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O mosaico da torcida tricolor no último Fortaleza x Fla no Castelão. Foto: Fortaleza/Twitter.

A ideia de Rogério Ceni era concluir o trabalho no Fortaleza no Brasileirão de 2020. A garantia pessoal foi baseada na saída em 2019, quando foi para o Cruzeiro no meio do torneio. Porém, ficou em BH por apenas 46 dias. Neste curto período, com 8 jogos, a raposa não deslanchou e o leão empacou. Ambos com 2V, 2E e 4D.

Ou seja, foi ruim para os dois lados da antiga parceria. Por isso, o acerto para a volta foi rápido, com o Fortaleza voltando ao eixo e terminando a Série A em 9º lugar, a sua melhor performance em 50 anos. E Ceni retomou o prestígio ascendente entre os técnicos brasileiros – num momento em que vários estrangeiros começam a trabalhar nos principais clubes. Passado um ano, com o Fortaleza desempenhando outra vez um bom papel, surgiu um novo convite de um clube de peso. Porém, com uma diferença gigante no contexto.

Nas rodadas 19 e 20, o Flamengo foi goleado por São Paulo (4 x 1 no Maracanã) e Galo (4 x 0 no Mineirão) e a direção acabou demitindo Domènec Torrent (26 jogos; 15V, 5E e 6D). O espanhol chegou para substituir o português Jorge Jesus, mas não vinha conseguindo organizar a defesa do rubro-negro carioca, mas mesmo assim achei a saída surpreendente – afinal, o time segue disputando tudo. E no instante seguinte a esta notícia veio uma avalanche de informações com Rogério Ceni sendo o nome com a melhor avaliação nos grupos políticos do clube – reportagem de O Globo (RJ). Por mais que houvesse a palavra de Ceni, a nova saída tornou-se compreensível, na minha visão – na do torcedor do Fortaleza talvez seja mais difícil.

Ceni virou treinador no próprio clube onde se consagrou como goleiro, o São Paulo. Porém, acabou sendo demitido, o que frustrou essa carreira por um tempo. Até vir a oportunidade no Fortaleza, onde criou raízes, com mais de 150 jogos em três anos, fora os quatro títulos obtidos. Já estável, recebeu a proposta do Cruzeiro. Em 2019, no entanto, apesar do convite para retomar a um dos principais centros do nosso futebol, o clube mineiro era uma bomba chiando, com uma dívida milionária a curto prazo, com elenco rachado e muito mal no campeonato. Um cenário péssimo, que ele ignorou por enxergar uma capacidade própria para desarmar aquela bomba. Não foi o caso e ao menos serviu de aprendizado.

Agora em 2020 é o oposto. O Fla é o atual campeão brasileiro (e da Libertadores), é o clube mais rico do país, tem o melhor elenco do país e segue brigando por títulos – está na corrida pela Série A, Copa do Brasil e Libertadores. É um trem pagador que dificilmente passa duas vezes, ainda numa condição tão favorável. O dilema para o “sim” ao Flamengo existiu, mas a verdade é que o “não” era impossível – e o acerto foi noticiado ainda à noite, por O Povo (CE).

Caso não tivesse ocorrido o episódio em 2019, possivelmente a saída agora seria menos sentida pelos tricolores, que têm Ceni como ídolo. Afinal, mesmo sendo compreensível, Rogério Ceni deixa o Fortaleza pelo 2º ano seguido no meio do campeonato. O passo na sua carreira é enorme e não apagará (nem tem como) o que fez no tricolor cearense, que agora tende a buscar um novo técnico. E nem adianta esperar por um novo clico de “46 dias”…

Torcedor, o que você achou da saída de Rogério Ceni para o Flamengo? Dava para evitar?

Rogério Ceni no Fortaleza entre 2018 e 2020
153 jogos
81 vitórias (52,9%)
33 empates (21,5%)
39 derrotas (25,4%)
60,1% de aproveitamento

Campeão da Série B de 2018, da Copa do Nordeste de 2019 e o Cearense em 2019 e 2020.

Obs. Para a saída, o Fla teve que arcar com a multa rescisória de R$ 1 milhão junto ao leão.


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