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A evolução das receitas dos 27 clubes de maior faturamento do Brasil nos últimos 9 anos.

Uma equipe do Banco Itaú BBA produziu o estudo “Análise Econômico-Financeira dos Clubes do Futebol Brasileiro – 2019”, a nova versão do raio x atualizado há uma década. O relatório segue com 27 times, mas agora com cinco nordestinos presentes – sendo três na Série A desta temporada (Bahia, Ceará e Fortaleza) e dois na Série B (Sport e Vitória). Pelo segundo ano, Náutico e Santa Cruz ficaram de fora do estudo.

O faturamento absoluto em 2018, considerando os clubes observados, foi de R$ 5,16 bilhões, num aumento de 3,2% sobre o ano anterior. No montante, tópicos importantes como cotas de transmissão na tevê (2,15 bi), transações de atletas (1,04 bi), bilheteria e sócios (758 mi), publicidade e patrocínio (586 mi). Os números foram colhidos nos balanços oficiais dos clubes, divulgados em abril. Além de “traduzir” as cifras, uma vez que os documentos não seguem um padrão de informação, os especialistas deram o aval sobre a situação de cada um, projetando cenários em médio e longo prazo.

Na abertura do relatório de 340 páginas, com consultoria de Cesar Grafietti, há a seguinte ressalva: “Este é um trabalho feito pelos profissionais da Área de Crédito do Itaú BBA, baseado exclusivamente em informações públicas e sem que tivéssemos qualquer contato com os clubes para explorar eventuais dúvidas e aprofundar algumas questões”.

Confira a íntegra do relatório clicando aqui. Em breve, o documento presente no post.

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A análise do blog sobre o balanço do G7 do NE, com R$ 468 mi de receita e R$ 878 mi de passivo

A seguir, detalhes da análise do Itaú sobre os times do Nordeste. Entre aspas, as conclusões sobre as gestões financeiras dos times e alguns gráficos com destaques do levantamento.

Bahia (da página 120 a 127)
Receita bruta em 2018: R$ 136 milhões (R$ 66 mi no futebol, ou 48,5%)
Geração de caixa: R$ 28 milhões
Dívida total: R$ 135 milhões

“No caminho certo”

“O Bahia mostra que há um caminho para que os clubes regionais tenham força e sustentabilidade. Desenvolvendo o relacionamento com seu torcedor, explorando a marca do clube, trabalhando corretamente a venda de atletas e controlando custos e investimentos, priorizando o pagamento de dívidas. Este é um processo que se bem coordenado colocará não só o Bahia, mas os clubes que nele se espelharem, em boas condições no futuro. O que vemos no Bahia é uma gestão que trabalha na busca da eficiência, para fazer mais com os recursos disponíveis. Hoje o Bahia é um clube que se coloca na vanguarda do futebol brasileiro em termos de governança, transparência e qualidade na gestão dos recursos. Mas no futebol brasileiro precisamos sempre lembrar que sucesso passado não garante sucesso futuro. Para isso é preciso que a visão profissional se mantenha, independente de quem esteja no comando do clube.”

Ceará (da página 136 a 142)
Receita bruta em 2018: R$ 64 milhões (R$ 49 mi no futebol, ou 76,5%)
Geração de caixa: R$ 4 milhões
Dívida total: R$ 12 milhões

“No limite, mas sem sustos”

“O Ceará apresentou em 2018 um comportamento bastante similar ao que vem tendo nos últimos anos. O clube trabalha sempre dentro de seus limites, mas sem folgas. O fato de não carregar dívidas relevantes que pressionam o fluxo de caixa ajuda a manter esta estratégia. Tem conseguido ampliar receitas recorrentes, especialmente com torcedores, de forma a dar maior sustentabilidade ao clube no longo prazo. Investir em estrutura é um caminho correto e o clube precisa apenas evitar saltos de gastos que tragam risco exagerado. Há um limite na capacidade de competição em função das receitas. O que o Ceará deve buscar é a excelência técnico-esportiva, com equipes profissionais de apoio, e uso eficiente do dinheiro. O caminho parece bem solidificado.”

Fortaleza (da página 211 a 217)
Receita bruta em 2018: R$ 44 milhões (R$ 28 mi no futebol, ou 63,6%)
Geração de caixa: – R$ 3 milhões
Dívida total: R$ 26 milhões

“Trazendo a massa para jogo”

“O Fortaleza apresentou um desempenho bastante interessante em 2018. Chamou a torcida para o jogo, bancou um “all in” para voltar à Série A e deu tudo certo. O crescimento de receitas com Sócio Torcedor, Bilheteria e também com Patrocínios permitiu ao clube elevar seus gastos na formação de elenco e isso foi fundamental para esse momento. Dinheiro mais apoio nas arquibancadas, dupla incontestável de sucesso no futebol. E como as receitas que sustentaram o negócio são recorrentes, bastava uma gestão eficiente e na linha certa que permitiria que mesmo sem o sucesso esportivo, mas desde que com investimentos na direção e da forma correta, o torcedor continuaria a bancar a aposta. Agora ainda mais, atuando na Séria A. O clube precisa aproveitar o acesso à Série A, onde terá mais dinheiro, e organizar a estrutura para evitar os déficits, gerar um momento que garanta a sustentabilidade das receitas recorrentes. Conhecer suas possibilidades e trabalhar dentro delas, aproveitando momentos de bonança, é fundamental para sucesso de longo prazo. Ainda há trabalho a ser feito, mas o que vemos tem potencial.”

Sport (da página 285 a 291)
Receita bruta em 2018: R$ 105 milhões (R$ 70 mi no futebol, ou 66,6%)
Geração de caixa: R$ 17 milhões
Dívida total: R$ 145 milhões

“Sem análise”

“Infelizmente é bastante difícil fechar a análise do Sport. O balanço deixa de apresentar informações importantes relativas a Custos e Despesas e as conciliações de fluxo de caixa apresentadas são insuficientes para garantir uma análise correta. O que se pode dizer é que o clube perdeu o direito a vários alongamentos por inadimplência, o que não condiz com a redução apresentada de dívida bancária nem com o volume de investimentos apresentado. De fato, faltam elementos para entender a real situação do Sport.”

Vitória (da página 301 a 307)
Receita bruta em 2018: R$ 88 milhões (R$ 49 mi no futebol, ou 55,6%)
Geração de caixa: R$ 6 milhões
Dívida total: R$ 62 milhões

“Sem tração”

“O Vitória perdeu força em 2018. As receitas estabilizaram, e com isso investimentos e custos precisaram ser reduzidos, tirando força e capacidade de competitividade do clube. Para financiar a atividade se utilizaram de Salários e Encargos, que cresceram, aumentando dívidas operacionais. Em 2018 foi um clube sem vida. As finanças mostram um clube estacionado num mundo em que é preciso estar atento e pronto a encontrar alternativas e rotas de fuga.”


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