A Arena Inamar, a casa do Água Santa em Diadema. Imagem: Google Maps/reprodução.
Após seis anos, um time de fora da capital volta à final do Campeonato Paulista, furando também a bolha do “G4”. Em 2023, a partir de uma campanha sólida, o Água Santa chegou à decisão contra o Palmeiras, o atual campeão brasileiro. O time de Diadema, na região metropolitana, teve 7V, 4E e 3D em 14 jogos, incluindo as classificações nos pênaltis diante de São Paulo (quartas) e Red Bull Bragantino (semifinal). O resultado surpreende porque o clube é bastante novo. Foi profissionalizado há apenas 12 anos, com acessos seguidos no futebol estadual, na 4ª divisão (2013), 3ª divisão (2014) e 2ª divisão (2015). Após oscilar, o clube disputa a elite pelo 2º ano seguido. Porém, há outro ponto curioso sobre a sua origem.
O Esporte Clube Água Santa foi fundado em 27 de outubro de 1981 “por migrantes nortistas, nordestinos e mineiros, que viam no clube a única possibilidade de lazer em Diadema”, conforme o texto sobre a história publicado no site oficial. Com 429 mil moradores, o município de Diadema, a 17 quilômetros de distância da capital, é o 14º mais populoso de São Paulo, que tem 645 cidades ao todo. Observando a composição demográfica, fica fácil entender a influência nordestina na criação do clube sensação do Paulistão.
Considerando o Censo do IBGE de 2010, o último com o detalhamento da população, Diadema tinha 386 mil habitantes, com 281 mil pessoas nascidas no Sudeste (72,9%) e 90 mil no Nordeste (23,4%). Fora de SP, os três estados com mais moradores eram a Bahia (31 mil), Minas Gerais (22 mil) e Pernambuco (20 mil). A migração acelerou par lá a partir de 1948, quando a Lei nº 233 criou o Distrito de Diadema, que viria a ser um dos principais polos industriais de São Paulo. Em 1959, foi emancipado de São Bernardo, no “ABC Paulista”.
O Água Santa só surgiu três décadas depois, com a base populacional da cidade já consolidada. O time passou 30 anos restrito ao futebol amador, com relativo sucesso nas redondezas. Hoje, o clube estima ter 50 mil torcedores. Boa parte dessa gente está ligada ao fluxo migratório que ajudou a construir o estado mais rico do país.
Clubes de fora da capital na final do Paulistão
7 vezes – Ponte Preta de Campinas (nenhum título)
2 vezes – Ituano de Itu (2 títulos), São Caetano de São Caetano do Sul (1), Guarani de Campinas (0) e Jabaquara de Santos (0)
1 vez – Bragantino de Bragança Paulista (1), Internacional de Limeira (1), Água Santa de Diadema (0), Audax de Osasco (0), Botafogo de Ribeirão Preto (0), Novorizontino de Novo Horizonte (0), Paulista de Jundiaí (0), Santo André de Santo André (0), São José de São José dos Campos (0), União São João de Araras (0) e XV de Novembro de Piracicaba (0)
* Excetuando o Santos, que é um dos quatro grandes, embora seja da Baixada Santista
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Abaixo, a festa após a classificação à decisão, em 20 de março. O jogo ocorreu na Vila Belmiro devido à capacidade do estádio de Diadema, que só pode receber 8 mil espectadores.
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