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Estádios Lacerdão e Cornélio de Barros

O Lacerdão é o maior patrimônio de um clube do interior do NE, enquanto o Cornélio é municipal.

Hoje, o futebol pernambucano conta com apenas uma Sociedade Anônima do Futebol (SAF), implantada no Flamengo de Arcoverde em junho de 2022. Na ocasião, a operação demandou um investimento de R$ 2 milhões. Há mais de um ano, o trio de ferro se mexe para tentar a conversão neste novo modelo de gestão. Porém, os grandes ainda estão num passo primário, tentando equacionar os seus passivos na Recuperação Judicial. Paralelamente a esta movimentação na Recife, que já teve até oferta de R$ 980 milhões pelo Náutico, outros dois clubes do interior estão avançando neste tema. No caso, Central e Salgueiro.

Até aí, nada demais, pois é a realidade no futebol brasileiro desde oficialização da Lei 14.193, com a primeira transformação de clube “associação” em SAF ocorrendo em Belo Horizonte. Endividado e na Série B, o Cruzeiro foi adquirido por Ronaldo Fenômeno em dezembro de 2021. Entretanto, chama a atenção que os dois casos pernambucanos espalhados na BR-232 estão sendo articulados diretamente pelo presidente da FPF, Evandro Carvalho.

Fala de Evandro Carvalho sobre SAFs no interior:
“Em 2022, a federação pagou todos os tributos (do Salgueiro), todos. A federação pagou todo o passivo tributário e legalizou o Salgueiro, porque estou buscando uma SAF para o Salgueiro. Está lá (na FPF), todos os comprovantes de INSS e imposto de renda. A federação pagou tudo. Eu tenho encaminhado uma SAF para o Salgueiro, como tenho também para o Central. E tem outra coisa, semana passada fizemos uma reunião com um investidor para a SAF do Central”.

O patrimônio milionário do Central

O dirigente fez a afirmação acima na entrevista ao canal de Léo Medrado, no YouTube, sem dar maiores detalhes sobre valores dos negócios ou mesmo a formatação da gestão – já que a lei permite a venda de até 90% das ações do novo “CNPJ”. Historicamente, Central e Salgueiro são as duas maiores forças do interior de PE. Centenário, o alvinegro disputa o Estadual pela 62ª vez, tendo uma folha de R$ 200 mil em 2024, a maior fora da capital.

A patativa é, de longe, o clube interiorano mais presente na elite local – sem contar que já esteve até na Série A, em 1979 e 1986. Além disso, representa Caruaru, a maior cidade do Agreste, com 378.048 habitantes, e tem um patrimônio físico avaliado em R$ 96,4 milhões. Isso inclui o estádio e o terreno no bairro de Maurício de Nassau, um dos mais valorizados da cidade. Considerando só o Lacerdão, o ativo é de R$ 88 milhões. Esse tipo de patrimônio, lembrando, não costuma ser incorporado à SAF, mas sim a operação dele. Em 2020, antes da lei sobre a SAF, a direção do Central tentou transformar o clube em “S/A”, mas não andou.

A localização estratégica do Salgueiro

Já o Salgueiro vive uma crise profunda, tanto que abdicou do Campeonato Pernambucano deste ano, sendo automaticamente rebaixado. Contudo, o carcará tem os maiores resultados do interior neste século, incluindo um acesso à Série B em 2010 e o título estadual de 2020, o único fora da capital. E está sediado num município estratégico no Sertão, a 513 km do Recife e ponto de parada da ferrovia Transnordestina, que vem sendo expandida.

Esse breve resumo mostra um pouco da capacidade de atração de investimentos, mas ainda falta bastante para realmente avançar sobre a SAF, creio. E aqui falo sobre a organização administrativa. Há bastante tempo esses clubes não publicam os seus balanços financeiros no site da FPF, que acolhe os demonstrativos dos times intermediários. O último balanço do Salgueiro foi em 2020, tendo como curiosidade o valor da dívida tributária até então, de R$ 234 mil. Já o último balanço do Central foi em 2017, com passivo de R$ 1,1 milhão.

O alto custo de conversão em SAF em PE

Viabilidade econômica à parte, será que a FPF está fazendo o mesmo por outros filiados no estado? Aliás, um papel tão direto assim deveria ser mesmo da federação? Em tempo: ainda que esteja ajudando na articulação, a FPF segue cobrando R$ 400 mil pela taxa de conversão em SAF. Essa taxa interna foi criada em dezembro 2022, sendo estipulada em R$ 120 mil. Pois bastou apenas um ano para sofrer um aumento de 233%! Atualmente, é a segunda taxa mais cara do país, só abaixo da Ferj, do Rio de Janeiro, que cobra até R$ 500 mil.

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