“Por razões comerciais, existe uma cláusula de confidencialidade. Conselheiros e sócios terão acesso. Agora, o que eu posso adiantar é que está sendo o maior contrato feito pelo Sport até hoje, que supera, e muito, os anteriores.”
Assim, em 22 de janeiro de 2018, o então presidente do Sport, Arnaldo Barros, definiu o acordo entre o clube e a fornecedora de material esportivo Under Armour. Embora a empresa norte-americana já tivesse rusgas no mercado brasileiro, com a saída do São Paulo e a recorrente queixa por parte do Fluminense, o leão optou pela troca – saindo da Adidas, presente durante quatro temporada, período no qual o Sport chegou a ficar em 5º lugar no país em relação à venda de uniformes oficiais, segundo o ranking anual da rede de e-commerce Netshoes.
Havia um impacto na declaração, com um rendimento maior para o clube, justificando a mudança. Porém, seis meses depois, em 20 de julho, quando os uniformes I (rubro-negro) e II (branco) foram apresentados, o dirigente deu pistas que não seria bem assim.
“A relação entre os clubes e as fornecedores mudou nos últimos anos. Antes, se estabelecia um valor anual a ser pago por conta da exploração da marca e fornecimento (venda), além do enxoval. Se estabelecia um parâmetro de enxoval (para o clube) com tantas peças e isso era fornecido. Essa formação de contratação, ao longo do tempo, saiu se desgastando. As empresas saíram dos clubes porque os clubes passaram a ver nisso uma forma significativa de receita financeira. Elas saíram ou migraram para outros esportes e atletas e os clubes (de futebol) tiveram que se moldar à nova realidade. A realidade que nos levou à parceria com a Under Armour estabeleceu uma determinada quantia de luvas, mas a remuneração para o Sport é uma parceria.”
Então, fora as luvas, nada de aportes anuais fixos. Valeria o montante de produtos vendidos. Chegou-se a cogitar R$ 12 milhões/ano. Na prática, um dado irreal, até porque a primeira coleção, batizada de “Indomável”, acabou sendo abaixo do esperado, com direito a um terceiro padrão beirando a rejeição. O que só agravou a relação, sem retorno efetivo – para ambos os lados. Ainda assim, surpreendeu a notícia sobre a saída da marca. Na reportagem de Elton de Castro, do site globoesporte, o atual mandatário leonino, Milton Bivar, confirmou a negociação de distrato por parte da UA, através da Vulcabrás Azaleia, a nova representante da empresa no país – apenas oito meses após o lançamento das camisas, num acordo previsto para 5 anos, até julho de 2023. Os padrões devem seguir até dezembro.
Algumas observações do blog
1) Levando em conta o “termo de confidencialidade”, tão citado pelo ex-presidente, fica difícil comentar sobre a situação do Sport nesta rescisão. Até mesmos se será vantajosa para o clube.
2) Em relação ao design, a Under Armour não deverá deixar saudades. Não se trata de uma visão geral sobre a empresa, enorme, mas sobre o trabalho feito no leão – embora a culpa disso também seja, claro, do clube, que aprovou o material.
3) O reposicionamento do Sport no mercado, com o clube na Série B, tende a ser mais complicado. Para pagar menos, a futura marca deverá citar este caso da Under. Para o Sport, então, visando receber mais, valerá citar o caso da Adidas. Faz parte do jogo.
4) A possibilidade de marca própria, citada no GE, é algo que parecia longe do clube neste momento. Lembrando que o modelo preza pela plena administração do negócio, no custo, na criação, produção, distribuição e venda de uniformes. Na Série A, entre os times do Nordeste, temos Fortaleza (Leão 1918), CSA (Azulão) e Bahia (Esquadrão). O que você deste formato?
As fabricantes de uniformes do Sport
1977/1980 – Malharia Terres
1981/1982 – Adidas (Alemanha)
1983/1987 – Le Coq Sportif (França)
1988 – Everest
1988 – MR Artigos Esportivos
1988/1990 – Topper
1991/1994 – Finta
1995/1998 – Rhumell
1999/2007 – Topper
2008/2013 – Lotto (Itália)
2014/2018 – Adidas (Alemanha)
2018/2019 – Under Armour (EUA)
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