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Eram 67 votos possíveis na eleição para a presidente da CBF, sendo 27 das federações estaduais e 40 dos clubes presentes nas Séries A e B de 2018. Com o rebaixamento de Náutico e Santa Cruz à terceira divisão, o futebol pernambucano teve apenas dois votos desta vez, através de Evandro Carvalho (FPF) e Arnaldo Barros (Sport). Como fica claro pela foto distribuída pela assessoria da federação local, os dois dirigentes fecharam com o candidato Rogério Caboclo – que teve 64 votos computados na eleição no Rio de Janeiro, descontando apenas Atlético-PR (ausente), Flamengo (abstenção) e Corinthians (branco). Caboclo, de 45 anos e ex-diretor financeiro do São Paulo, comandará a CBF de abril de 2019 a abril de 2022.

Ele substituirá o quase irrelevante Antônio Carlos Nunes, o atual presidente da confederação. O decano dirigente, mais conhecido como ‘Coronel Nunes’, chegou ao poder após a suspensão de 90 dias aplicada em Marco Polo Del Nero através da Fifa – devido a uma investigação interna. Lembrando que em 2015 o FBI deflagou uma operação internacional que prendeu vários dirigentes de peso no futebol sob a acusação de corrupção, como o presidente da Conmebol e o então mandatário da CBF, José Maria Marin, ligado a Del Nero. E a quase unanimidade sobre Caboclo parte de uma grande articulação para a manutenção deste grupo – numa corrente política das federações estaduais, o que acabou inviabilizando uma chapa de oposição. Ou seja, os anos de queixas, de norte a sul, são deixados de lado na hora da urna, com o resultado de sempre.

A eleição ocorre na mesma semana da divulgação do balanço financeiro da FPF, com superávit pelo 5º ano seguido, à parte de filiados à míngua e de um Estadual esvaziado, e na sequência da desidratação política de Arnaldo Barros, isolado mais uma vez na Copa do Nordeste – por dois anos seguidos tentou, sem sucesso, um torneio paralelo – e com o balanço financeiro do clube, sobre 2017, apontando um aumento de R$ 58 milhões no passivo, num rombo ainda sem explicação.

Falando em finanças, segue abaixo o saldo dos últimos dez balanços divulgados pela CBF, com R$ 546 milhões de lucro em uma década. Se no último déficit, em 2006, o faturamento anual foi de R$ 99 milhões, a parti dali o aumento foi considerável, de 503%. Não surpreende o apego pela permanência no comando de uma entidade tão poderosa (financeiramente). Curiosamente, essa mesma entidade foi incapaz de bancar os custos com o ‘árbitro de vídeo’ no Brasileirão, cerca de R$ 18 milhões, onerando os clubes com a possível (e agora consumada) desvalorização de seu produto.

Dá pra entender tanto apoio?

Superávit da CBF
2007 – R$ 10 milhões
2008 – R$ 32 milhões
2009 – R$ 72 milhões
2010 – R$ 83 milhões
2011 – R$ 73 milhões
2012 – R$ 55 milhões
2013 – R$ 55 milhões
2014 – R$ 51 milhões
2015 – R$ 72 milhões
2016 – R$ 43 milhões

Receita operacional da CBF
2007 – R$ 114 milhões
2008 – R$ 152 milhões
2009 – R$ 233 milhões
2010 – R$ 271 milhões
2011 – R$ 313 milhões
2012 – R$ 360 milhões
2013 – R$ 436 milhões
2014 – R$ 519 milhões
2015 – R$ 518 milhões
2016 – R$ 597 milhões

Obs. A CBF é uma “pessoa jurídica de direito privado, de caráter desportivo, sem fins lucrativos, conforme os arts. 1º e 6º do seu Estatuto”. Há tempos, luta com todas as forças para manter tal status, sem uma regulação de fato.


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