O presidente da CBF vinha tentando emplacar essa ideia há 3 anos. Foto: Lucas Figueiredo/CBF.
Através de uma videoconferência, os representantes dos 20 clubes do Campeonato Brasileiro de 2021 votaram as propostas de ajustes sobre o regulamento da 1ª divisão. Não sobre o sistema de disputa, que segue o mesmo, mas sobre normas paralelas. E uma delas soa bem radical. No caso, foi estabelecido um limite sobre o número de técnicos por equipe. Cada time só poderá fazer uma mudança. Ou seja, só poderá ter dois treinadores nesta edição. E a regra é a mesma para os técnicos, que podem trabalhar em no máximo duas equipes no torneio.
A decisão, informada primeiramente por Martín Fernandez, é uma bomba em relação ao futebol brasileiro, com dezenas de trocas a cada edição. São anos e anos com este perfil nada elogiável em relação à definição do comando técnico. Entretanto, a nova regra, decidida numa eleição apertadíssima, por 11 x 9, acaba interferindo em aspectos além da competição.
Mas já não havia um limite sobre o número de jogadores inscritos? Sim, e continua havendo. Podem ser inscritos até 50 atletas, com até 8 trocas. Portanto, o elenco pode ter 58 nomes diferentes, com amplas possibilidades de escalação. Em relação aos treinadores, a limitação a apenas 2 nomes pode criar alguns problemas – a proposta, lembrando, partiu de Rogério Caboclo, o mandatário da confederação brasileira. Em tese, agora o segundo técnico passa a ter uma cadeira cativa, seja lá qual for o nível do trabalho realizado. Assim como o próprio técnico poderá ser relegado num clube e ter a sua temporada de trabalho comprometida.
Há prós e contras sobre a regra, mas impedir a livre escolha do clube sobre a condução do seu departamento de futebol me parece mais contraproducente. O freio forçado na troca não é sinônimo de avanço organizacional, estimulando uma cultura de trabalho a longo prazo, mas apenas um freio forçado mesmo. De toda forma, foi o voto da maioria dos participantes e assim será na Série A de 2021. Contudo, mesmo aqueles clubes favoráveis terão que mudar o perfil, uma vez que não há exceção alguma entre os principais times do país em relação à longevidade no comando técnico na história recente. A conferir…
Qual é a sua opinião sobre o limite de técnicos? O que você achou da posição do seu clube?
Os 11 votos a favor da nova regra
América (MG), Atlético (MG), Bragantino (SP), Chapecoense (SC), Corinthians (SP), Fluminense (RJ), Internacional (RS), Palmeiras (SP), Santos (SP), São Paulo (SP) e Sport (PE).
Os 9 votos contra a nova regra
Athletico (PR), Atlético (GO), Bahia (BA), Ceará (CE), Cuiabá (MT), Flamengo (RJ), Fortaleza (CE), Grêmio (RS) e Juventude (RS).
Eis algumas possíveis situações, já contando a partir do 2º técnico no clube
1) Em caso de uma segunda demissão, o clube só poderá utilizar auxiliares e técnicos da base. E só aqueles com pelo menos 6 meses de registro. Creio que este cenário tenha enorme chance de acontecer algumas vezes neste ano, com ou sem imposição de manutenção dos profissionais.
2) E se o técnico, por exemplo, receber uma proposta irrecusável do exterior (ou mesmo de um concorrente do próprio campeonato), o clube na Série A ficará restrito à utilização de auxiliares? Não. Somente neste caso o clube poderia inscrever outro técnico profissional.
3) A negociação sobre a demissão do técnico tende a ganhar novos contornos. Uma vez que o clube poderá articular um “pedido de saída” do técnico, em vez de ser uma escolha do clube, para não perder a chance de inscrever outro treinador. No Brasil, parece até óbvio que acontecerá.
4) Em tese, o clube também pode contratar um técnico como “coordenador”, mas que na prática teria a função de comandar treinamentos, ficando à frente das escalações, mas com o interino seguindo na área técnica nos jogos. Ou seja, este apenas assinaria a súmula. Como vetar isso?
Os atuais treinadores do representantes do NE: Dado Cavalcanti no Bahia, Guto Ferreira no Ceará, Enderson Moreira no Fortaleza e Jair Ventura no Sport. Em tese, mais seguros. Dos quatro clubes da região, a direção do Sport foi a única a concordar com a nova regra.
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A tabela oficial da Série A de 2021, com 380 jogos de 29 de maio a 5 de dezembro