O Estádio dos Aflitos na semana da reabertura, em dezembro de 2018. Foto de Léo Lemos.
O Náutico está fincado nos Aflitos desde 1918, quando arrendou o terreno por 250 mil réis, tornando-se proprietário em 1921. Com um século de história, se confundindo com o bairro, o timbu ergueu a sede e o estádio. A partir de agora, todo o clube em Rosa e Silva passa a ser Imóvel Especial de Preservação, em decisão do Conselho de Desenvolvimento Urbano do Recife.
O CDU é um órgão de lei orgânica da capital, criado em 1990 com o objetivo de funcionar como um instrumento de gestão participativa municipal. O mesmo órgão já havia dado o status de “IEP” à sede principal, há 22 anos. Agora, estendeu às demais áreas, incluindo estádio, quadras e piscina, totalizando 41 mil m² de área. Assim, além do reconhecimento histórico, o clube passa ter uma garantia maior em relação a demolições/reconstruções e mudanças na fachada.
No caso, em demolições por decisão do próprio Náutico, que entre entre 2013 e 2016 cogitou a construção de um shopping no lugar do estádio, ou de “futuros donos”. Registre-se: o patrimônio não está à venda e nem há esta pretensão, mas corriqueiramente a sede é posta em leilão por causa de dívidas, tanto na Justiça do Trabalho quanto na Justiça Federal. Em 2012, o valor mínimo era de R$ 60 milhões. Em 2019, chegou a R$ 100 milhões, com o clube conseguindo estipular um mínimo de R$ 200 milhões – valorização que também visava afastar interessados. Com a denominação, o local tende a sair do radar de ações do tipo. A conferir.
Valor do patrimônio do Náutico nos Aflitos (sede + estádio)
R$ 172.310.502, o dado do “imobilizado”, presente no balanço de 2018
R$ 200.000.000, o lance mínimo no último leilão na Justiça Federal (03/2019)
Portuguesa ainda tenta o mesmo em SP…
Coincidência ou não, a ação de reconhecimento com uma consequência do tipo não é inédita. Em setembro de 2016, o Canindé, o estádio da Portuguesa, entrou na pauta para virar patrimônio histórico de São Paulo. O pedido acabou negado, como um novo pedido surgindo em 2019 após o recolhimento de 5 mil assinaturas. O valor mínimo do leilão para a estrutura é de R$ 70 milhões.
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