Lucas Figueiredo/CBF
Em 1990 e 1991, a CBF promoveu uma disputa oficial entre os campeões do Campeonato Brasileiro da 1ª divisão e da Copa do Brasil, então recém-criada. A ideia de reunir os campeões nacionais da temporada anterior foi balizada pela supercopas em vigor nos países europeus, com o nome seguindo a linha na ocasião: Supercopa do Brasil.
Realizada de forma mambembe, a disputa acabou descontinuada, com uma especulação de reedição em 2015, que acabou não confirmada. Dois anos depois, a confederação brasileira de fato recriou a Supercopa do Brasil, mas no Sub 20, com os campeões do Brasileiro a da Copa do Brasil na categoria. Como objetivo, a indicação do representante do país à versão júnior da Taça Libertadores da América, caso da decisão entre Palmeiras e São Paulo em 2018. Paralelamente a isso, a versão profissional segue ignorada no calendário do futebol (alega-se falta de datas). Nesta, por exemplo, esses dois clubes paulistas teriam disputado 7 e 4 edições, respectivamente.
Como curiosidade, listo abaixo os 29 duelos (27 desde 1992) que poderiam ter acontecido ao longo dos anos na Supercopa do Brasil, na categoria principal, seguindo o critério das principais supercopas. Ao todo, 19 clubes, com direito a três confrontos “repetidos”.
Antes da lista, vamos a algumas observações…
1) Nas versões oficiais realizadas, o Grêmio foi o primeiro vencedor, ao superar o Vasco na edição de 1990, com 2 x 0 e 0 x 0, ambos os jogos válidos pela Libertadores – os clubes não encontraram datas exclusivas. O tricolor gaúcho reclama do fato de não ter nem recebido o troféu! Em 1991, a supercopa funcionou de fato como abertura de temporada. Ocorreu em apenas um jogo, em 27 de janeiro, no Morumbi. O Corinthians venceu o Flamengo por 1 x 0 .
2) Em relação à Supercopa do Brasil Sub 20, a primeira edição, em 2017, reuniu Cruzeiro (Brasileiro) e Atlético-MG (Copa do Brasil), com triunfo celeste nos pênaltis após dois empates.
3) Considerando os cinco principais países europeus no futebol, as supercopas nacionais seguem todas com jogos únicos (incluindo a Espanha, que adotou a prática em 2018). Porém, não há consenso nos anos em que um clube fatura a liga e a copa. Como o título não é automático, na Alemanha, França e Inglaterra o vice da liga acaba beneficiado com a vaga. Já na Espanha e Itália, entra o vice da copa. Por isso, coloquei asteriscos nos dois anos em que isso aconteceu no Brasil.
4) Embora o Torneio Roberto Gomes Pedrosa e a Taça Brasil tenham sido equiparados oficialmente ao Campeonato Brasileiro, em 2010, considerei a relação “campeonato/taça”, a mesma da época paralela dessas competições, em 1967 e 1968, para simular os duelos de supercopa.
5) Ao reeditar a Copa Argentina em 2012, a AFA (a CBF dos hermanos) criou também a Supercopa Argentina, realizada em jogo único e em campo neutro, sempre num estádio diferente do país.
6) Em novembro de 2017, comentei uma tuitada do perfil oficial da CBF para a imprensa sobre a supercopa de juniores, sugerindo a volta da versão principal – que poderia ser em jogo único, no início do ano, com revezamento nas arenas do país. O perfil da CBF respondeu o seguinte: “sugestão em análise”. Não saiu disso.
As edições descartadas da “Supercopa do Brasil” (Brasileirão x Copa do Brasil)
1968 – Palmeiras x Internacional* ou Palmeiras x Náutico*
1969 – Santos x Botafogo
1992 – São Paulo x Criciúma
1993 – Flamengo x Internacional
1994 – Palmeiras x Cruzeiro
1995 – Palmeiras x Grêmio
1996 – Botafogo x Corinthians
1997 – Grêmio x Cruzeiro
1998 – Vasco x Grêmio
1999 – Corinthians x Palmeiras
2000 – Corinthians x Juventude
2001 – Vasco x Cruzeiro
2002 – Atlético-PR x Grêmio
2003 – Santos x Corinthians
2004 – Cruzeiro x Santos** ou Cruzeiro x Flamengo**
2005 – Santos x Santo André
2006 – Corinthians x Paulista
2007 – São Paulo x Flamengo
2008 – São Paulo x Fluminense
2009 – São Paulo x Sport
2010 – Flamengo x Corinthians
2011 – Fluminense x Santos
2012 – Corinthians x Vasco
2013 – Fluminense x Palmeiras
2014 – Cruzeiro x Flamengo (2x)
2015 – Cruzeiro x Atlético-MG
2016 – Corinthians x Palmeiras (2x)
2017 – Palmeiras x Grêmio (2x)
2018 – Corinthians x Cruzeiro
* Em 1967, Inter foi vice no Robertão e o Náutico foi vice na Taça Brasil. Palmeiras ganhou ambos
** Em 2003, o Santos foi vice na Série A e o Fla foi vice na Copa do Brasil. Cruzeiro ganhou ambos
O nº de aparições descartadas na “Supercopa do Brasil”
9 – Corinthians
7 – Cruzeiro e Palmeiras
5 – Flamengo*, Grêmio e Santos*
4 – São Paulo
3 – Fluminense e Vasco
2 – Botafogo e Internacional*
1 – Atlético-MG, Atlético-PR, Criciúma, Juventude, Náutico*, Paulista, Santo André e Sport
* Esses clubes teriam uma presença como vice, a ser confirmada de acordo com o critério escolhido
O surgimento das supercopas nacionais (e os maiores vencedores até 2018)*
1908 – Inglaterra, “FA Community Shield” (Manchester United, 18)
1955 – França, “Trophée des Champions” (Lyon e PSG, 8)
1982 – Espanha, “Supercopa de España” (Barcelona, 13)
1987 – Alemanha, “DFL-Supercup” (Bayern de Munique, 7)
1988 – Itália, “Supercoppa Italiana” (Juventus e Milan, 7)
* Só na Itália a disputa ocorreu em todos os anos desde a primeira edição