Da saída de um ao anúncio do outro, 2 minutos. Fotos: Rafael Melo e Rodrigo Baltar, via Santa.
De forma surpreendente, o Santa Cruz trocou o comando técnico da equipe antes da 6ª rodada da Série C. Desta vez, foi forçado a isso, pois Itamar Schulle pediu para sair, com direito à pagamento da multa rescisória, após receber uma proposta de trabalho.
Em tese, do Oeste, na lanterna da Série B – o único sem vitórias após oito rodadas. A escolha, questão salarial à parte, chama a atenção sobre a gestão de carreira do treinador, que deixa de viabilizar (como favorito) uma disputa pelo acesso da C pra B em um clube de massa para tentar evitar o rebaixamento da B pra C numa equipe (limitada) sem apelo, a não ser por estar sediada em São Paulo. Porém, neste caso, ele precisará, necessariamente, de resultados favoráveis para justificar.
A saída aconteceu após a primeira derrota depois de 12 jogos de invencibilidade, numa sequência que vinha desde março – mas pontuada por eliminações nos pênaltis, incluindo a final do Pernambucano diante do Salgueiro. Além disso, houve a desastrosa entrevista expondo direção e atletas, além de termos homofóbicos – chegou a pedir desculpas por isso, tamanha a pressão. Talvez ele tenha se antecipado a um momento interno, próximo ao limite, mas o trabalho de campo era bom, com apenas 4 derrotas em 28 jogos.
Definida a saída de Itamar, a direção do Santa se mexeu rapidamente e acertou com Marcelo Martelotte, que chega para comandar o clube pela 4ª vez nesta década. Nas duas primeiras passagens, obteve resultados imediatos, com o título estadual em 2013 e o acesso à elite nacional em 2015. Na última, em 2017, num trabalho de apenas 14 partidas, só venceu uma e não evitou a queda à terceira divisão – cuja presença se mantém. Ali, o novo técnico também deu uma entrevista explosiva, sobre problemas internos do Santa (“faltou competência para gerir os problemas”), mas num cenário um pouco diferente. Pois ali havia de fato uma crise estabelecida, sendo comentada por ele numa coletiva – enquanto Itamar criou a própria crise.
A escolha de Martelotte me pareceu uma cartada excessivamente fácil, em termos de ideias, numa costura de continuidade para o Brasileiro, com o jogo contra o Remo já em 13/09 – resta saber se Martelotte, afeito a equipes ofensivas, conseguirá manter a solidez do antecessor. Curiosamente, a saída de um foi anunciada às 13h32 e a chegada do outro foi confirmada às 13h34, considerando as publicações no perfil oficial no Twitter. Tricolor, o que você achou?
A cronologia da troca no Arruda em 08/09/2020
13h32 – “O técnico Itamar Schulle pediu para sair do Santa Cruz. O profissional vai pagar a multa rescisória conforme estabelecida no contrato.”
13h34 – “Marcelo Martelotte é o novo treinador do Santa Cruz. Desejamos boas vindas ao profissional que já fez história no Arruda. Vamos juntos!”
O ex-técnico, Itamar Schulle (2020)
28 jogos
15 vitórias (53,5%)
9 empates (32,1%)
4 derrotas (14,2%)
64,2% de aproveitamento
Altos e baixos: Vice-campeão estadual, quartas do Nordestão e 2ª fase da Copa do Brasil
O novo técnico, Marcelo Martelotte (2013, 2015-2016 e 2017)
87 jogos
42 vitórias (48,2%)
22 empates (25,2%)
23 derrotas (26,4%)
56,7% de aproveitamento
Altos e baixos: Campeão estadual em 2013, acesso à Série A em 2015 e queda à Série C em 2017
A análise do Podcast 45 Minutos (Celso Ishigami, Diego Borges, Fred Figueiroa e João de Andrade):