Eis o troféu a caminho da galeria de títulos do museu no Estádio Centenário. Foto: AUF/Twitter.
O gol do uruguaio Luciano Rodríguez, aos 40 minutos do 2º tempo, levou à loucura a imensa maioria dos 38 mil torcedores presentes no estádio Ciudad de La Plata, na final da Copa do Mundo Sub 20. Atravessando a foz do Rio da Prata de forma massiva durante todo o dia, os uruguaios viajaram até a vizinha Argentina para assistir ao jogo contra a Itália, que acabou rendendo o primeiro título mundial do país numa categoria de base. Na verdade, considerando qualquer nível, a Celeste não erguia um troféu assim desde 1950.
Isso mesmo, desde o Maracanazo, há 73 anos. A quebra de um jejum no futebol, mesmo analisando contextos distintos, como neste caso, já costuma chamar a atenção. Agora, imagine isso numa nação tão pequena. Pra se ter ideia, nos últimos 60 anos o Uruguai só cresceu 1 milhão! Há quase 30 o país segue estável na casa dos 3 milhões de habitantes.
Rodada adiada pelo bem maior
De forma precisa, hoje são 3,5 milhões de uruguaios espalhados no país que faz fronteira com o Rio Grande do Sul. Enquanto isso, no mesmo período, o Brasil saltou de 157 mi para 207 mi. Essa característica contida do Uruguai sempre pareceu uma barreira para a renovação no esporte, sobretudo no futebol, a principal paixão lá. Ao mesmo tempo, sempre serviu para unir. Neste domingo, por exemplo, foi adiada a 2ª rodada do Campeonato Uruguaio de 2023, da categoria profissional, para que os “hinchas” pudessem ver a seleção.
Daí, o tamanho do feito obtido pela seleção júnior na 23ª edição do Mundial, que contou com 24 seleções, incluindo a anfitriã Argentina e o Brasil, atual campeão sul-americano. Os dois principais rivais detêm, juntos, onze títulos do torneio da Fifa. Quanto ao Uruguai, os vices em 1997 e 2013 já eram memoráveis justamente pela capacidade de renovação e superação.
O “novo recorde”
Agora isso vale numa escala ainda maior, com o título obtido com 6V, 0E e 1D. Dos doze países que já venceram a principal disputa de base, o Uruguai tem, com folga, a menor população. Quase a metade da Sérvia, que era até então a menor população a gerar um time campeão mundial. Indo até o Mundial Sub 17, ainda segue sendo o menor. No juvenil, o campeão de menor população é a Suíça, com 8,8 milhões. Como também não há nada parecido no futebol feminino, o Uruguai é mesmo um recordista por natureza.
Neste comparativo, vale até a curiosidade de que as três maiores regiões metropolitanas do Nordeste são bem maiores em termos demográficos, com Fortaleza, Recife e Salvador já na casa dos 4 milhões. Então, para tentar dimensionar o que aconteceu neste domingo, imagine uma dessas cidades compondo um time Sub 20 capaz de se classificar e, em seguida, vencer a Copa do Mundo. Não à toa, a mística uruguaia pesa e se renova a cada geração, ainda que demore a surgir. Hoje, a renovação veio como não se via há décadas…
Comparativo de população com as metrópoles do Nordeste
4.167.996 – Grande Fortaleza (7.440 km²)
4.047.088 – Grande Recife (2.770 km²)
3.984.479 – Grande Salvador (4.375 km²)
3.554.915 – Uruguai (176.215 km²)
* Dados atualizados até 2022
As populações dos 12 países campeões mundiais no Sub 20
1º) 207,75 milhões – Brasil (5 títulos: 1983, 1985, 1993, 2003 e 2011)
2º) 146,42 milhões – Rússia (1 título: 1977**)
3º) 84,27 milhões – Alemanha (1 título: 1981)
4º) 68,04 milhões – França (1 título: 2013)
5º) 56,55 milhões – Inglaterra (1 título: 2017)
6º) 48,19 milhões – Espanha (1 título: 1999)
7º) 46,04 milhões – Argentina (6 títulos: 1979, 1995, 1997, 2001, 2005 e 2007)
8º) 41,13 milhões – Ucrânia (1 título: 2019)
9º) 30,83 milhões – Gana (1 título: 2009)
10º) 10,42 milhões – Portugal (2 títulos: 1989 e 1991)
11º) 6,64 milhões – Sérvia (2 títulos: 1987* e 2015)
12º) 3,55 milhões – Uruguai (1 título: 2023)
* Como Iugoslávia; ** Como União Soviética
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— Selección Uruguaya (@Uruguay) June 11, 2023