Nesta segundona serão 190 partidas com a utilização da tecnologia. Foto: Joílson Marcone/CBF.
O conselho arbitral da Série B de 2021 foi realizado em 25 de março, via videoconferência a partir da sede da CBF. Na ocasião, havia a expectativa sobre a oficialização da estreia do árbitro do vídeo, já presente na primeira divisão há três edições. Acabou sendo surpreendente que o tema tenha ficado de lado.
A falta de receita obviamente não foi o motivo. Em 2020, mesmo com a pandemia da Covid-19 e com o calendário da Seleção Brasileira quase inexistente, a confederação teve uma receita total de R$ 716 milhões – no ano anterior, num cenário normal, o montante foi de R$ 957 milhões. A queda de 25% no faturamento da CBF não impediu que a entidade continuasse registrando superávit milionário, e pela 14ª vez consecutiva.
O saldo positivo no ano, na subtração entre receitas e despesas, caiu de R$ 190 mi para R$ 48 mi, bem além de qualquer crise econômica – ainda mais observando os filiados. Lembrando que o valor original do VAR na Série A, por todos os jogos, era de R$ 20 milhões. Pois bem, começou a Série B, apontada como a maior da história, devido às presenças de Cruzeiro, Vasco e Botafogo, e erros previsíveis e evitáveis sugiram de todos os lados, contra e a favor.
Quase quatro meses após aquele encontro virtual, a CBF – imersa numa nova crise política, com mudança de presidente – anunciou a utilização do VAR, totalmente custeado. A segunda divisão está na 13ª rodada, mas por uma questão de isonomia, o recurso será adotado a partir da 20ª rodada, no início do returno. Antes tarde do que nunca, mas fica bastante claro que a decisão inicial foi equivocada, considerando o avanço do futebol e a capacidade financeira para operar a tecnologia. Portanto, enfim passaremos a observar decisões mais precisas, sobretudo em lances de impedimento, nos Aflitos (Náutico), no Barradão (Vitória), no Castelão (Sampaio Corrêa), no Rei Pelé (CRB e CSA) e no Batistão (Confiança), entre outros palcos.
Talvez para borrar um erro tão crasso, a CBF tenha anunciado logo a ampliação do VAR às Séries C e D, neste caso visando as fases finais desta temporada. Em termos desportivos, me parece até mais correto que o formato escolhido para a Série B, com fase única. Porém, na “dividida” entre ter o árbitro de vídeo no meio do torneio ou não ter, escolho a primeira opção.
Eis um trecho do comunicado da CBF:
“As Séries B, C e D do Campeonato Brasileiro contarão com a utilização do árbitro de vídeo (VAR) ainda nesta temporada. Com os custos totalmente arcados pela CBF, a Série B utilizará a ferramenta em todas as 190 partidas do segundo turno do Brasileirão. Já nas Séries C e D a implementação da tecnologia abrangerá as fases finais das duas competições, totalizando 26 e 14 jogos, respectivamente.”
Somando todas as competições organizadas pela CBF na temporada “2021”, o VAR será utilizado em 651 jogos – dos quais 380 (ou 58%) na Série A. Um ponto facilitador para o uso da ferramenta foi a criação do Centro de Excelência da Arbitragem Brasileira (CEAB), no Rio de Janeiro, onde são analisadas todas as imagens. No início, cada estádio precisava construir uma central específica para o VAR, encarecendo a ideia e inviabilizando alguns locais.