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“Pernambuco, na sua vida desportiva, nunca assistiu a um espetáculo tão grandioso, tão imponente, tão brilhante, que enchesse o coração de todos os seus filhos em especial contentamento, que passasse as raias do delírio, como o fortíssimo embate de hontem”

Assim, com esta grafia, o Jornal Pequeno iniciou o texto sobre a vitória do Santa Cruz diante do Botafogo, por 3 x 2, na tarde de 30 de janeiro de 1919. Há um século, em um futebol completamente amador, no qual os pernambucanos ainda disputavam as primeiras edições do campeonato estadual – ou “campeonato citadino”, uma vez que contava apenas com equipes da capital.

A emoção do texto pode ser bem contextualizada pelo fato histórico, escrito naquele momento. O Rio de Janeiro era o principal centro do “football” no país, sendo a base da Seleção e já contando com um estádio para 20 mil pessoas, as Laranjeiras. Aqui, o maior palco recebia 2 mil pessoas sentadas, numa estrutura de madeira e ferro. No caso, o Campo da Avenida Malaquias, local do amistoso – curiosamente, a arquibancada foi comprada pelo Sport junto ao Fluminense após a inauguração das Laranjeiras. No gramado, o Botafogo já era um dos principais times da então capital da república, com três títulos cariocas (1907, 1910 e 1912). Para completar, nunca um clube do centro-sul do país havia sido derrotado por um nordestino. Motivo suficiente para encher a Malaquias em busca do ineditismo, num jogo na base do 2-3-5!

O tricolor, com apenas 5 anos de história, venceu um jogo duríssimo. Infelizmente, não há registros audiovisuais sobre a partida. Porém, o Jornal Pequeno e o Diario de Pernambuco fizeram scouts arcaicos, que reproduzo abaixo. Ao fim da peleja, às 6h13, a festa coral tomou conta, ofuscando a passagem do aviador Santos Dumont no Recife. A história era outra…

Os gols da partida (Santa x Botafogo)
38/1T – 0 x 1 (Petiot)
03/2T – 1 x 1 (Miranda)
25/2T – 2 x 1 (Tiano)
28/2T – 2 x 2 (Petiot)
45/2T – 3 x 2 (Pitota)

O scout da partida (Santa x Botafogo)
Gols – 3 x 2
Bolas defendidas – 10 x 7
Faltas – 6 x 3
Escanteios – 5 x 3
Impedimentos – 1 x 2
Pênaltis a favor – 0 x 1 (Monti chutou na trave, aos 27/2T)

Escalação do Santa Cruz
Ilo Just; Jorge e Bebé; Zé de Castro, Theophilo e Pedro; Nequinho, Miranda, Tiano, Pitota e Eurico

Escalação do Botafogo
Abreu; Monti e Osny; Burlamaqui, Vadinho e Police; Celso, Petiot, Santinho, Candiota e Neco

O resultado expressivo mereceu um troféu especial para Santa Cruz, hoje guardado no museu do clube, no Arruda. Abaixo, as manchetes de dois jornais extintos no Recife…

“A honra sportiva de Pernambuco está salva”, Jornal do Recife

“A brilhantíssima victoria do glorioso Santa Cruz”, Jornal Pequeno


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