Rivalidade à parte, os clubes já se reuniram algumas vezes. Em 6 jogos, 2 vitórias e 4 derrotas.
Imagine a cena. A diretoria do seu clube acerta um amistoso com o maior rival. Não para enfrentá-lo, mas para formar uma improvável aliança contra um outro adversário. Um combinado especial durante noventa minutos, com times e torcedores misturados.
Hoje seria impossível. Num passado já distante, por muitas vezes amador, as agremiações chegaram se unir para a realização de amistosos na capital, sobretudo contra equipes de nível técnico superior. Acredite, isso já foi realidade para alvirrubros, rubro-negros e tricolores. No imenso arquivo do historiador Carlos Celso Cordeiro, com mais de 20 mil jogos, seis partidas tiveram nomes bem curiosos. Eis as nomenclaturas oficiais: Náutico-Sport (4x), Sport-Santa (1x) e Santa Cruz-Náutico (1x).
A seguir, confira algumas curiosidades dos jogos, em ordem cronológica, de 1911 a 1961.
13/08/1911 – Náutico-Sport 0 x 1 Western Telegraph (British Club)
Na primeira atuação em conjunto da história local, nos primórdios do futebol pernambucano, houve um curioso acordo – embora justo. Em vez de um uniforme distinto, como era o padrão, o combinado jogou cada tempo com o uniforme de um clube. Na primeira etapa, “encarnado e branco”. Na segunda, “encarnado e preto”.
13/11/1932 – Náutico-Sport 7 x 2 Torre (Campo da Avenida Malaquias)
Ainda em outros tempos no futebol. Basta ver a nota do jornal sobre o jogo, que com o anúncio dos atletas alvirrubros convocados para a partida: “São convidados os amadores abaixo, que devem se achar no campo do clube às 15 horas: Aloizio Vieira, Rafael de Góis, Osvaldo Salas, José Carvalheira, Fernando Carvalheira, Estácio Maranhão e Arthur Carvalheira”.
08/12/1932 – Náutico-Sport 2 x 3 Bahia (Campo da Jaqueira)
Fundado em 1931, o Bahia fez duas excursões ao Recife já no ano seguinte. Conseguiu 4V e 1D em fevereiro/março e 3V e 2D em dezembro. Na segunda passagem, venceu o combinado. Nessas duas séries, o tricolor de Salvador também venceu a Seleção de Pernambuco.
09/07/1950 – Sport-Santa Cruz 2 x 5 Iugoslávia (Ilha do Retiro)
O jogo aconteceu na semana seguinte à eliminação da seleção iugoslava na Copa do Mundo no Brasil, na derrota para a Seleção Brasileira por 2 x 0, no Maracanã – num jogo em que teve o empate teria favorecido os europeus. O amistoso foi organizado pela Federação Pernambucana de Desportos, a atual FPF, que pagou 80 mil cruzeiros à federação estrangeira. A bilheteria bancou o investimento, com um apurado de 124.850 cruzeiros. Sobre o jogo, o Diario destacou: “Os visitantes apresentaram um futebol de primeira que satisfez ao grande público recifense”. Ah, o jogo na Ilha ocorreu simultaneamente a Brasil 7 x 1 Suécia. A direção leonina colocou alto-falantes ao redor do estádio para que o público também acompanhasse o jogo pelo quadrangular final do Mundial.
24/03/1959 – Náutico-Sport 2 x 0 América-RJ (Ilha do Retiro)
No triunfo sobre o Mequinha do Rio de Janeiro, os dois técnicos, Ricardo Diez (do Náutico, que chegar um dia antes ao clube) e Dante Bianchi (do Sport) , sentaram juntos no banco de reservas. Não se tem registro se houve discussão no comando da equipe. Vale destacar que, a princípio, o combinado não deveria ter feito parte da excursão do América, mas em “condições ou circunstâncias excepcionais”, segundo o relato dos jornais, o combinado acabou sendo formado 72 horas antes do jogo.
08/01/1961 – Santa Cruz-Náutico 1 x 4 Dínamo de Bucareste (Aflitos)
O último combinado local entrou em campo nos Aflitos na era do “Balança mas não cai”, lotado. O time formado por tricolores e alvirrubros foi goleado pela base do time que conquistaria o campeonato romeno da temporada 1961/1962. No dia seguinte, o Diario de Pernambuco assinalou: “Dínamo demonstrou que não veio fazer turismo”.
O Combinado do Clássico das Multidões. O DP sobre o jogo contra os iugoslavos, em 1950.
O Combinado do Clássico dos Clássicos. O DP sobre o jogo contra o Mequinha do Rio, em 1959.
O Cominado do Clássico das Emoções . O DP sobre o jogo contra o Dínamo da Romênia, em 1961.