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O conselho deliberativo do Náutico aprovou, em 27 de dezembro de 2018, uma proposta enviada pelo executivo para a criação de uma nova categoria de sócio, de cunho social – na minha visão, uma medida extremamente positiva e atual. A proposta, a última discutida no ano, visa oferecer a condição de associação a pessoas que integrem programas sociais do governo federal, como o Bolsa Família, e também para estudantes da rede pública de ensino. Com o aval do conselho, a direção irá desenvolver o projeto, que será lançado em 2019.

Ou seja, esta pauta será a 8ª categoria da campanha Nação Timbu. Hoje, o programa tem mensalidades de R$ 12,90 a R$ 149,90. Para residentes no Grande Recife, que efetivamente frequentam o estádio, o valor parte de R$ 29,90, aquém da realidade de muita gente – cujo amor pelo clube é o mesmo. Historicamente apontado como “clube de elite”, o Náutico ataca este histórico, bem dispensável, ao ser o primeiro grande do futebol pernambucano a estimular o cadastro de sócios na parcela mais pobre da população – e a capital do estado tem uma parcela enorme nesta faixa.

Em Belém, num cenário social semelhante, foi lançado há um mês o projeto “Paysandu, Alegria do Povo”, através da direção de responsabilidade social do papão. No caso, com a criação de um cadastro de 500 torcedores com renda abaixo de um salário mínimo (R$ 954). Essa parcela da torcida bicolor terá acesso gratuito aos jogos na Curuzu em 2019 – em 17 de dezembro, o projeto chegou a ser apresentado na CBF. E a ideia alvirrubra tende a seguir a linha. Por sinal, segundo a última pesquisa a destrinchar o perfil das torcidas no Recife, o Náutico teria 40 mil torcedores ganhando até um salário mínimo. Portanto, há demanda.

Fica a ideia para que Santa Cruz e Sport, clubes populares, também sigam este caminho.

Atualização (28/12): o Náutico anunciou oficialmente o plano “Sou Nação”, com 600 vagas, ao custo de R$ 11 mensais e acesso a todos os jogos nos Aflitos. A inscrição para pessoas de baixa renda começa em 5 de janeiro. Com um mês em vigor, a campanha Nação Timbu elevou o quadro social do Náutico, considerando os titulares adimplentes, de 2 mil para 8 mil sócios nas sete categorias.

Divisão de torcidas no Recife por renda familiar*

Náutico (9,7% da população; 156.215 torcedores)
25,7% – Até 1 salário mínimo (6% do total nesta faixa; 40.244 torcedores)
42,3% – De 1 a 2 salários mínimos (12%; 66.205)
31,8% – Acima de 2 salários mínimos (13%; 49.766)

Santa Cruz (30,3% da população; 488.785 torcedores)
41,1% – Até 1 salário mínimo (30%; 201.221)
36,1% – De 1 a 2 salários mínimos (32%; 176.547)
22,7% – Acima de 2 salários mínimos (29%; 111.017)

Sport (36,0% da população; 580.486 torcedores)
41,5% – Até 1 salário mínimo (36%; 241.466)
31,3% – De 1 a 2 salários mínimos (33%; 182.064)
27,0% – Acima de 2 salários mínimos (41%; 156.956)

* Via Plural Pesquisa, com dados divulgados em junho de 2015. Os percentuais consideram o público total de cada clube na cidade, a partir da população estimada de 1.608.488 habitantes


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