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A planta do Recife em 1875. O bairro dos Aflitos era deserto. O Náutico chegou lá 43 anos depois.

A identidade do bairro dos Aflitos está intimamente ligada ao Clube Náutico Capibaribe, presente com clube social e estádio no local desde 1918. Não por acaso, o sinônimo de Estádio Eládio de Barros Carvalho é “Aflitos”, onde o timbu já atuou mais de 1,7 mil vezes.

Neste post, trago alguns dados construídos em décadas de futebol praticado na casa alvirrubra, incluindo projetos deixados de lado ao longo dos anos – além de imagens históricas. De um simples campo cercado por árvores à maior estrutura de concreto de um dos bairros mais nobres da capital.

Informações gerais dos Aflitos
Primeiro jogo: Sport 4 x 1 Paulista (08/04/1917)
Maior goleada: Náutico 21 x 3 Flamengo do Recife (01/07/1945)
Maior artilheiro: Bita, com 126 gols (todos pelo Náutico, na década de 1960)
Maior público: 31.613 pessoas, Náutico 1 x 0 Santa Cruz (16/08/1970)
Número de finais: 15 (todas pelo Pernambucano)

Abaixo, tópicos com detalhes históricos de períodos distintos da casa do Náutico.

1 - Aquisição dos Aflitos

Em 1917, a Liga Sportiva Pernambucana, atual FPF, arrendou um terreno no bairro dos Aflitos, junto ao empresário Frederico Lundgren, com o objetivo de construir um campo de futebol. Estrutura simples, com a cancha murada e cercada por árvores. A entidade pretendia utilizá-lo nos jogos oficiais do campeonato estadual – e as 29 partidas daquela edição foram disputadas por lá. A primeira partida ocorreu em 8 de abril, Sport 4 x 1 Paulista. Na final, um Clássico das Multidões, ainda sem esse apelido, com o Sport vencendo o Santa por 3 x 1. No ano seguinte à inauguração do campo, a Liga desistiu do terreno e o Náutico prontamente assumiu os custos do arrendamento. Pagou 250 mil réis por quatro anos. O alvirrubro passou a ser o dono definitivo em 1921, dando início às primeiras melhorias, incluindo a entrada da sede. A primeira arquibancada foi construída em 1939 e o sistema de iluminação foi instalado em 1941. A obra, com o “formato clássico” dos Aflitos, foi finalizada na década de 1950. Época em que estádio ganhou o seu nome oficial, precisamente em 1953, com a homenagem ao dirigente que seria presidente em 14 oportunidades.

2 - Expansão dos Aflitos

Em 28 de novembro de 1981, a direção alvirrubra apresentou o “plano de expansão” dos Aflitos. Pelo projeto, o estádio contaria com novas gerais, fosso, camarotes, cabines de imprensa e um novo lance de arquibancada onde funcionava o velho placar (o “balança mas não cai”). “Não faremos dos Aflitos o maior estádio, mas o mais aconchegante”, frisou o presidente Hélio Dias de Assis, numa comparação com o Arruda, que já estava em obras de ampliação. Lendo assim, até parecia algo pequeno, mas seria um dos maiores estádios particulares do país, com 50 mil lugares. Na reportagem do Diario de Pernambuco, o custo foi tratado da seguinte forma: “estimativa dentro da realidade do nosso futebol, ou seja, o Náutico está se preparando para o presente e futuro”. A obra não saiu, com o clube usando parte do recurso obtido no Bandepe para reformar o calçamento de todo o clube. Um novo projeto de ampliação surgiu em 1996, coordenado por Raphael Gazzaneo, com ampliação estimada para 34.050 pessoas – o estádio teria dois tobogãs. Saiu apenas o anel inferior remodelado, com a capacidade subindo para 22 mil pessoas sentadas. Após uma reforma finalizada em 2018, o dado caiu para 18.968 espectadores.

3 - Ideia de estádio na Guabiraba, em 1971

Hoje em dia, o terreno de 40 hectares na Guabiraba abriga o Centro de Treinamento Wilson Campos. Aquela área foi comprada em 20 de julho de 1971, por Cr$ 800 milhões. Para adquirir a propriedade, o clube sorteou 28 carros e 300 prêmios em dinheiro, arrecadando Cr$ 500 milhões (62,5% do total). A ideia, porém, não era fazer um CT, mas sim um moderno estádio, com traços inspirados no Olímpico de Munique, que receberia os Jogos Olímpicos no ano seguinte. O projeto foi apresentado em 1º de dezembro do mesmo ano, durante a gestão de Luiz Carneiro de Albuquerque. Com capacidade para 60 mil pessoas, o estádio timbu seria erguido pela Ribeiro Franco Engenharia nos moldes da antiga Fonte Nova, utilizando os morros como suporte da arquibancada, diminuindo o custo. Segundo Salomão, ex-coordenador do CT e ex-jogador nos anos 60, o lançamento visava mesmo era arrecadar fundos. “Conhecendo a estrutura do futebol, acho que o projeto foi para arrumar dinheiro para pagar dívidas. No final, foi melhor mesmo construir um CT”. A ideia era concluir a obra em 3 anos, mas o projeto foi deixado de lado.

