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A decisão da Copa do Nordeste de 2018, realizada apenas em 7 de julho, durante a Copa do Mundo, ocorreu numa atmosfera grandiosa, com recorde de público entre clubes na Fonte Nova e bilheteria milionária. Em seu último ato, a 15ª edição acabou tendo uma embalagem que não condiz com o restante da competição, esvaziada. Até ali, a média de público pagante era de 3.662 pessoas, não muito diferente dos deficitários campeonatos estaduais. Mesmo turbinado, o dado final de 4.266 foi o pior nesta volta oficial da Lampions, em 2013. Vai de encontro ao objetivo inicial de superar a casa de 10 mil espectadores por jogo.

O calendário espremido entre os Estaduais, o Brasileiro e, por último, o Mundial da Rússia foi um grande entrave, assim como a mudança na tevê aberta, da Rede Globo, que desistiu de adquirir o sublicenciamento junto ao Esporte Interativo, detentor dos direitos em todas as plataformas até 2022, para o SBT, em suas nove afiliadas nordestinas. Só aí a audiência caiu para menos da metade (de 24 para 10 pontos no Ibope). O curioso é que o gasto com marketing nesta temporada foi o maior já visto, uma vez que a soma de cotas de participação, viagens, hospedagens, arbitragem e marketing girou em torno de R$ 30 milhões, sendo 7,6 milhões de reais com a divulgação do torneio, que teve como principal patrocinadora a cervejaria Schin, tendo ainda Caixa e Pitú.

No geral, a movimentação financeira do Nordestão em 2018 foi a maior nessas seis edições consecutivas, passando de R$ 34 milhões, com R$ 2,6 mi a mais que o recorde anterior, de 2017. Entretanto, conforme dito acima, é preciso ressalvar esse crescimento, baseado na ampliação contratual das cotas aos 20 clubes, de R$ 22,4 milhões, sendo R$ 3,35 mi para o campeão Sampaio, assim como o investimento gradativo em marketing. Por parte da torcida, ou seja, em termos de renda nos jogos e de audiência na televisão, o engajamento foi menor – tomando como exemplo os dois jogos finais de 2017, entre Bahia e Sport, foram 4,4 milhões de telespectadores somando Recife e Salvador, os dois principais mercados.

Analisando a soma de todas as receitas da Copa do Nordeste, o quadro fica, sem surpresa, bem à frente dos nove campeonatos estaduais da região. Mas ainda não é o traçado pela Liga do Nordeste. Em 2013, entrevistei o presidente da associação, Alexi Portela, que estimou o auge do torneio justamente em 2018. Na sexta edição após a volta junto à CBF, ele imaginava um faturamento de R$ 50 milhões. Embora a edição tenha registrado o maior dado no período, só alcançou 69% da meta – com a televisão (cota/marketing) representando 86% deste montante. Ah, na ocasião o dirigente também projetou uma média de 20 mil torcedores – em 2018 chegou a 23% disso, considerando o índice de público total.

Claro que hoje o repasse da tevê é a maior verba do futebol no país, tanto que já é assim há tempos no Brasileirão, cuja escala de investimento passa de R$ 1 bilhão, mas o ponto aqui é o ‘engajamento’ do público. Desta vez foi muito abaixo. Não por acaso, a própria Liga do Nordeste discutiu um novo regulamento, que deverá ser colocado em prática em 2019, com dois grupos de oito clubes na fase principal, estimulando a disputa de mais partidas envolvendo clubes de massa. A exibição da competição tende ser rediscutida também…

Eis os dados de público pagante da Copa do Nordeste nesta retomada:

2013 (62 jogos, sendo 1 de portões fechados)
Público pagante: 517.709
Média: 8.487

2014 (62 jogos, sendo 1 de portões fechados)
Público pagante: 463.749
Média: 7.602

2015 (74 jogos, sendo 1 de portões fechados)
Público pagante: 570.777
Média: 7.818

2016 (74 jogos)
Público pagante: 434.604
Média: 5.873

2017 (74 jogos)
Público pagante: 442.454
Média: 5.979

2018 (70 jogos, sendo 1 de portões fechados)
Público pagante: 294.414
Média: 4.266

À parte do dado acima, considerando o ‘público pagante’, com o objetivo de padronizar com os números anteriores, o blog também contabilizou o ‘público total’, o critério utilizado nos demais levantamentos publicados. E o cenário não muda muito. O único lampejo ocorreu onde se esperava, no mata-mata, com média de 10.529 somando os 14 jogos das três fases eliminatórias a partir das quartas. No geral, apenas um clube superou a média de 10 mil. No caso, o Bahia, vice-campeão. Até a final na Fonte, a média também era abaixo disso (9.519).

Fase preliminar
8 jogos
17.065 torcedores (média de 2.133)
R$ 186.740 (média de R$ 23.342)

Fase de grupos
47 jogos*
153.265 torcedores (média de 3.260)
R$ 1.774.146 (média de R$ 37.747
* Ainda houve 1 jogo de portões fechados (Santa 3 x 0 Treze)

Quartas de final
8 jogos
48.625 torcedores (média de 6.078)
R$ 361.090 (média de R$ 45.136)

Semifinal
4 jogos
36.683 torcedores (média de 9.170)
R$ 453.098 (média de R$ 113.274)

Final
2 jogos
62.102 torcedores (média de 31.051)
R$ 1.779.002 (média de R$ 889.501)

Total
69 jogos*
317.740 torcedores (média de 4.604)
R$ 4.554.076 (média de R$ 66.001)
* Ainda houve 1 jogo de portões fechados (Santa 3 x 0 Treze)

As médias de público do Nordestão 2018 (entre parênteses, o nº de mandos)
1º) 15.496 pessoas (6) – Bahia
2º) 8.095 pessoas (5) – Ceará
3º) 5.649 pessoas (4) – CRB
4º) 5.229 pessoas (4) – CSA
5º) 5.130 pessoas (6) – Sampaio Corrêa
6º) 4.830 pessoas (4) – Vitória
7º) 4.425 pessoas (4) – Botafogo
8º) 4.216 pessoas (3) – Santa Cruz*
9º) 3.869 pessoas (4) – Treze
10º) 3.552 pessoas (4) – Náutico
11º) 2.154 pessoas (3) – Confiança
12º) 1.997 pessoas (5) – ABC
13º) 1.114 pessoas (1) – Parnahyba
14º) 1.094 pessoas (1) – Itabaiana
15º) 975 pessoas (3) – Salgueiro
16º) 809 pessoas (3) – Altos
17º) 785 pessoas (1) – Fluminense de Feira
18º) 773 pessoas (3) – Ferroviário
19º) 506 pessoas (4) – Globo
20º) 206 pessoas (1) – Cordino
* Ainda teve mais um jogo de portões fechados


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