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Balanço financeiro do Santa Cruz em 2022

O gráfico com a evolução das receitas e das dívidas do tricolor do Recife nos últimos 6 anos.

Com R$ 12.235.407 de receita em 2022, o Santa Cruz registrou o seu pior dado nominal desde 2010, quando teve apenas R$ 6.121.120. Nesses dois anos, coincidência ou não, o time coral jogou na Série D sem nem chegar perto de disputar o acesso. Sobre o valor registrado há 13 anos, a correção através da calculadora do Banco Central daria R$ 12.739.317. Ou seja, o faturamento na última temporada foi realmente baixo, ainda mais para um clube com 1,64 milhão de torcedores, de acordo com a pesquisa CNN/Quaest de 2023.

Além do comparativo interno há outro cenário inacreditável, considerando o apurado pelo clube do Arruda entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2022. Pela 1ª vez, considerando todos os 13 demonstrativos contábeis à disposição para consulta, o Santa Cruz teve uma receita total inferior à da Federação Pernambucana de Futebol. Nos 12 anos anteriores, o clube sempre levou vantagem, variando entre R$ 3,8 milhões e R$ 28,3 milhões. Desta vez, a FPF teve R$ 14,5 milhões de receita operacional, com R$ 2,2 mi a mais o filiado tricolor.

E o Santa ainda deve à FPF…

A entidade, lembrando, arrecada basicamente através de percentuais sobre bilheterias, com 5% a cada jogo, e taxas administrativas para dezenas de ações como registros contratuais e rescisões de jogadores. Portanto, a federação conseguiu parte de sua receita através de riquezas geradas pelo próprio Santa, que em 2022 teve R$ 3,6 milhões em renda no Mundão, o seu maior dado neste segmento em quatro temporadas. Com um caixa tão enxuto, além dos problemas acumulados em anos de gestão pouco responsável, o Santa Cruz registrou outro déficit na casa de R$ 8 milhões, repetindo o balanço financeiro de 2021.

Ao todo, foi o 9º ano consecutivo terminando no “vermelho”, tendo mais despesas que receita. Em relação ao gasto, foram R$ 20,3 milhões entre despesas administrativas e com pessoal. Pelo documento, o gasto administrativo, incluindo operação e tributos, foi maior que com salários: 12,0 mi x 8, 3 mi. Enquanto isso, a FPF já soma 10 anos tendo superávit, com mais receitas que despesas. No fim das contas, a entidade acaba sendo uma fonte de “empréstimos” para o clube. Segundo o balanço, o Santa deve R$ 2.283.593.

Receita do Santa Cruz vs Receita da FPF

2010: R$ 6,1 mi vs R$ 2,3 mi (+3,8 mi)
2011: R$ 17,1 mi vs R$ 3,1 mi (+14,0 mi)
2012: R$ 13,1 mi vs R$ 4,8 mi (+8,3 mi)
2013: R$ 16,9 mi vs R$ 6,2 mi (+10,6 mi)
2014: R$ 16,5 mi vs R$ 6,0 mi (+10,5 mi)
2015: R$ 15,1 mi vs R$ 6,4 mi (+8,6 mi)
2016: R$ 36,8 mi vs R$ 8,5 mi (+28,3 mi)
2017: R$ 17,9 mi vs R$ 6,3 mi (+11,6 mi)
2018: R$ 12,4 mi vs R$ 5,1 mi (+7,3 mi)
2019: R$ 21,5 mi vs R$ 6,7 mi (+14,8 mi)
2020: R$ 13,7 mi vs R$ 6,8 mi (+6,8 mi)
2021: R$ 14,0 mi vs R$ 8,1 mi (+5,9 mi)
2022: R$ 12,2 mi vs R$ 14,5 mi (-2,2 mi)

Sobre o relatório divulgado pelo Santa em 30 de abril, dentro do prazo legal, ainda vale destacar mais um aumento do passivo. Não só em 2022 como em 2021 também, com os dados sendo “reapresentados”. No documento anterior, o passivo de 2021 era de R$ 222 mi. Refazendo as contas sobre todas as pendências, de curto prazo e longo prazo, o número subiu para R$ 286 milhões! Pois o dado atual foi além e já está em R$ 292 milhões, o maior da história do clube, que em 22 de setembro teve o pedido de Recuperação Judicial acatado.

