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A “tropa” alvirrubra repetiu o placar diante do rival e avançou. Foto: Tiago Caldas/Náutico.

Era clássico, com a imprevisibilidade que inclusive marca o nome do duelo. No entanto, também havia uma considerável diferença técnica, que nem sempre é equiparada pelo simples fato de ocorrer num confronto tradicional. Assim, sem surpresa, o Náutico venceu o Santa Cruz por 2 x 1 e avançou à final do Pernambucano 2021, sendo a 5ª vez desde a implantação do sistema mata-mata, já com doze edições, ou a 3ª nas últimas quatro edições, virando figura recorrente.

Numa temporada ruim, já com o terceiro treinador efetivo, o tricolor foi ao jogo na Arena Pernambuco baseado em uma atuação competitiva, diante do Retrô, na reta final da primeira fase. Já nas quartas a atuação foi fraca, sem furar a retranca do Afogados. Passou nos pênaltis porque a melhor peça do time, hoje, está embaixo da trave. À parte de Jordan, faltava bastante para mudar o roteiro. O jogo contra o timbu até seria diferente, com mais campo, mas desde que conseguisse produzir. Pois o Náutico, pelo que fez nesta campanha, produziria.

Ou seja, poderia ser um jogo aberto, mesmo com um lado sendo mais técnico. Durante 88 minutos, nem isso. O time de Hélio dos Anjos dominou as ações ofensivas, com o “visitante” tendo apenas uma chance no 1T, num chute pra fora de Chiquinho, o jogador de linha mais lúcido no Santa – à frente, Pipico aumentou o jejum para dez jogos. No Náutico, buscando as pontas, as chances foram aparecendo, até mesmo pela quantidade de erros dos corais.

No primeiro gol, aos 18, Hereda acreditou até o fim e, em cima da linha, cruzou para Kieza marcar, esperto entre os zagueiros. Jordan garantiu a diferença mínima até o intervalo. O volume era o retrato que, friamente, se esperava. Um time jogando bola, o outro nem tanto – por assim dizer. No intervalo, Bolívar fez três alterações de uma vez. Entre as saídas, os experientes volantes Elicarlos (apagado) e Derley (desatento demais).

E o princípio de reação sumiu com 6 minutos, com Digão cometendo um pênalti inacreditável, puxando Bryan na cara do juiz. Na cobrança, Kieza converteu e chegou a 9 gols em 10 jogos no PE. Artilheiro isolado, ampliou o scout do trio alvirrubro, com 19 dos 26 gols do time – com 5 de Erick e 5 de Vinícius. Essa proposta ofensiva foi vista em São Lourenço e acabou valendo a vaga na decisão. Se a mexida tripla do Santa foi um “tudo ou nada”, o caso do Náutico, as três substituições aos 32 minutos já foram para poupar os principais nomes visando a final, tamanho o controle do jogo, mesmo sem forçar àquela altura. Mas, no fim das contas, era um clássico, o Clássico das Emoções. Desorganizado e já abatido, o Santa conseguiu diminuir aos 43, com Paiva, que entrara há pouco, marcando contra após uma bola na área.

Nos acréscimos, no abafa, os corais ainda tiveram a bola do empate, com França batendo por cima. Um susto no Náutico, que também pode ser aproveitado para a decisão, onde precisará ter concentração por 90 minutos, e não por 88. Com 8V, 1E e 1D, o timbu chega com justiça para tentar o 23º título, inclusive com o mando na volta. Na semi, era o favorito e venceu.

Fim do tabu no mata-mata
A classificação alvirrubra também valeu o fim de um tabu de 11 anos. O Náutico não eliminava o Santa em um mata-mata desde a semifinal estadual de 2010. Depois disso foram cinco confrontos e cinco classificações tricolores, sendo quatro no Pernambucano e uma na Copa do Brasil.

Santa fora do Nordestão 2022
Eliminado, o Santa perdeu a única chance de ir à próxima Lampions, ficando de fora após 6 anos. Com a redução de vagas em PE, de 3 para 2, e com o ranking local insuficiente, só o título servia. Neste ano, só pela 1ª fase, recebeu R$ 1,46 milhão. E a Copa do Brasil? Só via ranking, bem difícil.

Escalação do Náutico (melhores: Kieza, Hereda e Bryan; pior: Trindade)
Alex Alves; Hereda, Wagner Leonardo, Camutanga e Bryan; Djavan (Matheus Trindade, 25/2T), Rhaldney (Marciel, 18/2T) e Jean Carlos (Luiz Henrique, 32/2T); Erick, Kieza (Paiva, 32/2T) e Vinícius (Giovanny, 32/2T). Técnico: Hélio dos Anjos

Escalação do Santa Cruz (melhor: Jordan; piores: Derley, Pipico e Digão)
Jordan; Digão, William Alves, Breno Calixto e Eduardo; Derley (Karl, intervalo), Elicarlos (Augusto César, intervalo) e Chiquinho; Madson (Adriano Michael Jackson, 23/2T), Pipico (Léo Gaúcho, 16/2T)e Bustamante (França, intervalo). Técnico: Bolívar

Histórico geral do Clássico das Emoções (todos os mandos)
531 jogos
203 vitórias do Santa (38,2%)
156 empates (29,3%)
171 vitórias do Náutico (32,2%)
1 placar desconhecido (em 1931)

Náutico no Estadual na era do mata-mata
2010 – Final (vice)
2011 – Semifinal (3º lugar)
2012 – Semifinal (4º lugar)
2013 – Semifinal (3º lugar)
2014 – Final (vice)
2015 – Não se classificou (6º lugar)
2016 – Semifinal (3º lugar)
2017 – Semifinal (4º lugar)
2018 – Final (campeão)
2019 – Final (vice)
2020 – Semifinal (3º lugar)
2021 – Final (vs Sport ou Salgueiro)
Desempenho: 18 duelos, com 50% de aproveitamento (9 classificações e 9 eliminações)

A análise do Podcast 45 Minutos (Cassio Zirpoli, Filipe Assis, João de Andrade e Filipe Assis):


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