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Os presidentes Evandro Carvalho (FPF) e Josiel Crispim (Santa Fé) na filiação do caçula, em 22/02.

Nos últimos cinco anos o futebol pernambucano viu o surgimento três clubes profissionais, que conseguiram cumprir o protocolo de filiação na FPF, incluindo o pagamento de uma taxa pesada, a maior do “cartório” da federação. Os dois primeiros, Retrô (em 2018) e Caruaru City (em 2021), já alcançaram a primeira divisão local. O novo caçula é o Santa Fé Futebol Clube, filiado em 2022. E este trio têm algo em comum no modelo de gestão, com o formato de clube-empresa, com donos. No caso, Laércio Guerra no Retrô, Evandro Marinho no City e Josiel Crispim no novo Santa.

O nome oficial do novo integrante, que tem as cores laranja e preta, é “Santa Fé Futebol Clube LTDA”. Isso mesmo, com a sigla de “sociedade limitada” no complemento. O CNPJ da empresa foi aberto em 15 de setembro de 2021, com capital social inicial de R$ 50 mil. A sede oficial fica na Rua Jose Maria, no bairro recifense da Encruzilhada, próximo ao outro Santa da cidade. Por sinal, o estádio do Arruda fica apenas a 1,5 km. Embora seja um clube do Recife, o mando de campo no primeiro ano de atividade profissional será em Olinda, há anos sem clube.

Com o apoio da Prefeitura de Olinda, o Santa realizará os seus jogos pela Série A2 no Grito da República, um palco de 10 mil lugares, mas com algumas obras estruturais pendentes desde 2016. Por isso, a prefeitura ainda busca a homologação para o uso neste ano, a partir de um investimento de R$ 300 mil no estádio, já liberado via emenda parlamentar. O projeto visa a melhora na evacuação do público e no acesso da ambulância, além da requalificação das cabines de imprensa e da iluminação, necessários para os laudos da PM e dos Bombeiros.

Elenco a partir de projetos sociais

Pelo projeto apresentado pelo Santa Fé, a montagem do elenco deve ser feita exclusivamente com atletas oriundos de projetos sociais, incluindo um convênio com o Tribunal de Justiça de Pernambuco, escolinhas e movimentos comunitários. O time terá jogadores de 16 a 24 anos, com avaliação técnica prevista em março – a segundona local será no segundo semestre.

Paralelamente ao perfil social, a ideia obviamente é revelar jogadores, como Retrô e City, basicamente a única forma de recuperar o investimento feito. Sendo assim, a largada de fato será através de quatro “peneiras”, sendo dois no Recife, um em Olinda e um em Igarassu, sob a coordenação de Palhinha, o primeiro técnico na história do Santa Fé. O clube prevê a pré-seleção de 60 jogadores, com a segunda etapa definindo os 26 nomes do time na A2 de 2022.

Quanto custou a filiação do Santa?

Segundo o documento mais recente emitido pela direção da federação pernambucana, o ato 05/2021, a “taxa de filiação de clube profissional” é de R$ 826.875. Este valor é impagável para a realidade local, e na prática não vem sendo aplicado. Tanto Retrô quanto City obtiveram a filiação pagando menos da metade do valor oficial da taxa, cuja flexibilização veio do interesse da própria FPF em ampliar o quadro de clubes profissionais. Curiosamente, este documento foi expedido em 21 de setembro de 2021, apenas seis dias após a criação do Santa Fé.

Os últimos clubes profissionais filiados à FPF (e as taxas de filiação)
2018 – Retrô (R$ 395 mil); Camaragibe
2021 – Caruaru City (R$ 375 mil), Caruaru
2022 – Santa Fé (não divulgado); Recife

O cristianismo na essência do novo clube

O escudo do Santa Fé traz o mascote (uma águia) e conta também com a cruz e um versículo da Bíblia, “Isaías 40:31”. Eis o trecho desta passagem bíblica: “Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças, subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; caminharão e não se fatigarão”. De fato, segundo o site oficial do clube, o Santa Fé é movido pela fé cristã, com os demais elementos do distintivo remetendo ao cristianismo.

É raro ver uma ligação tão direta com a religião. Tanto que o Santa Fé é apenas o terceiro no Nordeste nesta linha. Na região, os outros dois clubes evangélicos que surgiram nos últimos anos são o Visão Celeste (RN), em 2010, e o Canaã (BA), em 2018. Por sinal, ambos já disputaram a Copa São Paulo de Juniores, tendo, também, a formação de atletas como meta.

Abaixo, a reunião que definiu os ajustes no estádio olindense, em 6 de janeiro de 2022. Na ocasião, a obra visava a presença no Íbis na Série A1. Agora, deve ser mesmo para a Série A2.


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