A última vitória do Ceará havia sido na decisão do campeonato estadual. Desde então, um jejum de 16 jogos, somando Série A (12) e Nordestão (4). No período, 101 dias, incluindo uma pausa para a Copa do Mundo na condição de lanterna. Na volta do futebol nacional, a primeira medida do clube foi mudar o mando de campo, do amplo Castelão para o caldeirão do PV. Um fato novo que poderia municiar um time pressionado, com carências técnicas e táticas. Era a grande aposta diante do Sport. Imerso numa crise administrativo-financeira, com dois meses de salários em aberto, o leão pernambucano tinha a seu favor a situação na tabela, com 19 pontos, surpreendente para o cenário montado nesta temporada. Encarar o último colocado, mesmo num clássico regional, parecia uma missão acessível. Não foi.
Em campo, o técnico Lisca, ex-Náutico, armou o alvinegro com três volantes e dois atacantes rápidos, buscando o contragolpe. Ou seja, ‘deixou’ a bola com o Sport, cujo estilo de jogo, sob o comando de Claudinei Oliveira, era justamente o de marcação e contragolpes. No 1T, o visitante chegou a ter 74% de posse, indo para o intervalo com 58%. Apesar disso, só finalizou uma vez de forma efetiva, com o volante Fellipe Bastos, da intermediária. Movimentação, busca por espaço, excesso de toques e nada de infiltrações, de objetividade. Caiu na própria armadilha.
No 2T, o vozão veio com uma mudança. O atacante Arthur Cabral entrou no lugar de Eder Luís, cujo papel de velocista não foi cumprido. E ele precisou de apenas oito minutos para balançar as redes – o 18º gol em 31 jogos, o que de certa forma torna inexplicável o seu nome no banco. No lance, a defesa leonina estava mal posicionada, com três alvinegros e um rubro-negro, o zagueiro estreante Max, que acabara de substituir o contundido Ernando. Estava cercado, mas errou feio o tempo da bola, com o adversário testando para o gol de Magrão.
Em vantagem, o Ceará voltou a abdicar da bola, com o Sport tendo apenas três chances até o fim da partida, aos 50 minutos: duas com Andrigo – bem defendidas pelo goleiro Everson – e uma com Rogério, que errou o chute, pra variar. Assim, Ceará 1 x 0, na primeira vitória do clube sobre o Sport em jogos pelo Brasileiro. Era mesmo dia de derrubar tabu…
Escalação do Sport (melhor: 1 Michel Bastos; piores: 1 Marlone, 2 Rafael Marques, 3 Léo Ortiz)
Magrão; Raul Prata, Léo Ortiz, Ernando (Max, 4/2T) e Sander; Fellipe Bastos, Gabriel e Marlone (Andrigo, 16/2T); Michel Bastos, Rafael Marques (Carlos Henrique, 29/2T) e Rogério
Histórico geral de Ceará x Sport (todos os mandos)
55 jogos
25 vitórias rubro-negras (45,4%)
16 empates (29,0%)
14 vitórias cearenses (25,4%)
Histórico de Ceará x Sport pela Série A (todos os mandos)
7 jogos
4 vitórias rubro-negras (57,1%)
2 empates (28,5%)
1 vitória cearense (14,2%)
A análise do Podcast 45 Minutos (Cassio Zirpoli, Celso Ishigami, Fred Figueiroa e Thiago Minhoca):