A passagem de Lisca no América foi a sua melhor nos últimos anos. Imagem: Globo/reprodução.
O acerto entre Sport e Lisca, visando o restante da Série B de 2022, coloca à prova um desejo antigo das duas partes. Desde a primeira passagem do técnico pelo Náutico, em 2014, ficou a sensação de que uma hora haveria um trabalho dele também na Ilha do Retiro. Sensação, reforço, por falas das duas partes. E isso é algo bem à parte do perfil “Lisca Doido”, com subida no alambrado no estádio do rival e provocações mútuas com Neto Baiano. Afinal, havia uma leitura tática e capacidade de organização de jogo bem interessante por parte do treinador.
De lá pra cá, nesses oito anos, Lisca rodou bastante no futebol brasileiro, tendo destaque no Ceará, evitando o rebaixamento na Série A de 2018 com uma recuperação impressionante, e no América Mineiro, com um time extremamente ajustado, que rendeu o acesso na Série B de 2020 e a classificação à semifinal da Copa do Brasil. Porém, no Vasco, no último trabalho, foram apenas 12 jogos. Isso ainda em 2021, ficando no mercado desde então, esperando e rechaçando propostas, inclusive uma do próprio Sport, após a saída de Florentín em março.
A necessária evolução do temperamento
É inegável que o ambiente interno em alguns casos definiu a passagem de Lisca, um detalhista. Pois a linha é tênue entre obediência tática e impaciência. Casos vistos no Vasco e, de forma ainda mais arisca, no Paraná Clube em 2017. Daí, parece haver a mesma expectativa a cada a vez em que Lisca é contratado, de que será “8 ou 80”. Ou seja, ou de que vai dar muito certo ou vai dar muito errado. Com quase 10 anos de vida em clubes relevantes, desde a efetivação no Juventude, Lisca tem consciência deste papel mental, que é o mais importante neste processo de gestão de elenco, óbvio. Inclusive, reconheceu isso em algumas entrevistas.
De certo modo, então, essa parece ser sempre a “única” dúvida sobre o resultado final, já que em campo o técnico gaúcho de 49 anos é capaz de render bem e agora foi, sim, uma escolha muito interessante, ainda mais considerando a troca com Gilmar Dal Pozzo. Lisca chega com o rubro-negro em 5º lugar, mas já tendo Cruzeiro e Vasco fora, o que pode distanciar um pouco o G4. Deixando a tabela de lado, por enquanto, o foco vai no desempenho. Assim como os comandantes anteriores do leão, ele já tem uma defesa pronta, com rendimento elevado até na 1ª divisão, apesar do rebaixamento. Queda esta causada pela gritante falta de ataque, algo que agora vem travando a presença no G4, com apenas 9 gols em 14 jogos no Brasileiro.
O ajuste imediato, com ou sem reforços
Os reforços ofensivos devem chegar somente no fim do primeiro turno, na abertura da última janela de inscrições, mas ainda assim sem uma certeza de competitividade necessária – pela falta de recursos do clube e de criatividade mesmo. Sendo assim, cabe a Lisca a busca por soluções ofensivas no elenco, sendo num modelo reativo, uma característica mais forte em seu histórico, seja propondo, uma necessidade diante da maioria dos adversários nesta segunda divisão. A tendência, creio, é sair imediatamente da linha Jáderson por Bill e Bill por Jáderson, que não deu certo certo até aqui, pois teimoso é uma coisa, doido é outra.
Torcedor, o que você achou da contratação de Lisca pelo Sport? 8 ou 80?
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