A distribuição dos projetos de estádios a partir de 10 mil lugares na RMR. Mapa: Google Maps.
Hoje, a capital pernambucana conta com os decanos estádios particulares de Náutico, Santa Cruz e Sport, presos a estruturas limitadas, tendo ainda o apoio da Arena Pernambuco, um empreendimento moderno, mas localizado a 19 quilômetros do centro e sem transporte adequado para o público. Existem outros palcos menores na região metropolitana, mas que não atendem aos requisitos do trio de ferro. Este é o cenário real. Já no imaginário, o Grande Recife poderia ter, hoje, até oito estádios de bom porte, seja pela estrutura moderna ou mesmo pela grande capacidade de público. Seis deles, aliás, seriam no “Padrão Fifa”.
Essa visão considera os projetos criados a partir de 2000, com 3D, detalhes, custo, área etc. Todos eles chegaram a ser considerados na vera, seja pelos clubes, pelas prefeituras ou pelo governo do estado. Ainda que se lamente que alguns projetos não tenham saído do papel, também não há como achar razoável a execução de todos eles de uma vez. Como exemplo, a Arena Recife-Olinda e a Arena Pernambuco. Desenhadas para a Copa do Mundo de 2014, apenas uma sairia, claro. De toda forma, tomando como curiosidade, ainda mais na Data Magna de Pernambuco, vale dizer que seria plenamente possível a realização da Copa América apenas no Grande Recife, considerando a versão do torneio com dez seleções.
Recentemente, o Brasil recebeu a Copa América em 2019 e 2021, utilizando seis estádios e cinco estádios, respectivamente – a edição de 2021 não teve público devido à pandemia. Em 2015, o Chile usou nove palcos. Ou seja, daria. Abaixo, veja, em ordem cronológica, os detalhes dos oito projetos originais em PE. E olhe que esse levantamento na RMR nem conta as obras faraônicas da década de 1970, com os estádios de 140 mil lugares na Joana Bezerra, do Sport, e de 60 mil lugares na Macaxeira, do Náutico. Foram engavetados depois que o Arruda, do Santa, saiu do papel, com a inauguração do anel inferior em 1972.
Pernambuco foi um país?
Em 6 de março de 1817, eclodiu um movimento libertário no Recife. A revolução que deu aos brasileiros uma república de fato, um governo próprio, constituição, exército, marinha, polícia e embaixador no exterior, tudo pela primeira vez, como destacou a reportagem do Diario de Pernambuco sobre o bicentenário, em 2017. Durante 75 dias, Pernambuco foi, literalmente, um país. A Revolução Pernambucana foi controlada após a chegada de tropas do Rio de Janeiro e de Portugal, mas o sangue daqueles revolucionários sedimentou a base da independência nacional definitiva, cinco anos depois. No presente, virou a “Data Magna”.
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Estádio Unibol (Ademir Cunha)
Local: Paulista
Data: 2000
Capacidade: 16.000 pessoas
Custo: não divulgado
Projeto: Múcio Jucá
Situação atual:
Mais de duas décadas depois, o estádio municipal de Paulista segue sendo o maior na zona norte da região metropolitana. Porém, nesse tempo recebeu apenas reformas paliativas, com a pintura sendo o ponto mais destacado. Até hoje, nenhum setor de arquibancada é coberto.
Arena Recife-Olinda
Local: Salgadinho (Olinda)
Data: 29/05/2007
Capacidade: 45.500 pessoas
Custo: R$ 335 milhões
Projeto: PTZ Arquitetura (Múcio Jucá e Vera Freire)
Situação atual:
O custo de desapropriação da área, na casa de R$ 100 milhões, inviabilizou o primeiro projeto do estado para a Copa do Mundo de 2014. Para se ter ideia, chegaram a estudar um terreno do exército no Cabanga. Entretanto, esta arena foi deixada de lado após o lançamento da Arena Pernambuco, que foi inscrita no Mundial de 2014.
