Reeleito, Bellintani mostra o celular com o comprovante eletrônico do voto. Foto: Bahia/Twitter.
Considerando o período de redemocratização do Bahia, com a implantação da eleição direta, há sete anos, o pleito de 2020 registrou alguns fatos significativos. Pra começar, Guilherme Bellintani teve 85% dos votos e tornou-se o 1º presidente executivo reeleito pelo sócio.
Com um novo triênio, agora de 2021 a 2023, chegará a seis no comando tricolor – comento sobre o trabalho mais abaixo. Ele venceu a primeira eleição com a possibilidade de voto online, cuja participação foi massiva, evitando aglomeração. Todos os sócios aptos, e foram 20 mil, receberam um e-mail com um login e uma senha provisória. Por causa da pandemia, o conselho deliberativo do clube já vinha realizado votações neste formato. Obviamente era preciso estruturá-lo, sobretudo por causa da escala. Em vez de 100 votos, poderiam ser computados até 20 mil.
Ao fim da apuração no sábado, que também contou com urnas tradicionais na Fonte Nova, foram 11,5 mil votos. Foi a primeira vez em que um clube do Nordeste realizou uma eleição com mais de 10 mil votos. Na verdade, no país, apenas Internacional e Grêmio têm esse costume. Até então, as eleições do NE ficavam no patamar de 4 mil, alcançado por Bahia (3x) e Sport (1x). Agora, os baianos chegaram perto de triplicar o recorde anterior, do próprio clube. Essa votação é o resultado do resgate do Baêa e da consolidação da sua base de sócios. Além disso, mesmo num cenário excepcional, a votação online, devidamente auditada, se mostrou uma alternativa viável para aumentar a participação da torcida. Clube de massa precisa disso.
Enquanto em Salvador o processo transcorreu de forma democrática, no Recife, os dirigentes (da situação) de Sport e Santa Cruz vão tentando adiar as eleições, com o pleito durante o Campeonato Brasileiro sendo um “problema”. Leia a análise completa deste cenário aqui.
Sócios habilitados a votar no Bahia
2013 – 10.444 (47,22% de participação; 4.932*)
2014 – 7.238 (56,59% de participação; 4.096*)
2017 – 7.224 (61,47% de participação; 4.441*)
2020 – 20.383 (56,85% de participação; 11.589*)
* Sobre os votos válidos
Análise sobre o novo triênio de Bellintani
Para o período de 2021 a 2023, o presidente reeleito deve seguir com a rígida política fiscal no clube, equalizando as dívidas. Neste primeiro momento, então, foco no déficit de R$ 25 milhões na pandemia. Para 2020, o orçamento tricolor foi de R$ 179 milhões, mas, na prática, a receita realizada será muito menor – em julho, uma equipe do Itaú projetou que o Bahia terminaria o ano com receita total de R$ 100,4 mi. Paralelamente a isso, o dirigente busca um salto em conquistas. O tricampeonato baiano, com dificuldade nas últimas duas edições, não deixaram o torcedor satisfeito, até porque foram dois vices na Copa do Nordeste no período. Na Série A, apesar do maior investimento na região, segue tendo dificuldades de alcançar o G10 na classificação final.
Por isso, Bellintani deve delegar responsabilidades a mais pessoas, segundo nota do jornal A Tarde – o trabalho vinha concentrado em Diego Cerri, cuja demissão seria o primeiro passo do candidato derrotado, Lúcio Reis (foram apenas duas chapas). Mudanças na gestão no futebol e na análise de desempenho, com uma reestruturação do setor. As ações afirmativas, ponto alto da gestão, vão seguir. Particularmente, vejo Bellintani como uma das principais lideranças do futebol da região, papel que o próprio parece assumir. O diálogo com outros presidentes deve continuar, focando num bloco forte, cuja liderança econômica (ainda não no futebol) está nas mãos do Bahia.
A seguir, em ordem cronológica, o histórico das quatro eleições diretas no Bahia, com pleitos executivos de 2 a 7 candidatos. A situação venceu em todas as ocasiões.
A 1ª eleição direta, em 07/09/2013 – 4.932 votos válidos*
1º) Fernando Schmidt (Diga Sim a um Novo Bahia) – 3.300 votos (66,90%)
2º) Antônio Tilemont (Integridade e Transparência) – 1.164 votos (23,60%)
3º) Rui Cordeiro (Virada Tricolor) – 468 votos (9,48%)
* Eleição para um mandato-tampão. Só na seguinte vale pelo triênio
A 2ª eleição direta, em 13/12/2014 – 4.096 votos válidos*
1º) Marcelo Sant’Ana (A Vez do Futebol) – 1.718 votos (41,94%)
2º) Antônio Tilemont (Integridade Tricolor) – 1.381 votos (33,71%)
3º) Olavo Filho (A Voz do Campeão) – 726 votos (17,72%)
4º) Marco Costa (Nova Ordem Trcolor) – 243 votos (5,93%)
5º) Flávio Alexandre (Bahia Campeão dos Campeões) – 14 votos (0,34%)
6º) Nelsival Menezes (Vida Nova) – 14 votos (0,34%)
* Ronei Carvalho (A Vez da Arquibancada) desistiu em 10/12
A 3ª eleição direta, em 09/12/2017 – 4.441 votos válidos
1º) Guilherme Bellintani (Bahia 3.1) – 3.617 votos (81,44%)
2º) Abílio Freire (Mais um, Bahêa) – 411 votos (9,25%)
3º) Fernando Carneiro (Voltar a Sorrir) – 391 votos (8,80%)
4º) Flávio Alexandre (Bahia Campeão dos Campeões) – 22 votos (0,49%)
A 4ª eleição direta, em 12/12/2020 – 11.589 votos válidos
1º) Guilherme Bellitani (Bahia Unido) – 9.941 votos (85,77%)
2º) Lúcio Rios (Mais Bahia) – 1.648 votos (14,22%)