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Bahia, Ceará, Fortaleza, Sport e Vitória na Série A de 2025

Everton Ribeiro, Erick Pulga, Hércules, Lucas Lima e Wagner Leonardo fizeram diferença em 2024.

O Campeonato Brasileiro de 2025 será especial para o Nordeste. Pela primeira vez, a região será representada por cinco clubes na era dos pontos corridos. Este modelo foi implantado em 2003, então com 24 times. Desde 2006 são 20 equipes. Independentemente disso, o máximo na Série A havia sido a presença de quatro nordestinos, numa sequência de 2018 a 2021. Portanto, Bahia, Ceará, Fortaleza, Sport e Vitória vão competir juntos, com o NE tendo 25% da lista de participantes, cuja confirmação saiu em 1º de dezembro. É, também, o maior percentual da região no Brasileirão desde a criação do sistema de acesso e descenso, em 1988 – ano do título do Bahia, o último da região. A marca anterior era de 21,8%, em 1993.

Naquela ocasião, há 31 anos, a primeira divisão teve 32 clubes, sendo sete nordestinos. Com um regulamento complexo, apenas dois, Bahia e Sport, começaram nos grupos principais. É o tipo de nuance que torna a próxima edição ainda mais significativa. Em toda a história, o recorde segue em 1979, mas na edição mais inchada de todos os tempos, quando o critério político valia tanto quanto o esportivo. Foram 30 times da região entre os 94 competidores, ou 31,9%. Lema da época: “Onde a Arena vai mal, um time no Nacional”. A Arena era o partido que dava a base de sustentação à ditadura militar. Outros tempos.

O caminho para furar a barreira de 4 clubes

Presentes na primeira metade da classificação da Série A de 2024, Fortaleza e Bahia foram os primeiros a garantir presença em 2025. Depois vieram Sport e Ceará, que conseguiram o acesso na Série B em 24 de novembro. Por fim, o Vitória, que zerou qualquer risco de queda na elite na penúltima rodada e fechou o inédito quinteto. Desta vez ninguém bateu na trave no G4 da Série B ou caiu no finzinho da Série A. Em 23 edições nos pontos corridos, contabilizando de 2003 a 2025, são 64 participações do Nordeste na primeirona.

Enquanto o Baêa é o time mais presente, com 13 campanhas, o Fortaleza é o clube que detém o período mais duradouro. O Laion chegará a sete temporadas seguidas neste formato. O recorde coletivo acontecerá dez anos após uma edição marcada pela presença de apenas um time do NE. Em 2015, o Sport foi solitário. Ainda assim, com excesso de viagens longas, terminou em 6º lugar. Aquela foi a última vez que isso aconteceu. De lá pra cá, alguns fatores foram importantes para o fortalecimento deste “bloco”, que hoje representa as cinco maiores torcidas entre clubes da região, segundo pesquisa do Datafolha. Tem peso.

A importância da Copa do Nordeste e das arenas

Coincidência ou não, foi o período de maior crescimento da Copa do Nordeste, cuja receita com cotas subiu de R$ 5,6 milhões para R$ 48,9 milhões. Também foi a década marcada pela utilização regular das arenas da segunda Copa do Mundo no país, sobretudo a Fonte Nova (pelo Bahia) e o Castelão (por Ceará e Fortaleza). Não por caso, os três têm média de público acima de 28 mil. Seguindo no Barradão e na Ilha do Retiro, Vitória e Sport vêm num degrau abaixo neste ponto – embora possam atuar na Fonte Nova e na Arena PE. Isso impacta também nos quadros de sócios adimplentes, que vão de 26 mil (Sport) a 76 mil (Bahia).

Com algumas gestões mais responsáveis, esses clubes conseguiram ter períodos maiores de vitalidade financeira, ainda que numa década a crise faça parte também. No Bahia, essa realidade já está até além, moldada pela largada da milionária SAF com o Grupo City. Sport e Vitória estão mais abertos à ideia da SAF com capital externo em 2025. Embora já tenha sido convertido em SAF, o Fortaleza segue com amplo comando interno, dando exemplo. Mais recursos geraram times mais sólidos, tanto em salários quanto no tempo de contrato e também em estrutura. Os cinco investiram em seus centros de treinamento no período.

