Com 49 títulos estaduais, o tricolor só está abaixo ABC de Natal, que tem 55. Fotos: Max Haack/FBF.
Numa disputa com 16 pênaltis, o goleiro Douglas espalmou a cobrança de Dedeco e assegurou o título estadual do Bahia em 2020, após dois empates com o Atlético de Alagoinhas. Em Pituaçu, o palco das finais, como no Nordestão, o tricolor celebrou o campeonato pela 49º vez, ampliando uma hegemonia virtualmente inalcançável – o Vitória tem 20 taças a menos. Inclusive, o clube chegou ao tricampeonato baiano, feito obtido pela última vez em 86, 87 e 88, ano do bicampeonato nacional. Faz bastante tempo e a torcida tricolor estava com saudade de ser dominante do estado em uma sequência duradoura. Ainda assim, é preciso pontuar o contexto do título.
Ocorreu quatro dias após a decisão da Copa do Nordeste, quando o time, apático, acabou superado pelo Ceará. A orelhuda dourada era o principal objetivo, tanto que a campanha no campeonato baiano, disputado paralelamente, contou com o time de transição – com jogadores Sub 23 e treinado por Dado Cavalcanti, já dissolvidos – em oito partidas, pelos reservas em quatro partidas e pela força máxima disponível somente em uma oportunidade.
Pelo discurso adotado pelo clube, a escalação na decisão local surpreendeu. E aqui vai uma observação bem particular. Sou da linha que o clube pode (deve!) jogar o Estadual com uma equipe alternativa e utilizar uma escalação mais encorpada na final (ou seja, em 1 ou 2 jogos dos 13 previstos campanha). O meu ponto é que o discurso da direção dava a entender que não haveria exceção neste planejamento. Mas houve, até porque a pressão após o vice na Lampions ficou enorme, sobretudo em cima de Roger, que não consegue fazer o time evoluir, de fato, desde o returno da Série A de 2019. Foi assim nos quatro jogos finais, no NE e na BA.
Mesmo atuando quatro vezes em Pituaçu, de portões fechados, é verdade, o time não venceu um jogo sequer – 2E contra o Atlético e 2D contra o Ceará. Pior. Passou longe de controlar do jogo. Assim, este tri alimenta bem a estatística do Baêa, já favorável na Boa Terra, mas pouco acrescenta para a aguardada campanha no Brasileirão, onde o clube segue cotado para ficar entre os dez primeiros, o que não acontece desde 2001, quando acabou em 8º lugar.
O roteiro de sábado para o Tri
A letargia do Bahia impressionou no 1T, com Roger gastando a voz na área técnica, bastante insatisfeito. O scout de finalizações chegou a apontar 5 x 0 para o visitante, com o tricolor tendo uma (boa) chance no finzinho. Muito pouco para funcionar como resposta à pressão. No 2T, Magno Alves abriu o placar para o Atlético aos 14 minutos, num chute de fora da área. Só depois disso o Bahia conseguiu produzir algo, com o empate aos 25, com Daniel, confirmado pelo VAR. No geral, o empate em 1 x 1 marcou outra apresentação abaixo do Baêa. Nos pênaltis, o tricolor desperdiçou uma cobrança, com Marco Antônio, mas converteu outras sete, com Élber, Clayson, Juninho, Saldanha, Juninho Capixaba, Nino e Gregore. Fechou em 7 x 6. Bahia, de novo tricampeão.
A campanha do campeão baiano de 2020
13 jogos
6 vitórias
6 empates
1 derrota
17 gols marcados
8 gols sofridos
Escalação do Bahia (melhores: 1 Douglas, 2 Élber, 3 Nino)
Douglas; Nino Paraíba, Lucas Fonseca, Juninho e Juninho Capixaba; Ronaldo (Gregore), Flávio (Danielzinho) e Rodriguinho (Marco Antônio); Élber, Fernandão (Saldanha) e Rossi (Clayson). Técnico: Roger
Escalação do Atlético (melhor: Magno Alves)
Fábio Lima; Paulinho (Edson), Mailson, Eduardo e Felipinho; Lucas Alisson, Dedeco e Edilson (Alex); Tobinha (Reninha), Magno Alves e Russo (Vitinho). Técnico: Agnaldo Liz
Encerrando a década, o Bahia chegou à sexta taça no período entre 2011 e 2020. À parte disso, o tricolor já detinha o status de campeão da década na Boa Terra, o que não acontecia desde os anos 80 – foram duas décadas com domínio do rival Vitória, que faturou 14 taças entre 1991 e 2010. Na história, foi a 7ª década dominada pelo Esporte Clube Bahia. Parabéns aos tricolores!
Os campeões baianos em cada década
1901-1910 – São Salvador e Vitória (2); Cricket e Santos Dumont (1)*
1911-1920 – Ypiranga (3); Flu de Salvador (2); Sport, Atlético, Inter, Botafogo e República (1)
1921-1930 – Ypiranga (4) e Botafogo (4); Bahiano e AAB (1)
1931-1940 – Bahia (6); Botafogo (2); Ypiranga (2); Galícia (1)**
1941-1950 – Bahia (6); Galícia (3); Guarany (1)
1951-1960 – Bahia (6); Vitória (3); Ypiranga (1)
1961-1970 – Bahia (4); Vitória e Flu de Feira (2); Leônico e Galícia (1)
1971-1980 – Bahia (8); Vitória (2)
1981-1990 – Bahia (7); Vitória (3)
1991-2000 – Vitória (6); Bahia (5)***
2001-2010 – Vitória (8); Bahia e Colo Colo (1)
2011-2020 – Bahia (6); Vitória (3); Bahia de Feira (1)
* O torneio começou em 1905. Logo, foram 6 edições na década
** Em 1938 houve divisão de título entre Bahia e Botafogo
*** Em 1999 houve divisão de título entre Bahia e Vitória
Nº de títulos conquistados no período 2009-2020* (12 taças)
6x – Bahia
5x – Vitória
1x – Bahia de Feira
* Desde que a competição passou a prever a realização de semifinal e final
A análise do Podcast 45 Minutos (Cascio Cardoso, Juliana Lisboa e Vitor Villar):