Visando um plano de negociação coletiva através da “RJ”, a partir de descontos e novos parcelamentos, o Santa vem num longo processo de “reconhecimento de dívidas”. Por sinal, são R$ 219 milhões apenas em provisões para riscos judiciais, com casos com grande possibilidade de derrota. Não bastasse a enorme dívida, a capacidade de geração de recursos vem muito abaixo do potencial. Hoje, inferior até à entidade organizadora local…

A seguir, o histórico saldos anuais e dívidas do Santa Cruz nos últimos seis anos. Sobre o passivo, o enorme salto de 2016 para 2017 deve-se ao início do processo de reconhecimento de dívidas.

Resultado do exercício (superávit/déficit)

2017 (B): -32.795.861
2018 (C): -18.804.746
2019 (C): -2.573.353
2020 (C): -5.625.020
2021 (C): -8.795.057
2022 (D): -8.404.032*
* O saldo da subtração da receita líquida (12,2 mi) pelo custo operacional (20,3 mi) e pelas despesas financeiras (0,2 mi)

Evolução do passivo acumulado do Santa

2017 (B): R$ 155.530.004 (+148%; +92 mi)
2018 (C): R$ 219.753.942 (+41%; +64 mi)
2019 (C): R$ 219.003.662 (-0,3%; -0,7 mi)
2020 (C): R$ 218.750.009 (-0,1%; -0,2 mi)
2021 (C): R$ 286.643.451 (+31%; +67 mi)
2022 (D): R$ 292.629.314 (+2%; +6 mi)
* A soma das pendências de curto prazo (circulante) e longo prazo (não circulante)

Abaixo, um comparativo com quatro frentes importantes na composição da receita no futebol profissional, presentes nos últimos seis balanços do Santa – e as respectivas séries no BR.

Direitos de transmissão na TV

2017 (B): R$ 747 mil
2018 (C): R$ 3,67 milhões (+392%; +2 mi)
2019 (C): R$ 8,34 milhões (+127%; +4 mi)
2020 (C): R$ 4,30 milhões (-48%; -4 mi)
2021 (C): R$ 3,41 milhões (-20%; -0,8 mi)
2022 (D): R$ 1,27 milhão (-62%; -2 mi)

Quadro de sócios-torcedores

2017 (B): R$ 3,28 milhões
2018 (C): R$ 1,01 milhão (-69%; -2 mi)
2019 (C): R$ 1,69 milhão (+67,5%; +0,6 mi)
2020 (C): R$ 1,08 milhão (-36%; -0,6 mi)
2021 (C): R$ 2,60 milhões (+140%; +1 mi)
2022 (D): R$ 2,30 milhões (-11%; -0,3 mi)

Renda nos jogos

2017 (B): R$ 7,19 milhões
2018 (C): R$ 4,46 milhões (-37%; -2 mi)
2019 (C): R$ 2,35 milhões (-47%; -2 mi)
2020 (C): R$ 958 mil (-59%; -1 mi)
2021 (C): R$ 113 mil (-88%; 0,8 mi)
2022 (D): R$ 3,63 milhões (+3097%; +3,5 mi)

Patrocínio/Marketing

2017 (B): R$ 3,05 milhões
2018 (C): R$ 2,89 milhões (-5%; -0,1 mi)
2019 (C): R$ 6,56 milhões (+127%; -3 mi)
2020 (C): R$ 5,77 milhões (-12%; -0,7 mi)
2021 (C): R$ 2,14 milhões (-62%; -3 mi)
2022 (D): R$ 2,72 milhões (+27%; -0,5 mi)

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