O novo balanço do Centro só tem 2 páginas. Feito em 10/03 e publicado no site da FPF em 16/05.
Após a intervenção administrativa em 2013, o Centro Limoeirense passou a publicar de forma regular o seu balanço financeiro, sendo um caso raro no interior de PE. Porém, passou a chamar a atenção de outra forma. A cada relatório contábil o clube mantém uma precisão incrível entre receitas e despesas. Já são nove anos seguidos, todos desde a intervenção, tendo receitas e despesas idênticas, até nos centavos, deixando o saldo sempre zerado.
De 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2022, o clube de Limoeiro apurou R$ 180.120,00 e gastou R$ 180.120,00. Esse tema já virou tradição no blog, até porque o Centro Limoeirense é o 3º mais antigo de Pernambuco, só abaixo de Náutico e Sport. Em tese, um clube de futebol que não opera como “SAF” não precisa dar lucro, mas, sim, resultados de forma responsável. Neste ponto, em tese, o dragão vem bem. Porém, a ressalva fica pelos documentos bem protocolares. E isso se estende a outros clubes do interior, com o perfil contábil simplório.
O apoio vital de “terceiros”
Sobre as receitas do Centro, o clube costuma contar com patrocínios (R$ 76 mil em 2022, ou 42% do total), aluguéis na sede (R$ 28 mil), sócios (R$ 18 mil, tendo aumento de R$ 3 mil) e bilheteria (zerada desta vez pela falta de laudos no estádio). A soma disso deu R$ 122 mil. E aí vem o fator recorrente para se equipar às despesas, com a “contribuição de terceiros”, presente nos últimos cinco balanços. Foram R$ 25 mil em 2018, R$ 35 mil em 2019, R$ 45 mil em 2020, R$ 50 mil em 2021 e R$ 58 mil em 2022, sempre no limite para fechar o caixa.
Receita recorde mesmo sem ingressos
Mesmo sem contar com público pagante no Estádio José Vareda, o Centro registrou a sua maior receita desde a intervenção, sendo a 4ª vez seguida acima de R$ 100 mil. Apesar disso, ficou abaixo de alguns concorrentes na última edição da Segundona, como Vera Cruz (R$ 449 mil), Porto (R$ 403 mil) e Ypiranga (R$ 223 mil). O Central, que foi o campeão, não divulgou.
Em campo, o Centro ficou em 14º lugar entre os 25 participantes na A2. Com 2V, 2E e 5D, passou longe do acesso, tendo calendário oficial por apenas 56 dias, entre 11/09 e 06/11. Contando a preparação, foram só três meses. Sobre as despesas, eis as frentes: R$ 66 mil com salários, R$ 39 mil com a regularização dos atletas, R$ 12 mil com alimentação e R$ 62 mil com despesas gerais. Perceba que as taxas da FPF consumiram 21% da receita. Dureza.
Receita total do Centro Limoeirense
2014 – R$ 45.675
2015 – R$ 37.271 (-8 mil; -18%)
2016 – R$ 44.439 (+7 mil; +19%)
2017 – R$ 48.080 (+3 mil; +8%)
2018 – R$ 91.528 (+43 mil; +90%)
2019 – R$ 108.024 (+16 mil; +18%)
2020 – R$ 105.224 (-2 mil; -2%)
2021 – R$ 152.020 (+46 mil; +44%)
2022 – R$ 180.120 (+28 mil; +18%)
* Em todos os anos a despesa teve o mesmo valor
Os recursos próprios do clube
2014 – R$ 675
2015 – R$ 18.271 (+17 mil; +2.606%)
2016 – R$ 25.439 (+7 mil; +39%)
2017 – R$ 24.080 (-1 mil; -5%)
2018 – R$ 38.383 (+14 mil; +59%)
2019 – R$ 34.224 (-4 mil; -10%)
2020 – R$ 22.200 (-12 mil; -35%)
2021 – R$ 36.000 (+13 mil; +62%)
2022 – R$ 46.000 (+10 mil; +27%)
* Somando aluguéis, sócios e bilheteria
Balanços do Centro Limoeirense: 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020, 2021 e 2022.
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