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Até a partida no Arruda, a Seleção Brasileira vivia um jejum de 5 anos diante da Argentina.

Em 2021, a Arena Pernambuco deverá receber um duelo entre Neymar e Messi, líderes de suas seleções em um jogaço pelas Eliminatórias do Mundial do Catar. Será a 2ª edição do clássico entre Brasil e Argentina no estado. Em 1994, o Arruda recebeu uma partida histórica.

Na ocasião, os dois times também contavam alguns dos maiores nomes do futebol, em escalas diferentes. Os hermanos vieram com Maradona, já consagrado como campeão mundial (em 1986), enquanto os brasileiros tinham Ronaldo (ainda sem o apelido de Fenômeno). Curiosamente, ambos no banco.

Aqui, a história de 1994 contada a partir dos bastidores sobre os dois jogadores…

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Brasil x Argentina na Arena Pernambuco em 2021. Neymar x Messi em Pernambuco…?

A única partida do Fenômeno em Pernambuco aconteceu em 23 de março de 1994, em uma noite de quarta-feira, com céu limpo. Aos 17 anos, franzino, ele estreou na Seleção Brasileira justamente no Recife, num histórico amistoso contra a Argentina, no Arruda. No 1º dos seus 105 jogos com a camisa verde e amarela, Ronaldo substituiu Bebeto aos 35 minutos da etapa complementar. O atacante do Cruzeiro pouco fez naquela partida, ao contrário do próprio Bebeto, que fez os gols da vitória por 2 x 0 – recebendo duas assistências de Muller.

Será que ao menos um dos 90.400 torcedores apinhados no Mundão imaginava que ali estava um gênio do futebol brasileiro? Ainda adolescente, eu era um entre tantos na arquibancada naquela partida – assisti no anel inferior, atrás da barra, e achava Bebeto o verdadeiro craque do time que veio à capital pernambucana para agradecer à arrancada de meses antes. Nem mesmo a imprensa, com menos foco sobre o ainda reserva – Raí, o capitão (!), era o nome mais badalado. Se era evidente o desconhecimento em relação à presença de um gênio em campo (embora fosse tido como grande promessa), o mesmo não ocorria pelo lado argentino, com Maradona.

Já apontado como um dos maiores nomes da história do futebol, “El Diez” saiu do túnel com a camisa 11 e com a flâmula da AFA na mão, puxando o time dos hermanos para o duelo preparatório visando o Mundial dos EUA, a três meses dali. Eis a descrição daquela cena na reportagem do Diario de Pernambuco da época: “A vaia no Arruda chegou até a Encruzilhada”. Infelizmente, Dieguito não jogou, pois sentiu uma lesão muscular na véspera. Infelizmente sim, pois mesmo sendo um adversário de peso, o público pernambucano queria muito ter visto o craque em ação antes de sua quarta e última Copa do Mundo – em campo, a atração do rival acabou sendo o atacante Batistuta, o “Batigol”.

Assim como aconteceria com Ronaldo, de forma efetiva, aquela também foi a única passagem do grande astro portenho no Recife. Suficiente para mostrar toda a “marra” de Don Diego, já vivido, com 33 anos. A delegação da Argentina ficou hospedada no Mar Hotel, em Boa Viagem. E “El Pibe de Oro” ocupou, sozinho, a suíte presidencial, com nada menos que 160 metros quadrados, espaço distribuído em três ambientes exclusivos, escritório, dois banheiros e hidromassagem com TV. A diária luxuosa custou 1.300 dólares (imagine hoje!). E Maradona aproveitou.

Às 4h da madrugada do dia partida contra a Canarinha, o meia argentino, já ciente de que não teria condições de jogar, pediu uma garrafa de champanhe, um sanduíche e uma porção de batatas fritas, numa apuração curiosa – e bastante interessante. Estava tranquilo, tranquilo. Até porque o seu quarto tinha a presença de seguranças particulares, 24h. Em outro hotel da cidade, Ronaldo ainda era só um garoto de 17 anos deslumbrado com a Seleção…

Como curiosidade, eis a ficha técnica do primeiro Superclássico das Américas em Pernambuco.

Brasil 2 x 0 Argentina
Data: 23/03/1994. Local: Arruda. Árbitro: Wilson Souza. Gols: Bebeto (2x, aos 6/1T e 32/2T). Cartões amarelos: Simeone, Cáceres e Leonardo Rodriguez (A)

Brasil: Zetti; Cafu, Ricardo Rocha, Ricardo Gomes (Mozer) e Branco (Leonardo); Mauro Silva, Dunga (Mazinho), Raí (Rivaldo) e Zinho; Bebeto (Ronaldo) e Muller. Técnico: Carlos Alberto Parreira

Argentina: Goycoechea; Hernán Diaz, Vasquez, Cáceres e Chamot; Redondo, Simeone, Cagna (Montserrat) e Leonardo Rodriguez (Ortega); Claudio Garcia e Batistuta. Técnico: Alfio Basile

Abaixo, um frame da transmissão na Rede Globo, informando a numeração do banco. Lado a lado, Rivaldo (camisa 21) e Ronaldo (19), que formariam a dupla do penta, em 2002.

Agora, um frame com o banco de reservas da Argentina. Maradona é o último atleta à direita.

Eis uma visão central do Arruda. O público de 90,4 mil foi o segundo maior da história do estádio do Santa Cruz, superado apenas por Brasil 6 x 0 Bolívia, um ano antes, com 96,9 mil.

Por fim, o registro do segundo gol de Bebeto no jogo, cabeceando no ângulo de Goycoechea. Fez 2 naquela noite e já havia feito 2 contra a Bolívia, no mesmo palco. Pela Seleção, 42 gols.

Confira o texto original da Folha de S. Paulo sobre o amistoso em 1994 clicando aqui.

Assista à íntegra do amistoso em 1994, com narração de Galvão Bueno, clicando aqui.

Em 2021, um novo capítulo do clássico em Pernambuco. Desta vez, valendo 3 pontos…


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