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Entre 1976 e 2001, El Diez marcou 345 gols em 695 partidas oficiais. E foi campeão mundial.

Maradona é eterno. E essa imagem não é de hoje. É por toda a vida de Diego Armando Maradona, o mais humano dos jogadores de futebol, craque com a bola no pé esquerdo e de peito aberto num mundo politizado e desigual. Entre erros e acertos, a personalidade de quem viveu como poucos o esporte mais apaixonante do mundo. Por sinal, tal paixão em parte se deve a ele mesmo, o maior de todos para os argentinos e de uma inevitável admiração para os brasileiros.

Rivalidade à parte, essa admiração jamais foi questionada. No futebol, especificamente, a vaia em uníssono a um jogador rival também pode transparecer um enaltecimento velado. Como em sua única passagem no Nordeste, em 1994, num amistoso entre Brasil e Argentina, no Arruda. Quando o craque subiu ao gramado, a vaia de 90 mil pessoas foi ouvida lá na Encruzilhada. Bastou entrar. Com uma lesão na coxa, ele nem jogou, mas eu o vi. Eu tinha 12 anos e estava no anel inferior do estádio do Santa Cruz, atrás da barra. O magnetismo sobre a presença de Maradona e sua camisa albiceleste já foi suficiente naquela noite.

Afinal, ali Maradona já era um robusto capítulo do futebol, cujas páginas foram escritas até 25 de novembro de 2020. A notícia de sua morte por parada cardiorrespiratória, aos 60 anos, foi dada pela imprensa portenha como a mais triste do país, gelando a alma de quem gosta tanto desse esporte – e parecia ser alguém próximo, tamanha a presença na vida esportiva.

Sobre o talento extraordinário de Maradona, há um jogo que simboliza toda a sua passagem. Em 1986, em seu auge, com Argentina x Inglaterra, pelas quartas de final da Copa do Mundo no México. Os hermanos avançaram com dois gols de Maradona. O primeiro deles de forma irregular, com a mão (“La mano de Dios”). Depois, em 11 segundos, driblou o English Team inteiro. Partindo antes do meio-campo, com coração, na raça, com genialidade. Tanto que o lance foi apontado como o “Gol do século XX” pela Fifa. Na minha opinião, é mesmo, de longe.

E o maior gol da história teve a maior narração da história. A locução espetacular no vídeo abaixo é de Víctor Hugo Morales, um jornalista uruguaio que mora na Argentina há 40 anos. No lance, nas ondas do rádio, um relato emocionado sobre o “Barrilete Cósmico”, que até hoje os hinchas repetem de cor – e que, mais do que nunca, será a essência de Maradona.

¿De qué planeta viniste para dejar en el camino a tanto inglés? Gracias!


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