato de não ser um clube popular deixa o caso um pouco à parte.

Daí a mudança na discussão após a notícia veiculada pela Gazeta Esportiva, em 9 de janeiro, sobre o interesse do bilionário russo Ivan Savvidis, de 60 anos, dono de empresas (Dimera Group) e grupos de investimentos (Belterra Investiments). Segundo a Forbes, ele tem uma fortuna estimada em US$ 1,6 bilhão. Na moeda brasileira, isso corresponde a R$ 6,37 bilhões.

Segundo a reportagem, o magnata estaria procurando clubes (de massa) abertos a parcerias ou até mesmo vendas definitivas – um interesse iniciado pelo filho dele, Giorgos. No futebol, Ivan já foi o presidente do Rostov, da Rússia, entre 2002 e 2005, e desde agosto de 2012 é o proprietário do PAOK, da Grécia, após um investimento de 20,8 milhões de euros (somando a compra de 51% e a quitação de débitos). Lá, já conquistou 1 título nacional, acabando um jejum de 34 anos, e 3 copas nacionais.

No Brasil, os dois primeiros alvos seriam Fortaleza e Paraná, clubes com as mesmas cores da bandeira da Rússia – azul, branco e vermelho. Pela ordem de preferência, por estar na primeira divisão e ter uma torcida maior, o leão do pici. E o assunto, claro, repercutiu na capital cearense, com uma resposta do clube. Abaixo, a nota oficial do Fortaleza, informada por André Almeida, repórter do site globoesporte.

“Sobre o interesse de investidores russos, o Fortaleza Esporte Clube informa: o presidente Marcelo Paz recebeu um contato inicial, de apresentação, via WhatsApp, de um representante do clube grego PAOK. Não houve qualquer conversa além disso. Com a clareza e transparência de sempre, manteremos a torcida informada em caso de novos contatos.”

A seguir, algumas observações do blog sobre essa movimentação, que pode, em pouco tempo, sacudir a estrutura do futebol brasileiro.

1) A informação inicial era verdade e houve, de fato, o contato, ainda que embrionário.

2) Qual seria o “valor de compra” do Fortaleza, que tem cerca de 2 milhões de torcedores e cujo orçamento anual hoje passa de R$ 100 milhões? Sem contar o potencial, a localização estratégica, o histórico financeiro etc. Não é um cálculo simples e rápido. Em 2019 chegou a ser noticiada uma proposta de R$ 100 milhões pelo CSA, através de uma empresa chinesa. Não andou.

3) Considerando o histórico nos clubes anteriores sob o comando de Savvidis, em tese não seria necessária uma mudança de identidade. O PAOK não virou “Dimera PAOK”, por exemplo, e as suas cores, alvinegras, foram mantidas. Entendo que isso facilitaria a aceitação da torcida.

4) O Manchester United foi negociado há quase 30 anos, ocorrendo uma verdadeira transformação desde então. O clube tornou-se o maior campeão da Premier League, saltando de 7 para 20 títulos. Na última década foi a vez do rival City passar por algo semelhante, já com o mercado inglês estabelecido. Aqui, a “propriedade” de um clube de massa seria amplamente debatida em seu primeiro caso. Ainda mais pela cobrança de resultados de grande porte, visto em outros países.

5) O efeito cascata. À parte de movimentos fracassados no passado, como a ISL no início do século XXI (com Flamengo e Grêmio), uma entrada massiva de dinheiro num clube à parte do “eixo” (Rio-SP) poderia provocar a aproximação de outros grupos econômicos. Em pouco tempo isso poderia deixar o Brasileirão inflacionado – usei essa palavra porque não necessariamente seria “rico”. Ou seja, o trabalho de gestão seria ainda maior, mais decisivo. Mas na visão de um dono, lembrando.

6) A legislação brasileira permite a aquisição de clubes, a partir de certos requisitos. No caso, virando uma empresa de fato, seguindo normas do mercado. Vale lembrar um exemplo numa escala mínima. Em 1996 surgiu o Unibol, o primeiro clube-empresa de Pernambuco, criado pelo Grupo Moura. Dois anos depois, foi vendido a uma rede de lojas, a Via Sports, por R$ 50 mil! Também existem arrendamentos provisórios, caso do Paulista de Jundiaí, que durante oito anos foi chamado de “Lousano Paulista”, devido à parceria com a indústria de condutores elétricos. Assim como o Braga, exemplo atual, esses times não tinham o peso da torcida. Nem a favor nem contra.

7) No Brasil, com a figura do “clube sócio-esportivo”, com quadros sociais enormes e categorias patrimoniais, o estatuto interno tende a ser uma barreira – sobre a palavra barreira, não me refiro ao “avanço”, mas sim à possibilidade do negócio. Assim como citei que não seria simples mensurar o valor do clube, na obs 2, a burocracia seria outro entrave. Ao menos para a compra.

8) Sem mudar o nome e as cores, o que você acharia da venda do seu clube? E adaptando o nome e as cores, o que você acharia da venda do seu clube? Perguntas importantes para a compreensão de um cenário do tipo, cujo desprendimento estaria no limite de uma paixão de anos.

9) Largando na frente, considerando um investimento semelhante ao realizado no PAOK, o Fortaleza conseguiria fazer frente? Difícil imaginar que não.

À parte do desfecho da história, amanhã ou num futuro próximo pode ser o seu clube…


Compartilhe!