Arena Coral
Local: Arruda (Recife)
Data: 28/06/2007
Capacidade: 68.500 pessoas
Custo: R$ 190 milhões
Projeto: Silvio Andrade Lima e Reginaldo Esteves
Situação atual:
Assim como a arena olindense, a modernização da casa do Santa Cruz também surgiu no embalo da candidatura local para a Copa do Mundo. Apesar do custo menor, o governo alegou a “inviabilidade estrututal” para as reformas exigidas pela Fifa. Sem investimentos, não andou. O estádio teria sido o terceiro maior do Mundial, só abaixo do Maracanã (78 mil) e do Mané Garrincha (72 mil).
Grito da República
Local: Rio Doce (Olinda)
Data: 2007
Capacidade: 10.700 pessoas
Custo: R$ 10,4 milhões (obra não finalizada)
Projeto: PTZ Arquitetura (Múcio Jucá e Vera Freire)
Situação atual:
Inicialmente, o projeto almejava ser um centro de treinamento de seleções da Copa do Mundo de 2014, o “CTS”, numa ampla reforma da vila olímpica de Rio Doce. Além da Arena PE, este foi o único projeto a sair do papel. Só uma parte, é verdade. Inaugurado parcialmente em 2016, ainda segue sem cadeiras, refletores e cobertura. E até hoje tem restrição para jogos com público.
Arena Pernambuco
Local: Jardim Penedo (São Lourenço da Mata)
Data: 15/01/2009
Capacidade: 46.214 pessoas
Custo: R$ 532 milhões (toda a Cidade da Copa custaria R$ 1,59 bilhão)
Projeto: Fernandes Arquitetos Associados (Daniel Fernandes)
Situação atual:
O milionária estádio realmente saiu e foi utilizado na Copa das Confederações de 2013 e na Copa do Mundo de 2014. Depois, passou a acumular problemas. Incluindo o custo final da obra, que foi bem acima, na casa de R$ 740 milhões, com aumento de R$ 208 mi. O problema é que a arena era apenas uma parte de uma megaprojeto bilionário, a Cidade da Copa, um novo bairro que jamais saiu do papel. O terreno 270 hectares, ainda isolado na mata, deveria receber um núcleo urbano com até 40 mil moradores. Até hoje, tem apenas a arena, já sem consórcio, com problemas de mobilidade e poucos jogos.
Arena Timbu
Local: Jardim Uchôa (Recife)
Data: 18/11/2009
Capacidade: 30.000 pessoas
Custo: R$ 300 milhões
Projeto: Lusoarenas
Situação atual:
Idealizada num cenário econômico favorável, com projetos brotando pelo país, o Náutico firmou uma parceria com quatro empresas, incluindo a construtora Camargo Corrêa. O estádio ficaria na zona sul do Recife, numa área de 20 hectares, mas foi abortado após o contrato do Náutico com o consórcio da Arena Pernambuco, em 2011 – cujo contrato foi quebrado pelo consórcio em 2016.
Arena Sport
Local: Ilha do Retiro (Recife)
Data: 17/03/2011
Capacidade: 45.000 pessoas
Custo: R$ 400 milhões (depois, o complexo subiu para R$ 750 milhões)
Projeto: Pontual Arquitetos
Situação atual:
O projeto do Sport passou por uma situação semelhante ao projeto do rival alvirrubro. Como não assinou com o consórcio da Arena PE, o Sport ainda levou a ideia um pouco mais à frente. Apesar da demora, conseguiu receber o aval da Prefeitura do Recife para tocar a obra, após várias mudanças no entorno – na imagem, o projeto definitivo. O projeto parou de vez após a Engevix, que seria a investidora, encerrar o contato. Foi até melhor, pois a empresa acabaria investigada na Lava-Jato.
Arena Aflitos
Local: Aflitos (Recife)
Data: 12/12/2015
Capacidade: 32.640 pessoas
Custo: R$ 250/300 milhões
Projeto: Múcio Jucá e Renato Feitosa (Z Arquitetura)
Situação atual:
De todos os projetos, este talvez seja aquele com menos detalhes divulgados – em relação à imagem, apenas duas. A ideia surgiu como alternativa em caso de rompimento entre o o Náutico (já insatisfeito) e o consórcio da Arena PE. O que de fato aconteceu, mas como consequência da rescisão do governo do estado com o consórcio. Criador da arena nos Aflitos, o próprio Múcio acabou fazendo o projeto de reforma do Estádio dos Aflitos, em seu visual tradicional, com a reabertura em 16 de dezembro de 2018.