Bloco vai encarar período de maior competitividade

Ou seja, temos aqui uma mistura de engajamento, gestão e estrutura. Algo imprescindível para concorrer num Brasileirão cada vez mais puxado, com exigências estruturais maiores, nível de disputa elevadíssimo, com amplo domínio na América, e pressão durante sete ou oito meses de bola rolando. Matematicamente, o Nordeste já está garantido inclusive na Série A em 2026. Terá pelo menos um nome – nunca houve uma temporada sem ao menos um time da região. Desde já, fica a expectativa sobre o desempenho coletivo em 2025. Individualmente, o Fortaleza é o grande nome há algum tempo, tanto que ficou no G10 pelo quarto ano seguido, com direito a três classificações à Libertadores. E estará lá ano que vem.

Seja na Liberta ou na Sula, o Bahia também. Entendo que o desempenho na Série A não deva ser equiparado entre os cinco clubes, com “cada um jogando o seu campeonato”, seja para ir à Libertadores, para ir à Sul-Americana ou simplesmente para permanecer, o caso óbvio pra quem vem de um acesso. Todos partem do objetivo de “45 pontos”, com a evolução em seguida. O que dá pra dizer é que não haverá excesso de horas viajando, como de costume. Cada time do NE jogará 23 vezes no NE no Brasileirão 2025. Ou 60,5% do total de jogos de cada um. Na verdade, os clubes do Sudeste e do Sul, que somam os outros 15 participantes, terão que encarar uma rotina desgastante que os nordestinos conhecem há tempos.

Número de clubes do Nordeste por edição

5 clubes: 2025
4 clubes: 2018, 2019, 2020 e 2021
3 clubes: 2003, 2007, 2008, 2009, 2012, 2013, 2014, 2016, 2017 e 2024
2 clubes: 2006, 2010, 2011, 2022 e 2023
1 clube: 2004, 2005 e 2015
Nenhum: nunca aconteceu

Participações na Série A nos pontos corridos

1º) 13 vezes – Bahia (última em 2025)
2º) 12 vezes – Sport (2025) e Vitória (2025)
4º) 10 vezes – Fortaleza (2025)
5º) 8 vezes – Ceará (2025)
6º) 5 vezes – Náutico (2013)
7º) 2 vezes – Santa Cruz (2016)
8º) 1 vez – América de Natal (2007) e CSA (2019)

Três clubes na Liga Forte União e dois na Libra

Apesar da “união nordestina” na Série A de 2025, há algo no viés econômico que irá separar drasticamente o quinteto. A partir de 2025 começa a vigorar um novo contrato de transmissão da competição. Em vez da venda integrada ao Grupo Globo, o próximo Brasileirão terá dois blocos econômicos, cada um com seu contrato e seus parceiros, respeitando a “Lei do Mandante”. De um lado, a Liga Forte União (LFU). Do outro, a Libra.

A Libra conta com clubes como Flamengo, Palmeiras, Bahia e Vitória. Essa liga foi a primeira a fechar um pacote. Em 8 de março, o grupo acertou com Globo (tv aberta), SporTV (tv fechada) e Premiere (pay-per-view), com contratos válidos até 2029. Meses depois foi a vez da LFU, formada por times como Corinthians, Botafogo, Fortaleza, Ceará e Sport. O grupo negociou os seus direitos pelas próximas três edições com a Record (tv aberta), Prime Video (streaming) e YouTube (streaming), faltando ainda o PPV – com o Premiere sendo o favorito.

Em relação aos clássicos nordestinos, serão 20 jogos ao todo, sendo 12 da LFU e 8 da Libra. Para analisar o cenário dos 20 times ainda é preciso aguardar o fechamento do Z4 de 2024. Sobre valores da tevê, o único dado noticiado até o momento foi apurado pelo Diário do Nordeste, com cerca de R$ 80 milhões para o Ceará. Não deve ser tão diferente para Sport e Fortaleza. Lembrando que os três venderam parte dos seus direitos pelos próximos 50 anos. A cada ano, vão receber cerca de 90% da verba – o restante irá para o investidor estrangeiro. Bahia e Vitória, com contratos diferentes, receberão 100%.

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Fotos: Rafael Rodrigues/Bahia, Mateus Lotif/Fortaleza, Stephan Eilert/Ceará, Paulo Paiva/Sport e Victor Ferreira/Vitória


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