O maior estádio da Bahia não será mais utilizado no Nordestão 2020. Foto: Fonte Nova/divulgação.
A cidade de Salvador foi confirmada como sede única dos 16 jogos restantes da Copa do Nordeste em 7 de julho. No caso, seriam utilizados os estádios da capital baiana com o apoio de Feira de Santana na última rodada, devido à necessidade esportiva jogos simultâneos – o município fica a 115 km de distância. Na ocasião, comentei que a utilização da Fonte Nova, hoje com um hospital de campanha visando o combate ao Covid-19, seria um contrassenso. Eis o trecho:
“Parte da Fonte Nova foi utilizada para a montagem de um hospital de campanha durante esta crise do Coronavírus – no caso, a área interna do empreendimento. Neste caso, mesmo que o jogo eventualmente não atrapalhe em nada o ambiente hospitalar (e na prática não deve mesmo), o simbolismo disso é ruim, como já foi no Maracanã, cuja volta do Campeonato Carioca, com Bangu 0 x 3 Flamengo, aconteceu no mesmo dia em que morreram duas pessoas no hospital de campanha montado no estádio.”
O hospital de campanha foi inaugurado em 6 de junho, inicialmente com 70 lentos. Hoje são 240, todos para atendimento de pacientes com Coronavírus, incluindo internações em UTI, com 100 leitos, onde pessoas vêm lutando pela vida. É difícil dissociar isso do efeito lúdico no mesmo empreendimento, no gramado. Não por acaso, três dias após a confirmação da sede única em caráter excepcional veio a notícia sobre a retirada da Fonte Nova do projeto final. Tecnicamente, a arena oferece todas as condições para a realização de um jogo de futebol profissional – as melhores do estado, diga-se. Entretanto, o bom senso prevaleceu sobre uma causa muito maior, numa sociedade com simbolismos importantes. E a empatia é um deles.
Antes da confirmação, o próprio governador do estado, Rui Costa, disse que a ideia de jogos por lá “não agradava”. O meia Rodriguinho, principal nome do time do Bahia, também disse ser contra a ideia de jogar na Fonte, apenas para citar dois círculos distintos. Ambas as declarações foram publicadas no jornal Correio*, de Salvador. Antes da divulgação da tabela oficial, via CBF, a informação do veto se espalhou, com a confirmação através do diretor da Liga do NE, Alexi Portela, ao repórter João de Andrade Neto, do Diario de Pernambuco.
Foi um erro no Maracanã, e que já se mantém há semanas. O trabalho do hospital não foi afetado nem os jogos no campo. Entretanto, pesa a imagem. Embora seja contra a volta do futebol neste período, ainda com números elevados no Covid-19, entendo que há um mínimo a ser compreendido. E o mínimo parece ter sido feito na Copa do Nordeste.
Os estádios para a reta final do Nordestão 2020
Agora, são quatro palcos: Barradão, Pituaçu, Joia da Princesa (Feira) e Arena Cajueiro (Feira). Com isso, ao menos um centro de treinamento deverá incorporado para a 8ª rodada, o CT Praia do Forte. Afinal, a retirada da Fonte Nova dificultou, diria até consideravelmente, a composição da tabela neste rodada – com a necessidade de jogos simultâneos, mesmo com concessões. Porém, ainda assim, acho que esta decisão teria que ser prioritária. E foi. Sobre a tabela final, a conferir.
Atualização – A tabela oficial foi divulgada horas após o veto. Confira aqui.
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