A capa da edição de fevereiro de 2019 da Placar. Atenção ao destaque…
A revista Placar tem quase 50 anos de história. Lançada em 1970, foi xodó de muita gente que gosta de futebol e leitura. No meu caso, lá nos anos 90, eu lia todas as edições que chegavam na Banca Circular da Praça 12 de Março, em Olinda. Era referência absoluta.
Na adolescência, cheguei a ganhar uma assinatura de presente de aniversário – um dos presentes mais legais que já recebi. Infelizmente, porém, a revista foi caindo de periodicidade e circulação. De alcance macro a uma tiragem mensal de 15,7 mil exemplares, segundo o site da editora Abril. Nesta mesma curva, talvez a causa a principal, a queda na relevância jornalística – o que difere bastante do passado, no qual trato a revista com peso de documento, apesar de alguns erros (editoriais).
Feito o breve relato, vamos ao ponto. A capa da edição de nº 1.448, de fevereiro de 2019, é inteiramente voltada à carreira de Neymar, que chega a dez anos como profissional. Há tempos ele é o principal nome do futebol brasileiro, sendo o jogador mais caro do mundo (€ 222 milhões) e um dos mais talentosos, de fato. A pauta é bastante válida, ainda mais para alavancar as vendas, ambientando o cenário de idolatria no público mais jovem. Entretanto, o que tornou a capa polêmica desde o primeiro instante nas ruas foi a descrição da manchete:
“uma década em que assistimos ao maior jogador brasileiro pós-Pelé desfilar seu futebol talentoso, alegre, campeão… e polêmico, claro!”
Essa chamada não pode ser lida como acaso. É peso demais num esporte acompanhado por tanta gente. Perguntando de forma direta: Neymar é o maior jogador brasileiro pós-Pelé? Não, não é. Então, qual o sentido desta afirmação? De forma crítica, consegue ir além da polêmica? Não creio que a exposição midiática se sobreponha a toda a análise do jogo, dos resultados, dos feitos. Desconsiderando a geração de 70, com nomes com Tostão e Rivellino, seguimos para as décadas seguintes, com jogadores como Zico, Romário, Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho.
Exceção feita a Zico, com reconhecimento mundial nos anos 80, os demais foram eleitos pela Fifa como os melhores do mundo e também ganharam a Copa do Mundo – Kaká também conseguiu, apesar do brilho menor. Metas que Neymar ainda vislumbra. Tendo a concorrência de Messi e Cristiano Ronaldo, o craque do PSG encara a dificuldade de ser o maior em sua época (coisa que os demais brasileiros foram). Mesmo em seu clube vive esta “competição”, com Mbappé. Aos 27 anos, Neymar – já com 60 gols pela Canarinha – tem capacidade para superar isso, aproveitando a reta final do argentino e do português, tendo um ou dois Mundiais à frente. Ou seja, pode vir a ser o maior pós-Pelé. Pela carreira em 10 anos, não é. Caso tenha sido um exercício de futurologia, a Placar acertou. É uma edição de colecionador.
Torcedor, qual é a sua opinião sobre o assunto? Quem foi o maior brasileiro após o Rei?
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O acervo digitalizado da Placar, liberado, com a íntegra de revistas de 1970 a 2010