4 - Ideia de arena no Engenho Uchôa, em 2009

A direção do Náutico anunciou a ideia de construir uma arena em 2007. Na época, dois projetos já tinham sido lançados, a Arena Coral e a Arena Recife-Olinda, alimentando a disputa pela sede local no Mundial de 2014. Em 18 de novembro de 2009, após refinar a ideia, o timbu apresentou o estádio ao então prefeito, João da Costa. Com capacidade para 30 mil pessoas, o projeto seguia os traços modernos dos novos estádios, já contendo um capítulo visando uma ampliação para 42 mil lugares. Localizado entre a BR-101 e a Avenida Recife, no Engenho Uchôa, o estádio custaria R$ 300 milhões, com uma operação articulada para durar 30 juntos ao consórcio envolvendo Camargo Corrêa, Conic Souza e Patrimonial Investimentos. O estádio, que não chegou a conseguir a autorização da prefeitura, foi deixado de lado quando o timbu começou a negociar o contrato para mandar seus jogos na Arena Pernambuco, o que acabou ocorrendo em 17 de outubro de 2011 – até o distrato cinco anos depois.

Agora, o passo a passo sobre as principais marcas do local, entre público e futebol.

Evolução da capacidade de público dos Aflitos*
1950 – 10.000
1953 – 25.000 (+15.000), conclusão da obra
1998 – 18.000 (-7.000**)
2002 – 22.856 (+4.856), anel remodelado
2019 – 18.968 (-3.888**), em vigor
* Após o primeiro módulo do setor de cadeiras e sociais
** Redução por medida de segurança, por orientação dos bombeiros

Os 10 maiores públicos nos Aflitos
1º) 31.613 – Náutico 1 x 0 Santa Cruz (16/08/1970, Estadual)
2º) 31.061 – Náutico 1 x 0 Sport (21/07/1968, Estadual*)
3º) 29.891 – Náutico 0 x 1 Grêmio (26/11/2005, Série B)
4º) 28.022 – Náutico 0 x 2 América-MG (04/12/1997, Série B)
5º) 22.177 – Náutico 0 x 1 Santa Cruz (05/07/2001, Estadual)
6º) 21.474 – Náutico 1 x 0 Sport (14/07/1968, Estadual*)
7º) 21.121 – Náutico 0 x 1 Sport (21/04/2001, Nordestão)
8º) 20.699 – Náutico 2 x 0 Ituano (18/11/2006, Série B)
9º) 20.506 – Náutico 1 x 0 Santa Cruz (11/12/1974, Estadual*)
10º) 20.100 – Náutico 1 x 0 Sport (02/12/2012, Série A)

A evolução do recorde de público dos Aflitos*
14.736 – Náutico 2 x 0 Sport (14/12/1966, Estadual)
16.988 – Náutico 5 x 1 Sport (21/12/1966, Estadual
21.474 – Náutico 1 x 0 Sport (14/07/1968, Estadual)
31.061 – Náutico 1 x 0 Sport (21/07/1968, Estadual)
31.613 – Náutico 1 x 0 Santa Cruz (16/08/1970, Estadual)
* A partir da ampliação na década de 1950 (vários borderôs não divulgados)

Náutico nos Aflitos (1917-2019*)
1.789 jogos
1.151 vitórias (64,3%)
340 empates (19,0%)
298 derrotas (16,6%)
* Competições oficiais e amistosos

Primeiro: Náutico 1 x 3 Casa Forte (29/04/1917, Estadual)
Último: Náutico 1 x 0 Treze (21/07/2019, Série C)

15 decisões do Campeonato Pernambucano
7 títulos – Náutico (1950, 51, 60, 63, 66, 68 e 74)
5 títulos – Sport (1917, 49, 53, 55 e 75)
3 títulos – Santa Cruz (1947, 59, 69)

A seguir, um álbum com a evolução dos Aflitos, desde o campo murado – imagens do Google Maps, do Diario de Pernambuco, via Biblioteca Nacional, do Fidem e do próprio Náutico. Para uma melhor visualização, caso esteja num celular, basta virar a tela na horizontal.

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